Capítulo 2005: Cristais de Memória (Parte 1)

A segunda matriz armazenada dentro da Boca de Menadion de Solus agia como um circuito externo que sugava a energia excessiva dos núcleos parciais. Os fragmentos temporariamente enfraquecidos conseguiram se equiparar aos outros, formando uma esfera perfeita.

Enquanto Solus e Lith trabalhavam no núcleo de energia, os outros usavam a técnica do Poço de Mana de Menadion para fortalecer a matriz do Casulo de Luz.

Com cada golpe do martelo, sua mana passava da Fúria para a Forja que armazenava e amplificava a mana, misturando-a com o fluxo de energia mundial que o metal mágico constantemente atraía.

Um segundo golpe do martelo recuperaria a energia amplificada e mudaria sua assinatura para a de Lith. Assim que uma Fúria estava prestes a ser sobrecarregada, seu portador imbuiu a mana acumulada dentro do Casulo, aproximando o núcleo de energia mais um passo da conclusão.

Os núcleos parciais fundiram-se lentamente numa única massa de energia, onde inúmeras cordas de runas se completavam e fluíam em uníssono, como músicos que tocam diferentes instrumentos para formar a mesma melodia.

Uma vez que o núcleo de energia se tornou estável, a matriz do Casulo de Luz devolveu a energia roubada, fazendo a esfera crescer para o tamanho de um touro. Ainda assim, era grande demais para o cadáver de Vagrash conter, então eles tiveram que comprimir o núcleo de energia até reduzi-lo ao tamanho de uma bola de boliche.

“Não sei vocês, mas eu já usei Invigoração várias vezes.” Disse Quylla ofegante. “Podemos dar uma pausa?”

“Quem dera.” Respondeu Lith. “Aquela matriz e o meu foco são as únicas coisas que mantêm o núcleo de energia unido. Mesmo se vocês descansarem, Solus e eu não podemos. Manter tantos encantamentos no lugar me drena a cada segundo, não posso esperar horas.”

“E que tal colocá-lo em estase como fizemos antes?” Perguntou o Protetor.

“Não funciona assim.” Faluel balançou a cabeça. “Os núcleos parciais eram estáveis o suficiente para serem controlados apenas pela força de vontade. Se colocarmos o núcleo de energia em uma matriz de estase, assim que for dissipado a energia residual bagunçaria a matriz do Casulo de Luz e boom.”

“Por curiosidade, como Orion consegue criar peças como Guerra sem Invigoração?” Perguntou a Hidra.

“Ele sempre usa núcleos pseudo, não núcleos de energia para isso.” Respondeu Phloria.

“Quando eu o ajudei a criar algo com um núcleo de energia, no entanto, notei que ele usa três matrizes ao mesmo tempo. Uma para encher o receptáculo com energia mundial, uma para manter o núcleo de energia estável e outra cujo propósito eu não conseguir entender.”

“Você não poderia estudá-las?” Lith estalou a língua em desaprovação.

“Primeiro, o Pai nunca me deixa chegar perto de nada além do círculo básico da Forjamentoria. Segundo, estou ocupada demais bombeando a energia mundial que ele precisa para prestar atenção. Terceiro, não vou roubar do meu pai.”

O tom dela não deixou espaço para argumentos, então Lith levantou as mãos em pedido de desculpas.

“Ok. Use a Invigoração mais uma vez e depois passaremos para a fase final.” Disse Solus.

Quando todos sinalizaram que estavam prontos, Solus dissipou a matriz do Casulo de Luz, redirecionando a energia mundial que havia alimentado para o Golem. Então, ela e Tista combinaram suas Bocas para conjurar uma série de matrizes concêntricas.

Em seu estado quebrado, a torre não conseguia lidar com a potência total do gêiser de mana. As matrizes reuniam a energia excessiva ao redor dos Mestres Forjadores, aumentando suas habilidades de recuperação.

