MAGO Supremo - Capítulo 2258
Capítulo 2258: Segredos (Parte 2)
‘O que esses cabeças-duras não entendem é que eu não estou deixando Verhen por último por piedade, mas como precaução. Ele é o meu plano de contingência e a única maneira de cumprir o último desejo de Jormun.’ Só de pensar nesse nome, lágrimas vieram aos olhos dela.
“Você se sente bem o suficiente para conversar?” Thrud perguntou e Phloria concordou. “Então me conte tudo o que eu preciso saber para vencer a Guerra dos Grifos. Comece pelos segredos mais importantes que você sabe.”
“Como você ordenar, minha Rainha.” Phloria caiu sobre o joelho direito, apreciando o tecido macio de seu novo uniforme que se ajustava perfeitamente ao seu corpo. “Quando o Mago Verhen tinha quatro anos, ele encontrou uma pedra na Floresta de Trawn-”
“Isso é o que você considera um segredo digno de vencer uma guerra?” Thrud a interrompeu com descrença, achando o acontecimento tão chato quanto estúpido. “Hystar, o array está funcionando corretamente?”
“Sim, meu Suserano. Tudo está em ordem.” O Diretor coçou a cabeça constrangido, enquanto Phloria gritava por dentro e lutava com todas as suas forças.
“Se você me deixar continuar, logo entenderá que estou certa, Vossa Alteza.” Porém, seu corpo a ignorava, o feitiço de escravidão dominando seu corpo e seus sentimentos.
Seus lábios se curvaram em um sorriso, feliz com a ideia de ser útil à pessoa que mais amava e pela qual não hesitaria em sacrificar sua vida. Não importava o que Phloria quisesse, seu corpo e mente consideravam Thrud seu tudo.
Todos os sentimentos de amor, lealdade, amizade e admiração que ela já teve agora estavam focados apenas na Rainha Louca. Para Phloria, Thrud era seus pais, sua amante, sua melhor amiga e sua mentora.
Não havia nada que ela não fizesse para deixar Thrud feliz.
“Então continue.”
Phloria assentiu e retomou sua história, pulando para a parte em que a pedra se revelou ser Solus e depois para a parte em que Solus se revelou ser tanto a torre de Menadion quanto sua filha.
A esse ponto, Thrud parou Phloria, ficando atordoada por alguns minutos até digerir todas as implicações de tal notícia. A Rainha Louca ordenou que Phloria começasse tudo de novo desde o começo sem deixar nada de fora, por mais irrelevante que parecesse.
Horas e vários copos de água depois, a garganta de Phloria estava ressecada e rouca de tanto falar. Thrud agora sabia tanto quanto Phloria sobre Lith e a felicidade dela era a felicidade de Phloria.
“Isso explica quem era aquela menina e por que eu nunca ouvi falar do quarto Cavaleiro.” Hystar ficou pasmo com as revelações sobre Solus.
“Que se lixe a Luz do Luar. Essa porcaria é boa para meus Generais, mas para o meu filho, eu quero algo à altura da torre de Menadion.” Thrud disse. “Os Olhos, a Boca e as Mãos o tornarão invencível assim que ele alcançar o núcleo branco, muito menos se conseguirmos colocar nossas mãos nas Orelhas também.”
“Não se esqueça das Minas e do Crisol.” Disse o Diretor. “Com eles, você nunca mais faltará recursos e seu exército estará sempre devidamente equipado.”
“De fato, mas não vamos contar nossos frangos antes que eles chocarem.” Thrud concordou. “Não quero que ninguém descubra nada disso além dos três. A segurança de Valeron vem em primeiro lugar.
“Além disso, a ganância torna as pessoas imprevisíveis. Não quero arriscar que um dos meus Generais ataque a torre assim que eu os libertar da Lealdade Inabalável. Nosso vínculo de confiança vem primeiro.”
