Capítulo 2033: Cavaleiro Dourado (Parte 1)

‘Eu tenho humanos descartáveis para poupar, enquanto você precisa defender esses pequenos Demônios seus.

‘Se você não tivesse sido forçado a dividir seu foco entre mim e minhas tropas, as coisas talvez tivessem terminado de maneira diferente. Infelizmente, ninguém pode estar em dois lugares ao mesmo tempo.’ Iata disse com uma ligação mental para não perder tempo conversando e partir para a matança.

Graças ao Turbilhão de Vida multiplicando sua força dez vezes, suas garras revestidas de Adamant cortavam a armadura, escamas e ossos de Lith como se fossem papel. Enquanto o oponente jazia indefeso no chão, a mandíbula dela se abria para morder e arrancar a cabeça da Tiamat.

‘Sempre me perguntei se você é um imortal como eu e agora terei minha resposta.’ Ela disse quando suas presas bateram no elmo da Armadura do Andarilho do Vazio, sem causar danos.

Enquanto o resto da armadura era apenas composto de escamas de Dragão revestidas com Adamant, a placa do peito e o elmo haviam sido feitos usando respectivamente o crânio e a caixa torácica de Syrook como andaime.

Isso os tornava muito mais resistentes e protegia os órgãos vitais de Lith.

‘Quer fazer uma aposta?’ Ele respondeu.

‘Na sua imortalidade? É por isso que estou aqui.’ Durante a troca telepática, Tiamat estava puxando um fôlego inútil e profundo.

Iata não tinha orgulho estúpido para sustentar, então, em vez de tentar quebrar os ossos do Dragão, ela moveu a boca em direção à garganta muito mais vulnerável, mas ainda vital.

‘Não, sobre estar em dois lugares ao mesmo tempo.’ Lith respondeu enquanto a luz negra penetrava em suas feridas e tornava aquele canto de Mogar um lugar mais sombrio.

A Sekhmet se recusou a cair no blefe dele e mordeu com toda a força que pôde.

Sangue espirrou por todo lado e a dor cegou sua visão quando suas presas atingiram o metal errado. Lith havia soltado o aperto, permitindo que a Guerra pulasse na boca de Iata. A Guarda Total havia a avisado, mas ela havia escolhido apostar na sua própria velocidade em vez de deixar seu inimigo livre.

A magia de Fusão e o Turbilhão de Vida a deixavam mais rápida do que qualquer feitiço de voo, mas ela não tinha levado em consideração a inteligência da lâmina. A Guerra simplesmente havia entrado e saído do bolso dimensional de Lith, escolhendo seu pescoço como ponto de saída.

Double Edge agora estava presa entre a boca aberta, seu Adamant soltando faíscas enquanto colidia com o da boca de Iata. O corte era raso, mas o suficiente para a Guerra usar sua habilidade Contrafluxo para danificar a Sekhmet por dentro e fazer com que todos os feitiços que ela havia preparado para a luta desaparecessem.

Para piorar a situação, Iata sentia que de alguma forma a arma encantada estava tentando roubar o Turbilhão de Vida que fluía pelo seu corpo.

‘Se essa coisa já é tão poderosa, não quero nem pensar no que pode acontecer se ela for fortalecida pela habili-‘ Seu raciocínio descarrilou quando ouviu mais gritos vindos do campo de batalha.

As vozes dos Demônios ressoavam com gritos de guerra, enquanto as dos vivos eram um coral de estertores de morte. Iata queria se virar para entender o que estava acontecendo, mas não podia se dar ao luxo de tirar os olhos do inimigo.

“Quem diabos é essa?” Varegrave e as outras duas Feras Divinas no céu disseram em uníssono, apontando uma figura vestida de dourado para seus respectivos exércitos.

O segundo batalhão de Thrud finalmente havia conseguido sufocar as Chamas Nocivas e se juntou à batalha. Eles abriram suas fileiras para permitir que os poucos sobreviventes do primeiro batalhão se abrigassem enquanto os magos soltavam uma saraivada de feitiços de nível cinco nos Demônios.

