MAGO Supremo - Capítulo 2377

Capítulo 2377: Luvas de Criança (Parte 1)

“Repita isso.” Salaark apareceu do nada, cortando Crank. “Diga isso de novo na minha cara se você tiver coragem.”

“Eu-”

“Você se atreve a ameaçar meu sangue sob meu teto?” Uma violenta aura branca envolveu as crianças, protegendo-as da intenção de matar do Hyperion e sufocando a própria aura.

“Tecnicamente, isto é o reino e a casa pertence a Lith.” Crank conseguiu dizer com um gemido.

“Você idiota. Eu sou o Deserto de Sangue. Onde quer que eu vá, aquela é a capital do meu domínio!” Então, Salaark se virou para Aran e Leria com o sorriso mais doce. “Entrem, crianças, e avisem as outras que ninguém precisa sair até eu terminar.”

“Sim, Vovó.” As crianças fungaram, abraçaram sua perna em busca de conforto e alongaram a sentença de Crank.

“Agora você pode começar a rezar.” Assim que Aran e Leria fecharam a porta, o Soberano esticou as mãos e o pescoço, fazendo-os estalar.

“Você está me dizendo que eu posso conversar pra sair dessa?” Crank tentou Dobrar, mas o espaço estava selado. Ele tentou se mover, mas seu corpo estava congelado de terror.

“Eu disse rezando, não implorando. Sempre existe a chance de que um deus realmente exista e venha em seu socorro.” repôs Salaark. “Vamos descobrir juntos.”

***

A casa de Lith, algumas horas depois, pouco antes do jantar.

“Você não fez nada de errado.” disse Lith para animar Aran e Leria. “Claro, você poderia ter sido mais claro, mas olhe para o Abominus e o Ônix.”

As duas bestas finalmente conseguiram conjurar pequenos hologramas com formas elementares. Eles durariam apenas alguns segundos antes de perder a coesão, mas já era um começo.

“Crank é malvado.” Leria fez beicinho. “Você não pode chutá-lo para fora?”

“Não. Nosso acordo permanece.” Lith balançou a cabeça. “Além disso, a vida é cheia de pessoas más. Vocês têm que aprender a lidar com elas.”

“Elas têm sete anos, pelo amor dos deuses!” exclamou Rena. “Elas apenas devem brincar e se divertir.”

“Em cinco anos, elas podem entrar para uma academia.” retrucou Lith. “Não podemos seguí-los lá. Eles precisam se impor.”

O coração de Elina e Rena apertou com aquelas palavras. Para elas, era ontem que as crianças tinham nascido e as duas mulheres sentiam como se seus bebês fossem embora no dia seguinte.

“Venha para a mamãe, Leria.” Rena queria que a filha fosse feliz, mas também que nunca crescesse.

Elina estava abraçando Aran enquanto Kamila planejava falar com Lith sobre usar uma abordagem mais suave para criar Elysia quando Salaark entrou pela porta dos fundos.

“Terminamos de conversar.” E por conversar, ela quis dizer uma surra sem parar com apenas pausas suficientes para enfiar comida na garganta de Crank para ter certeza de que ele não morreria nem se tornaria insensível à dor. “O Barão Crank tem algo a dizer para vocês.”

O texugo do mel estava com perfeita saúde. A Guardiã se encarregou de curá-lo adequadamente e de consertar suas roupas nobres antes de trazê-lo.

“Eu sinto muito.” Ele caiu de joelhos, seu tom rachado por arrependimento. “Eu não deveria ter levantado a voz. Eu fui um babaca. Por favor, me perdoe.”

Ele queria chorar, mas Salaark o advertiu para não fazer isso e mostrou a ele seus Poços da Agonia.

Os Despertados de Verendi que haviam atacado Kamila ainda estavam lá. Eles não podiam ser chamados de vivos e a morte era um sonho para eles. A visão do que o esperava se ele desafiasse suas ordens fez o Hyperion vomitar suas entranhas.

“Eu também sinto muito.” disse Aran. “Eu deveria ter chamado Lith assim que percebi que você não estava progredindo. Eu gostava de ver você falhar porque você foi mal educado conosco, mas isso foi maldade da minha parte.”

