MAGO Supremo - Capítulo 113

113: Meia Verdade 113: Meia Verdade Lith imediatamente se arrependeu de seu último experimento.

– “Droga, meu corpo ainda está fraco. Mesmo que meu núcleo ainda esteja ciano, os efeitos da mudança são semelhantes ao processo de evolução. A Invigoração não tem efeito. Eu preciso de um descanso real para me recuperar.”

“Sua mente também não está muito melhor. Você ainda está usando seu traje de caçador, se não trocá-lo, não só levantaria muitas perguntas, mas duvido que eles o deixem entrar na academia.” Solus apontou. –
As mangas de couro estavam reduzidas a farrapos, o peito apresentava um buraco gigante, como se alguém tivesse tentado arrancar seu coração, os protetores de metal tinham pedaços inteiros faltando e entre as manchas de sangue e as impurezas parecia que Lith tinha roubado as roupas de um campo de batalha.

Amaldiçoando internamente sua própria estupidez, Lith retornou abaixo da copa das árvores, trocando as roupas em pleno ar através do bolso dimensional.

Depois de passar pelos portões do castelo, ele foi parado pela secretária da recepção, exigindo a devolução do dispositivo de socorro. Era o mesmo homem de meia-idade que tinha dado uma palestra a Lith naquela manhã.

Vendo-o com as mãos e o rosto sujos por ter dormido no chão, seu fôlego curto e expressão preocupada, a secretária assumiu que ir sozinho não foi bom para o aluno arrogante do quarto ano.

Seus olhos castanhos brilhavam com desprezo, enquanto um sorriso condescendente rachava sua barba espessa.

“Parece que você teve que experimentar por si mesmo o quão difícil é o mundo lá fora. Nem todos podem ser um herói, agora você sabe disso.”

Lith olhou para ele como um louco, ele já tinha esquecido dele, então essas palavras não faziam sentido para ele.

“Calma, calma.” O secretário continuou, confundindo sua confusão com embaraço. “Pelo menos você saiu vivo sem precisar pedir ajuda. Além disso, você se lembrou do meu conselho e retornou antes do pôr do sol. Perceber seus erros e aprender com seus superiores é fundamental na sua idade.”

Normalmente, Lith já o teria reconhecido, ponderando se tentaria envenenar o núcleo de mana do secretário à distância com magia do espírito.

Mas tão preocupado quanto estava, ele apenas fingiu ouvir, concordando de vez em quando. Lith estava tão cansado que até pensar estava difícil. Desde que ele tinha visto o fim da visão, ele estava tentando juntar as peças.

Tudo o que ele queria era tomar um banho rápido para se livrar de toda a sujeira, suor e sangue que sujavam seu corpo e depois dormir por uma semana inteira, mas a cena de seus pais assassinados e suas irmãs gritando por ajuda assombrava sua mente.

– “De acordo com a visão, os passos dos eventos são: 1) os mercenários matando Nok. E isso já está descartado. Então 2) depois disso, eles deveriam fazer uma entrega, de alguma forma conectada à queda da academia.

Acho que essa parte foi metafórica, para derrubar o castelo seria necessário um terremoto medindo pelo menos oito na escala Richter. O que levaria a 3) uma guerra civil e a 4) a destruição de Lutia.

Não está claro se isso aconteceria por coincidência ou porque eu desagradei alguém em particular, mas não importa. Se minha alma é um sacana tanto quanto eu, o motivo pelo qual me mostrou tudo isso é porque, mais do que tudo, quero salvá-los. Certo, Solus?”

“Sim, faz sentido, especialmente a parte sacana. Acho que salvar filhotes fofos e milhares de inocentes realmente não é o seu estilo…” Ela tinha um tom desanimado. Afinal, depois de tanto esperar que ele encontrasse o amor verdadeiro ou a amizade, mais uma vez era apenas por um motivo egoísta. Para ela, Lith e sua alma eram realmente uma combinação feita pelos céus.

“F*da-se os inocentes! Eu não sou o herói de ninguém. Um mundo que, apesar de ter bilhões de pessoas, só pode ser salvo por alguém corajoso e idiota o suficiente para se sacrificar por estranhos, é um mundo que não merece ser salvo.” –
Na privacidade de seu quarto, Lith pegou o amuleto de comunicação, pensando exatamente o que dizer à Marquesa Distar.

Ele não conseguia dormir antes de ter certeza de que os eventos que ele tinha presenciado ainda não aconteceram, mas se ligasse para ela, teria que contar toda a história sem ter a oportunidade de inventar uma história plausível.

A verdade era perigosa demais para ele, e ligar para ela no dia seguinte arruinaria sua credibilidade. Quem em sã consciência levaria a sério alguém que precisa tirar um cochilo antes de denunciar uma ameaça ao Reino?

