MAGO Supremo - Capítulo 2395
Capítulo 2395: Ondulações em Mogar (Parte 1)
“Estamos realmente no subsolo? Porque algo não se encaixa. Este lugar é incrível e- Santos deuses!” Só quando olhou pela janela mais próxima, Tista percebeu que a luz não vinha do sol, mas de alguns cristais amarelos pendurados no teto da caverna.
Fortalezaluz fora construída tanto no chão quanto no teto de uma enorme formação natural abaixo da superfície de Mogar. A maioria dos mortos-vivos podiam andar nas paredes como insetos ou voar graças às suas habilidades de linhagem, então não tinham problemas para se mover do nível mais baixo ao mais alto da cidade.
O teto fora pintado de azul e branco para se parecer com um céu nublado, enquanto o chão era rico em jardins e parques, tornando-o indistinguível de uma moradia na superfície. Pessoas de todas as raças e idades caminhavam pelas ruas e apenas algumas delas eram mortos-vivos.
“Sim, estamos.” Vladion riu. “Minhas pedras solares produzem calor e luz de maneira semelhante ao sol, mas não representam perigo para os mortos-vivos. Elas são uma das minhas conquistas mais valiosas, ficando em segundo lugar apenas para meu filho.”
“Quem são essas pessoas?” Tista apontou para a pequena fila de mortos-vivos parados em frente ao portão principal da mansão dos Primogênitos.
“Uma das razões para você estar aqui. Deixarei Nyka explicar para você.” Kalla os levou a uma sala de estar com decorações douradas pintadas cobrindo suas paredes brancas.
No meio do cômodo havia uma longa mesa oval cercada por cadeiras acolchoadas de cerejeira. Algumas pessoas estavam sentadas ali, Baba Yaga em sua forma de Donzela, Ilthin e Nyka entre elas.
Um único candelabro encantado com magia da luz iluminava o lugar graças às paredes prístinas espalhando a luz uniformemente como espelhos.
“É tão bom te ver, Solus.” A Donzela disse enquanto caminhava em sua direção.
Baba Yaga era a núcleo branco ainda viva de Mogar, mas naquela forma, parecia ter apenas dezesseis anos. Sua voz prateada transbordava alegria e inocência, enquanto seu corpo esguio se movia com a energia ansiosa da juventude.
“Estive preocupada com você todas as vezes que foi para o campo de batalha. Estou feliz por você ter saído inteira.” Os olhos azul-claros da Donzela avaliavam Solus, verificando o estado de sua força vital e núcleo de mana.
“Também é bom te ver, Malyshka.” Solus abraçou sua amiga, apoiando a cabeça no ombro da Donzela. “Não teríamos conseguido sem a sua ajuda. Obrigada por enviar Amanhecer e Crepúsculo para nos ajudar.”
Entre a pequena diferença de altura e seus cabelos longos e quase idênticos, elas pareciam irmãs.
“Não estais, quero dizer, não está esquecendo alguém?” Um homem loiro com uma barba bem aparada disse enquanto levantava seus olhos verdes do livro que estava lendo. “Os Cavaleiros não estavam sozinhos. Nós, Primogênitos, também fizemos nossa parte.”
Ele tinha um sotaque espesso que pertencia a um tempo diferente, quando a língua universal de Tyris era falada pelos nobres de maneira diferente dos plebeus. Naquela época, servia para representar a divisão social e educacional entre eles.
No entanto, nos dias de hoje, apenas soava pretensioso.
“Eu te conheço?” Solus estava confusa.
Além de Vladion, havia dois homens e uma mulher na sala, mas ela não conseguia reconhecer nenhum deles. Uma vez que um Primogênito assumia a forma humana, seu corpo voltava à vida e sua assinatura energética mudava também.
“Sério? Quão difícil é reconhecer um Cavaleiro em meio a desordeiros?” Ele apontou para sua armadura branca e brilhante e depois para seus irmãos.
A mulher tinha a pele bronze avermelhada como Solus nunca tinha visto antes e usava roupas estrangeiras. Já o outro homem, tinha cabelos avermelhados e um olhar anônimo. Se não fosse por suas roupas refinadas, Solus o teria confundido com um membro da equipe da casa.
