Capítulo 1968: Último Ato (Parte 2)

Dolgus estava agora livre da armadilha de Senara e girou sua arma de haste para manter os Despertos afastados. A arma estava perfeitamente equilibrada e, graças aos seus encantamentos, a movimentação estava conjurando lentamente um tornado que dificultava a aproximação dele sem se tornar presa fácil.

No entanto, agora que o Vazio havia desaparecido, o Representante do Conselho conseguiu identificar as coordenadas dimensionais para enviar os reforços para a colina sem que eles fossem cegados pela escuridão.

Os outros três Representantes do Conselho chegaram junto com seus discípulos pessoais e aliados mais próximos, pessoas que lutariam sem fazer perguntas. A morte de tantos Despertados era uma tragédia, é claro, mas também era a desculpa perfeita para emitir uma ordem de execução.

A versão oficial era que a negociação tinha sido interrompida pelas Abominações na tentativa de se alimentar de Senara, sem mencionar a Boca ou Elphyn.

“Cada esquadrão foque em um deles e os derrube.” Ozak disse. “Os híbridos são fortes, mas eles não podem usar técnicas de respiração ou eles teriam feito isso sob o manto da escuridão.

“Só precisamos matar um deles e a formação deles desmoronará.”

Theseus amaldiçoou interiormente essas palavras, sabendo que eram verdadeiras.

Bytra havia se recuperado graças a Solus, mas ele e Zoreth estavam em seu último fôlego. Usar suas habilidades de linhagem e lançar tantos feitiços havia cobrado um preço enorme deles. Além disso, mesmo com o Corpo de Mana, a Aniquilação da Silverwing ainda drenou uma grande parte de sua energia.

Apenas Lith, Dolgus e Solus haviam recuperado suas forças, mas ainda estavam em desvantagem de sete para um e contando.

Agora, a diferença no número de combatentes havia voltado ao início da luta, mas desta vez não havia truque para cegar os recém-chegados e fazer Solus atacá-los enquanto estavam indefesos.

Para piorar a situação, todos os Representantes do Conselho haviam chegado e seu poder não tinha igual entre seus colegas.

Ozak e seus aprendizes conjuraram o feitiço espiritual de nível cinco, Algema de Grifo, conjurando um feixe hexa-elemental de correntes esmeralda que se enrolaram em Zoreth. Como o nome sugeria, foi concebido para restringir os Grifos, as criaturas mais fortes.

O Dragão das Trevas caiu de joelhos quando as correntes se apertaram cada vez mais enquanto ela lutava. Suas articulações estavam travadas e seus membros ficavam perto de seu corpo, tornando impossível para ela lutar ou voar.

Theseus foi atacado por Xergov, o Dullahan, que trouxe consigo um esquadrão de Bruxas de Sangue. Mortos-vivos não suportavam a luz do dia, então ele atacou do abrigo de sua casa através de uma abertura dimensional.

O Dullahan se transformou em sua forma real, a de um Nidhogg, um leviatã menor, e lançou um rio de ácido corrosivo nos pés de Bastet. O líquido corroeu os pés de Theseus e encharcou a terra, cortando sua conexão com a energia mundial.

Qualquer tentativa de absorver a energia e os nutrientes do solo também levaria consigo a respiração ácida de Nidhogg, espalhando veneno pelo corpo de Theseus. O representante morto-vivo havia ouvido Senara o tempo todo e se preparou de acordo.

Do abrigo de sua casa, Xergov fez seus servos moverem sua cabeça, seguindo cada movimento de Bastet enquanto seu corpo se concentrava apenas em tecer dois feitiços ao mesmo tempo.

Em seguida, as Bruxas de Sangue afogaram Theseus em Chamas de Sangue enquanto o ancião conjurava o Feitiço do Espírito Golpe de Fênix. Ambas as explosões de chamas vermelhas e esmeraldas corroíam a matéria e a energia ao mesmo tempo, levando o híbrido da Abominação de joelhos.

Normalmente tocar o chão com seu corpo inteiro teria acelerado seu processo de regeneração, mas Xergov continuava cuspindo ácido e Theseus estava afundando em um pântano corrosivo.