Mas, sem dormir, ele tinha dificuldade em se concentrar, muito menos em ser convincente enquanto despejava besteiras. Era outro paradoxo do beco sem saída
Com muito sono para encontrar uma solução, ele simplesmente fez a ligação.

A Marquesa atendeu quase imediatamente, sentada atrás de uma mesa luxuosa cheia de livros e folhas de papel. Ela tinha seus cabelos soltos, sem nenhum penteado específico, usando algo entre um pijama e uma calça de moletom.

Ela parecia tão cansada quanto ele, seu aborrecimento era visível tanto quanto audível.

“Você de novo. O que aconteceu desta vez?”

“Sinto muito incomodá-la a esta hora, Vossa Senhoria, mas preciso saber se está tudo bem com minha família. Eu trago notícias graves.”

A última frase, juntamente com o desespero em sua voz, mudou sua atitude em um piscar de olhos.

“Eu já recebi o relatório de hoje, mas deixe-me verificar novamente agora mesmo.”

A comunicação continuou aberta, mas sua imagem desapareceu por alguns segundos.

– “Esta coisa pode ser colocada em espera?” –
“Estão todos presentes e vivos, o céu ainda não caiu.” Ela disse com um leve sorriso.

“Agora, o que você estava dizendo sobre notícias graves?” Ela se apoiou com os cotovelos na mesa, seus olhos endurecendo.

“Antes de começar minha história, Vossa Senhoria, você acredita no sobrenatural? Coisas como almas, destino e assim por diante?” Lith estava tentando desesperadamente encontrar uma maneira de não parecer um maníaco delirante.

“Criança, você está começando a soar como meu marido quando ele me propôs. Se você acabou de me perturbar por causa de uma garota, isso é, no mínimo, inapropriado. Não importa no que você acredite agora, quem quer que você tenha encontrado não é a pessoa certa.”

Amaldiçoando internamente sua má escolha de palavras, Lith apressou-se em explicar.

– “A melhor mentira é uma meia-verdade. Aqui vai tudo.” –
Ele contou a ela como conseguiu salvar uma dríade por pura sorte, e que ela o recompensou com uma visão sobre o desejo de seu coração. Que seguindo suas instruções, ele encontrou um grupo de caçadores lutando até a morte com um poderoso necromante Byk defendendo seu filhote.

Nesta versão da história ele era apenas um espectador, e Kalla fez todo o trabalho duro.

Por último, que às portas da morte, uma das caçadoras ainda viva, depois que Lith tentou salvá-la, teve uma mudança de coração, arrependendo-se de suas escolhas de vida e deu-lhe uma caixa de madeira e uma carta codificada, revelando-lhe que ela deveria entregá-la a alguém dentro da academia, mas morreu antes de dizer quem.

“Uma dríade precisando de sua ajuda?” Ela deu uma boa risada às suas custas.

“Ela não lhe deu algo mais prático do que uma visão tola? Eu não sei, o coração dela ou algum tesouro terrestre?”

“Eu recusei o coração dela.” Lith explicou, fazendo a Marquesa quase engasgar com sua próxima risada. “Eu sou muito jovem para um relacionamento e ela era muito extravagante para uma academia. Mas ainda consegui saques, quero dizer, recompensas.”

Ele tirou o resgate que a dríade loira pagou para salvar a vida de sua irmã.

“Eu não consigo vê-los bem assim. Ponha-os sobre a gema do amuleto, por favor.” Ela não sabia o que pensar. Até agora, a história era muito estranha para ser inventada.

Quando Lith fez como instruído, os vários tesouros naturais flutuaram no ar. A luz da pedra os envolveu como um scanner 3D, dando à Marquesa uma imagem em tamanho real que substituiu a de Lith.

– “Há algo que essa coisa não pode fazer?” Lith estava pasmo com a segunda função desconhecida do dia. “Por que não pode fazer um café decente? Sinto tanta falta de café que poderia matar por uma xícara.” –
“Pelos deuses e seus filhos, eu acredito em você! Agora guarde esses tesouros e não os mostre a ninguém. Eles são muito preciosos. Muitos diriam demais para alguém como você possuí-los.” Lith viu a ganância em seus olhos, mas era um risco calculado.

Para dar continuidade à sua história, ele descreveu em detalhes a planta Abominação, a enfraquecendo o suficiente para tornar plausível a derrota dela pelas habilidades normais de Lith.

“Se você ainda tem alguma dúvida, há uma parte inteira da floresta que ficou completamente careca. Levará meses para recuperar um mínimo de verde.”

A Marquesa olhou para ele com admiração renovada.

“Eu ouvi coisas maravilhosas sobre sua pequena equipe, mas honestamente, eu não esperava tanto deles. É incrível para alunos do quarto ano, por mais talentosos que sejam, suprimir um monstro”
“Tudo graças ao trabalho em equipe.” Mesmo com muito sono, Lith percebeu que uma arma da qual ele estava completamente desavisado, tinha acabado de atirar no seu próprio pé.