Todos os presentes haviam alcançado pelo menos o núcleo azul brilhante, desenvolvendo vortexes em seus corpos. A espessa camada de energia mundial que as Bocas conjuraram seria rapidamente absorvida durante o restante do procedimento Forjamentoria e reduziria a frequência com a qual precisariam usar Invigoração.

Além disso, Solus e Faluel usaram as Mãos para canalizar parte do excesso de energia mundial para as Forjas, sempre mantendo-as cheias até a borda para acelerar sua habilidade de amplificação de mana.

“Não vou mentir, estou feliz que o Mestre conseguiu por as mãos na Boca.” Faluel disse com uma pitada de inveja em sua voz. “Se alguma vez lutarmos contra um dos capangas dele, quero a primeira Boca que recuperarmos.”

Até mesmo uma Hidra com sete cabeças não conseguiria fazer o que Solus e Tista fizeram com a Boca de Menadion.

“Não faço promessas. Agora menos falatório e mais marteladas.” Disse Lith enquanto começou a usar a técnica do Poço de Mana também.

Com cada golpe da Fúria, o núcleo de energia se infiltrava um pouco dentro do cadáver revestido de Adamante de Vagrash. Os dois feixes de energia colidiam, criando saliências e reentrâncias no núcleo de energia.

Normalmente, Lith teria sido forçado a parar e consertá-lo, mas desta vez ele pôde compartilhar a técnica da Forja Gêmea com sete magos poderosos.

O método da Forjamentoria combinou uma ligação mental, os esquemas do núcleo compartilhados pela Biblioteca da torre, e o fato de que todos tinham a mesma assinatura de energia para criar uma mente coletiva.

Permitiu que os oito Despertados se auxiliassem e combinassem suas forças quando necessário.

No momento em que uma imperfeição surgia no núcleo de energia, a Forja Gêmea a destacava para a pessoa mais próxima, dividindo o trabalho igualmente. Cada membro do grupo sabia no que tinha que se concentrar e ignorava o restante.

Trabalhando em uníssono, o tempo necessário para restaurar a forma do núcleo de energia antes de dar o próximo golpe foi reduzido para pouco mais de um segundo.

Além disso, a ligação mental permitiu que eles coordenasse seus movimentos, esperando o momento em que todas as cópias da Fúria estavam quase sobrecarregadas e despejando sua mana contra o círculo da Forjamentoria no mesmo momento.

As runas místicas cobrindo o Golem e o sistema circulatório de mana facilitou o processo, permitindo que a mana do núcleo de energia e a energia mundial do cadáver fluissem livremente um para o outro.

Isso também causou um efeito de amplificação que fez o núcleo de energia crescer em tamanho e potência, tornando cada vez mais difícil corrigir as novas imperfeições formadas e promover o processo de fusão.

No entanto, graças à Forja Gêmea, os oito Despertados trabalharam como um só e, depois de serem amplificados pela técnica do Poço de Mana, a força coletiva de seus núcleos de mana superou em muito a do núcleo de energia.

‘A fusão chegou ao ponto de não retorno.’ Solus alertou os outros quando metade do núcleo de energia havia desaparecido sob o Adamante. ‘Hora para a fase quatro.’

As matrizes mudaram novamente. Agora, em vez de empurrar o núcleo para dentro do artefato, as formações mágicas desaceleravam o processo. Agora que o núcleo de energia havia se ligado ao sistema circulatório de mana, a resistência que encontrava quase havia desaparecido.

Por outro lado, no entanto, imperfeições continuariam a se formar até o fim do processo, mas agora os Mestres Forjadores não podiam ver a parte do núcleo de energia escondida dentro do Golem.

A magia que Lith havia imbuido no constructo cegou seus sentidos místicos e usar a Invigoração teria exigido contato físico. Pena que entrar no círculo da Forjamentoria teria dissipado sua energia na forma de uma explosão massiva.

A única solução era rotacionar o núcleo de energia para deixar exposta uma metade de cada vez e consertá-las antes de continuar o processo de fusão.