“Você me perdoa?” perguntou Crank.

“Sim. Amigos brigam, mas sempre podem se reconciliar.” Leria ofereceu a mão dela, que Hyperion beijou em vez de apertar.

“Obrigado, mestre. Eu nunca vou esquecer sua generosidade.” O texugo-do-mel começou a choramingar e a chorar.

As crianças o abraçaram, esquecendo sua explosão anterior.

“Obrigado por esclarecer as coisas para nós, Vovó.” Aran não tinha ideia do que havia acontecido e tinha levado as palavras de Salaark ao pé da letra. Ele realmente acreditava que ela e Crank apenas conversaram como os pais dele faziam depois que ele brigava com um dos amigos dele.

“Sempre que precisarem, crianças.” Ela acariciou seus cabelos antes de se virar para Crank e seu tom se tornou frio como pedra. “Sempre.”

***

Alguns dias depois, Crank havia aceitado começar o curso desde o início e rapidamente aprendeu a conjurar hologramas simples. Lith estimou que, no máximo, em uma semana, o Hyperion teria dominado o nível zero de Domínio da Luz e retornado ao seu feudo.

Toda vez que Salaark estava de plantão, porém, o Hyperion praticava como se sua vida dependesse disso e ele progredia aos saltos e limites.

‘Eu estou começando a pensar que a Vovó “falou” com ele pra caramba. Crank perdeu toda a sua insolência com as crianças e adora Kamila só para estar seguro. Eu tenho que pedir à Vovó para me ensinar como ela fez isso.’ Lith pensou.

“Como eu estou?” Kamila perguntou.

Ela estava usando um dos novos vestidos de noite que Lith comprara para ela. Era vermelho flamante, com mangas bufantes que deixavam seu pescoço, ombros e braços expostos. Tinha um decote em formato de buraco de fechadura e uma saia de aro que a impediria de tropeçar enquanto dançavam.

Era decorado com renda branca e várias pequenas esmeraldas que formavam um padrão florido, dando a impressão de que ela estava usando um monte de camélias tecidas juntas.

“Você está incrível.” disse Lith, olhando para os seios ainda em crescimento.

“Pare de falar com os meus seios. Meus olhos estão aqui em cima.” Ela bufou já que ele ainda não tinha comentado sobre seu penteado, a maquiagem e todos os detalhes que levaram horas para fazer.

“Desculpa, Kami, mas eu mantenho minhas palavras. Você é linda e cheirosa. Aquela tiara de ouro branco realmente destaca o preto do seu cabelo.” Ele disse, enquanto apenas um par de olhos se movia para o resto da figura dela.

“Olhe para cima. Todos eles, espertinho.”

“Tudo bem.” Ele suspirou.

“Você não tem ideia do quão sortudo você é.” Ela resmungou. “Você simplesmente coloca seu manto de Magus Supremo sobre o seu uniforme e pronto. Eu passei a noite inteira me preparando, então eu gostaria de um pouco mais de entusiasmo e um pouco menos de olhares lascivos.”

“Eu tentei mostrar a você o meu entusiamo anteriormente, mas você me deu um fora!” Lith respondeu.

“Sim, porque eu não queria começar de novo desde o banho. Eu quero que você aprecie meus esforços, não que os estrague.” Kamila fez um som de tsc.

“Eu peço desculpas.” com voz cheia de sarcasmo. “Devo ser um porco por estar apaixonado por minha esposa, que também é a mulher mais bonita de Mogar.”

“Diga isso de novo, mas dessa vez olhe nos meus olhos.” Ela segurou o rosto dele, cobrindo todos os olhos, menos dois.

“Eu disse que eu te amo e que você é a mulher mais bonita que eu já vi.” Lith já tinha conhecido vários Despertados, mas ela podia ver que ele não estava apenas tentando bajulá-la.

“Diga isso mais uma vez e quando voltarmos do gala, você verá como eu fico naquele vestido de Donzela do Dragão.”

Lith fez como lhe foi ordenado e então eles saíram do quarto dele. O resto da família já estava esperando por eles na sala de estar.