Só então Thrud percebeu que, embora o rosto e a boca de Phloria estivessem sorrindo, os olhos dela estavam chorando. Pessoas sob os efeitos de um feitiço de escravidão ainda podiam soltar uma lágrima ou mover um músculo involuntariamente se tivessem força de vontade suficiente.
Tal reação era inédita.
“De novo? O array da Lealdade Inabalável está falhando ou o quê?” Thrud perguntou.
“Mais uma vez, tudo está em ordem, meu Suserano.” Hystar olhou para Phloria com irritação, mas suas ordens o impediam de discipliná-la por fazê-lo perder a face diante do herdeiro de Arthan.
“Por que você está chorando?” Thrud se voltou para sua nova General, esperando aprender mais algum segredo saboroso.
“Eu não sei, minha Rainha.” Phloria enxugou as lágrimas apenas para que outras aparecessem. “Nunca fui tão feliz em minha vida. Servir a você me enche de alegria, mas depois de contar tudo o que o Mago Verhen me confiou, sinto também como se alguém estivesse arrancando meu coração do peito.”
“Você o ama?” Thrud conhecia bem o sentimento e a dor que ele trazia.
“Sim.” As matrizes da Lealdade Inabalável obrigavam Phloria a dizer a verdade, não importava o quão fundo a escondesse ou por quanto tempo a ignorasse.
Ninguém ficou mais chocado do que ela ao ouvir essas palavras saírem de sua boca. Ela sempre presumiu ter seguido em frente com sua vida e queimado aquela ponte.
“Depois de todo esse tempo desde que vocês terminaram? Mesmo ele agora estando casado com outra mulher que carrega seu filho?” A Rainha Louca quase podia sentir a dor de Phloria ressoando com a sua própria, levando-a às lágrimas também.
“Sim.” Mesmo que a matriz de escravo forçasse Phloria a sentir apenas alegria enquanto obedecia ao seu mestre, a voz dela se quebrou. “Não me arrependo de ter terminado com ele, entretanto. Do que eu realmente me arrependo é de não ter tido a coragem de tentar de novo quando ele estava solteiro novamente.
“Fiquei tão assustada com a ideia do que poderia ter acontecido se as coisas dessem errado quando eu era sua discípula que desperdicei todas as oportunidades que tive. Agora é tarde demais e não há mais espaço para mim na vida dele.”
“Calma, criança. Nunca é tarde demais.” Thrud abraçou Phloria, que começou a soluçar incontrolavelmente. “Você tem a minha palavra de que, assim que eu vencer essa guerra, farei com que vocês dois fiquem juntos para sempre.”
***
Deserto de Sangue, Palácio da Pluma Celestial, Torre de Lith.
Lith passou o resto do dia informando sua esposa e família sobre sua decisão e o restante do tempo ajustando seu equipamento. Tudo o que ele tinha, tinha sido feito com a ajuda de Phloria e ele temia que também seriam as últimas coisas que lhe restariam dela.
Friya e Quylla estavam ambas preocupadas, mas apenas Friya poderia participar da missão de busca e resgate. Como Curadora Real e aspirante a deusa da cura, Quylla não podia deixar o Palácio Real sem um bom motivo.
A saúde de Meron ainda estava instável, e era seu dever garantir que sua condição permanecesse estável.
Isso não a impediu de ligar para Lith assim que soube da notícia e implorar para que ele fizesse tudo o que pudesse para trazer Phloria de volta viva.
“Você tem certeza de que esta é a melhor decisão?” Kamila perguntou quando só restava dormir por oito horas seguidas e redefinir os efeitos da Invigoração.
“Tenho certeza.” Lith virou a cabeça para olhá-la. “Isso vai chutar o maior ninho de vespas de todos. Muitas pessoas ficarão com raiva, enquanto outras ficarão curiosas. Todas elas estarão aterrorizadas e eu preciso que você esteja pronta para o pior.”
Deitada de lado, sua mão sob a cabeça, Lith podia ver os olhos de Kamila cheios de amor e preocupação se movendo sem parar, dele para o pingente de lírio dourado em seu criado-mudo.