“Tudo bem! Já que ninguém se preocupa em nos apresentar como deveria ser feito, farei eu mesmo.” O homem resmungou, transformando todo o seu corpo em uma névoa alaranjada. “Sou Sir Essian Lormon, Primogênito Assassino de Magos. À sua disposição.”
A armadura fez uma reverência perfeita, digna da Corte Real.
“Não o toque enquanto ele estiver assim, ou ele te sugará até secar.” A mulher tinha olhos castanhos claros e cabelos tão pretos que pareciam quase azuis. “Sou Ahote, Primogênita Wendigo. Prazer em conhecê-la.”
“Você é uma Wendigo?” Solus apertou a mão que lhe era oferecida, quase se recusando a acreditar em seus olhos.
Essa espécie específica de mortos-vivos era composta por monstros canibais cobertos de pelos brancos espessos e com bocas cheias de presas do tamanho de uma faca curta. Não só Ahote era graciosa, mas também seu toque era quente, sem nenhum vestígio do frio aura típico dos Wendigos.
“Não por escolha.” Ela suspirou. “Meu povo está acostumado ao clima quente, então quando um inverno longo e rigoroso nos prendeu dentro de nossas casas, não tínhamos muita escolha. Para não morrer de fome, tivemos que fazer uma escolha terrível e quando as outras tribos descobriram o que havíamos feito, eles nos mataram como animais raivosos.
“Sou a única sobrevivente e só porque a Mãe Vermelha me encontrou a tempo.”
“E quanto a ele?” Solus apontou para Lormont, ansiosa para mudar de assunto.
“A história dele é quase tão trágica quanto a minha ou a de Ilthin.” A voz de Ahote estava cheia de sarcasmo e os outros Primogênitos riram. “Ele já foi um nobre Cavaleiro. Seu ego era tão grande que se achava capaz de enfrentar qualquer um com sua espada, incluindo magos.”
“E?” Tista inclinou a cabeça enquanto a névoa alaranjada ficava vermelha beterraba.
“E ele estava errado. Fim.” A Wendigo deu de ombros.
“Só isso?” Solus disse descrente.
“Sim.” Baba Yaga concordou. “Por que você acha que as únicas coisas que restaram para ele são o coração e a espada? Porque são as únicas coisas que um verdadeiro cavaleiro precisa.”
Ela disse com uma voz pomposa, fazendo seus filhos rirem mais.
“O que faz de você o Primogênito Carniçal, correto?” Tista perguntou.
“De fato. Meu nome é Bogdan. Prazer em conhecê-las.” Ele ofereceu a mão às meninas e elas apertaram-na.
“Qual é a sua história?” Solus perguntou.
“Nada demais.” Ele deu de ombros enquanto uma luz fria passava por trás de seus olhos. “Eu era médico e passava meus dias dissecando cadáveres tentando entender o que os matou e como salvar aqueles que sofrem das mesmas aflições.
“Infelizmente, idiotas supersticiosos me tomaram como um Necromante que espalhava pragas e me enterraram vivo. Eu passei fome e sede por dias até que a Mãe me encontrou, mas já era tarde demais.”
“Depois de transformá-lo, eu o avisei que sua primeira refeição também seria a única fonte de alimento que ele teria.” Baba Yaga suspirou. “Infelizmente, em sua raiva, Bogdan decidiu acertar as contas e saciar sua fome, matando dois coelhos com uma cajadada só.”
“O que você… ah!” Tista disse.
“Justiça poética, se você me perguntar.” O Carniçal rosnou.
“Por que nos chamou aqui, Nyka?” Solus perguntou, ainda sem entender o motivo do pedido de sua amiga.
“Porque eu queria dar às pessoas um último presente antes da Baba Yaga levar meus prismas embora.” A jovem Vampira respondeu.
“Prismas? Como plural?”
“Sim.” Vladion abriu os primeiros botões de sua camisa, mostrando o cristal em forma de gema em seu peito.