Foi então que uma figura vestindo uma versão dourada da armadura Voidwalker apareceu. Uma aceno de sua mão dissipou a maioria dos ataques iminentes, enquanto uma parede de luz bloqueava aqueles compostos apenas pelos elementos terra e escuridão.

Por algum motivo, eles não foram afetados pela estranha habilidade do cavaleiro dourado. A pequena figura girava um martelo estranho, muito esguio para ser uma arma adequada e muito pequeno para ser ameaçador.

Parecia uma arma cerimonial, algo que poderia ser usado em uma forja, no máximo. No entanto, a cada ciclo, crepitava com mais e mais poder, fazendo com que as gemas incrustadas brilhassem como sóis.

“Obrigada, Yurial. Queria ter tido a oportunidade de conhecê-lo.” A voz revelou que o cavaleiro era uma mulher.

As palavras dela não faziam sentido para os soldados de Thrud, assim como sua aura. Eles podiam ver com a Visão de Vida que a pessoa parada na frente deles era Lith Verhen, o mesmo Lith Verhen que estava lutando contra Iata a algumas centenas de metros de distância.

Os magos e as Feras Divinas conjuraram uma segunda saraivada de feitiços que estilhaçaram a parede de luz. Solus levantou a mão novamente, então os inimigos focaram a Visão de Vida nela, esperando que a magia de nível cinco desaparecesse novamente e esperando aprender seu segredo.

Os deuses realizaram seu pedido da pior maneira possível.

A estrela azul de seis pontas aos pés de Solus de repente explodiu com luz enquanto canalizava através de seu pequeno corpo a energia que havia roubado. Yurial havia derivado seu Hexagrama de Silverwing e, assim como o original, era um campo de treinamento para aprender o Bastião e a Aniquilação.

Yurial havia deixado em suas anotações várias teorias e sugestões sobre como modificar o Hexagrama original e o seu próprio para convertê-los em meios de ofensa.

Mas ele não era um Desperto e não tinha conhecimento de Magia Espiritual.

Foi a razão pela qual ele havia inventado os Grilhões Imortais para a primeira versão do Hexagrama de Yurial, convertendo a energia armazenada em um feitiço de gravidade que fazia uso dos seis elementos.

Mas depois de sua viagem a Verendi e aprendendo com Faluel como conjurar os feitiços de Silverwing, uma alternativa muito melhor se tornou óbvia para Lith e Solus. Demorara apenas um pouco de tempo para aprenderem a se inserir como o sétimo ponto da matriz e a infundir nele o elemento final.

O gesto anterior de Solus e o show de luzes conjurado pela Fúria serviram apenas para chamar atenção para ela e afastá-la da matriz. Todos estavam ocupados virando a cabeça de Lith para ela, que haviam esquecido completamente do conjunto azul.

A mesma matriz que havia anulado todos aqueles feitiços de nível cinco do Mago da Guerra, acrescentando seu poder ao dela para alimentar algo que apenas um Desperto de núcleo branco poderia usar sozinho.

A Aniquilação de Yurial irrompeu da mão do cavaleiro dourado na forma de um pilar esmeralda que dominava a onda de feitiços de nível cinco e cortava o segundo batalhão.

Até mesmo os feitiços das Feras Divinas foram dissipados pela pura pressão da mana ao redor de Solus enquanto a energia acumulada dentro da matriz se misturava com sua Magia Espiritual.

A Aniquilação transformava tudo e todos que tocava em memórias, deixando terra queimada em seu rastro. As armaduras de Oricalco do segundo batalhão duraram apenas um instante antes de serem vaporizadas, permitindo que o feixe esmeralda se movesse para o terceiro e, em seguida, para o quarto batalhão.

Em meio ao caos e à destruição, Lith aproveitou a distração de Iata para desencadear uma explosão de Chamas do Vazio de todo o seu corpo. O fogo negro irrompeu de suas feridas abertas na forma de cobras raivosas que deslizaram pelas aberturas de sua armadura, alcançando sua carne.