Os assistentes de Senara atingiram Dolgus com uma Aniquilação da Silverwing que arrancou as asas do Grifo e rachou sua armadura. Ele havia ficado sem Turbilhão de Vida depois de compartilhá-lo com Theseus e Solus e também ficara sem Fluxo de Mana.

A Firbolg usou seu feitiço espiritual de nível cinco pessoal, Vinhas da Perdição, para conjurar plantas hexa-elementares infundidas que rastejavam no Grifo, procurando rachaduras e aberturas em sua armadura antes de se infiltrarem em sua carne.

Rokuno, o Jotunn, o representante das feras, era um dos maiores e mais fortes de sua raça. Ele conjurou o último pouco de Relâmpago Corrompido que lhe restava contra Lith, anulando suas habilidades físicas antes de atacá-lo com Aniquilação.

O Tiamat reagiu usando os Demônios das Chamas como escudo, fazendo-os detonar com o impacto para que as Chamas Originais diminuíssem o poder destrutivo do feitiço anti-Guardião.

Ele até tentou Piscar, mas Rokuno viu o ponto de saída com a Visão de Vida e quando Lith reapareceu, a Aniquilação já estava lá esperando por ele. O ponto positivo foi que ele havia se movido para uma área com mais Demônios que se sacrificaram por ele e salvaram sua vida.

Apenas Bytra e Solus que nunca pararam de correr por todo o campo de batalha na velocidade do som ainda estavam seguros, mas era apenas uma questão de tempo antes que caíssem também.

‘Eu te disse que deveríamos ter deixado esse maldito continente!’ Disse Theseus através da ligação mental.

‘E eu te disse que esta é a oportunidade perfeita para avaliar nossos poderes.’ Respondeu Zoreth. ‘Olhe para o estrago que quatro de nós causamos. A alta hierarquia do Conselho de um continente inteiro está aqui, mas ainda estamos de pé.’

‘Isso parece algo ótimo para se escrever em um túmulo.’ Ele respondeu secamente.

‘Por que tão pessimista? Ainda nem começamos.’ Zoreth deu uma respiração profunda e um pilar negro irrompeu de seu corpo. ‘Não lute contra isso. Deixe fluir através de você.’

Bytra se iluminou imediatamente depois, tornando-se um farol que facilitava seguir seus movimentos e antecipá-los. No entanto, enquanto Solus questionava a sanidade dos híbridos da Abominação, o Raiju sorriu em expectativa.

Theseus sentiu a ressonância se tornar ainda mais forte após o aparecimento do segundo pilar e tudo o que ele precisava fazer para conjurar o seu próprio era se juntar às suas irmãs em sua melodia inumana.

Lith também sentiu a ressonância e seguiu o conselho de Bytra. Ele deixou essa energia misteriosa fluir por seu corpo, enchendo-o de nova força e euforia que ele sabia que não pertencia a ele.

Era uma alegria nascida da consciência de não estar sozinho e de ter se tornado parte de algo maior. A mente coletiva dos híbridos da Abominação espreitava nas franjas de sua consciência, mas não podia entrar devido à natureza de Lith como um Tiamat.

Mesmo assim, foi o suficiente para desencadear uma ressonância semelhante entre ele e seus Demônios. Um pilar preto-prateado irrompeu do corpo de Lith e cada um de seus Demônios conjurou um menor, mesmo aqueles cuja forma física fora destruída.

O Tiamat podia sentir seus corpos quebrados se consertando enquanto aqueles pulverizados tentavam se reformar mesmo sem receber energia de seu mestre. Sua mente estava cheia de inúmeros feitiços e artes marciais que ele nunca havia conhecido antes, com o tamanho das correntes que o ligavam aos seus Demônios crescendo.

‘Que se foda! Se eu tivesse posicionado meus Demônios estrategicamente, poderia tê-los usado como pontos de foco para uma matriz. Nosso vínculo é muito mais do que apenas um canal para a minha mana. Podemos compartilhar conhecimentos, estratégias e até runas mágicas.’ Lith pensou.