MAGO Supremo - Capítulo 112

112: Renascer 112: Renascer Ainda havia muitas coisas que Lith queria perguntar a Kalla, como ela conseguia perceber os chamados dos Clackers e como manipulá-los, mas conforme sua sede de sangue recuava, ele podia sentir que algo estava errado com seu corpo.

A dor de cabeça havia voltado pior do que nunca e, não importava o quanto ele usasse Invigoração, sua energia estava o deixando como areia escorregando entre os dedos, independentemente de quão firme alguém apertasse o punho.

Logo ele nem sequer conseguia ficar de pé, suas pálpebras estavam caindo, obrigando-o a lutar apenas para permanecer consciente.

– “Você parece estar com febre.” Solus o avisou.

“Impossível. Exceto durante os meus primeiros anos de vida, nunca fiquei doente. Nem mesmo uma gripe.” –
Com a respiração ofegante, Lith se deitou no chão da caverna, sentindo o frio reconfortante das rochas aliviar as ondas de calor que devoravam sua carne.

“Acho que preciso descansar por…”
Lith adormeceu antes mesmo de terminar a frase. Ambos os Byks não tinham ideia do que fazer. Mesmo com seu conhecimento limitado sobre humanos, eles eram capazes de entender que o constante tremor e suor de Lith não era normal.

“Mãe, você conhece alguém capaz de usar magia da luz?” Nok lambia as bochechas de Lith tentando confortá-lo.

“Fora o Senhor da floresta, não. Talvez Scourge esteja apenas exausto…”

Um som estalado do corpo de Lith interrompeu Kalla. Os Byks esticaram as orelhas, farejando o hóspede. Outro som estalado ocorreu, desta vez mais alto. Era semelhante a um tronco fresco jogado no fogo, rachando por causa do calor.

Sons de estalido e estouro vieram um após o outro, se um terráqueo estivesse lá, ele pensaria que alguém estava fazendo pipocas. De dentro, Solus podia ver os ossos dele rachando e se curando continuamente em um ritmo alarmante.

Às vezes era apenas uma fissura. Em outras ocasiões, todo o osso se fragmentava em pequenas peças antes de se juntarem novamente. Quando foi a vez do crânio, Nok deu um salto para trás de medo.

De repente, um porco-espinho parecia ter escorregado sob o rosto de Lith, pontas afiadas brotando sob sua pele, mal conseguindo contê-las.

A cada vez que um osso rachava, impurezas saíam dele, encontrando seu caminho para sair através de qualquer um dos seus orifícios. A maioria delas saía pelos olhos, ouvidos e boca, formando uma poça sob sua cabeça.

O cheiro era insuportável, Kalla foi forçada a destruir a substância parecida com piche com magia das trevas, temendo que ela pudesse causar danos a eles.

“Ele vai se tornar um morto-vivo?” Os eventos que se desenrolavam diante de Nok lembravam o que aconteceu com Raghul apenas algumas horas antes.

“Impro provável.” Kalla respondeu. “Não sinto uma enorme quantidade de energias obscuras surgindo.” No entanto, ela fechou Lith na sala secreta, deixando apenas espaço suficiente para o ar fluir, fortalecendo as paredes da caverna em caso de ataque, só por precaução.

Graças à Invigoração, Solus percebeu a energia mundial fluindo dentro do núcleo de Lith, o corpo finalmente conseguiu resistir ao seu crescimento, sobrevivendo às mudanças necessárias para controlar o novo poder.

– “O desmaio é na verdade uma benção disfarçada. A dor seria excruciante se Lith ainda estivesse acordado.” – Solus pensou.

Horas depois, ele finalmente acordou, sentindo-se como um capacho do Walmart após a liquidação da Black Friday. Cada centímetro de seu corpo doía. Seu já esfarrapado traje de Caçador estava encharcado em impurezas além da salvação.

Ele conseguiu cancelar o cheiro com magia das trevas, mas remover as manchas também destruiria o couro.

– “O que aconteceu?” Lith balançou a cabeça, tentando se lembrar de onde estava.

“Boas notícias! Você finalmente superou seu gargalo. Seu núcleo de mana finalmente está quase na metade do caminho do ciano. Provavelmente o constante esforço e ciclos de cura dos últimos meses fizeram o truque.” As palavras de Solus faziam pouco sentido para ele.

“Não é meu primeiro rodeio. Por que eu desmaiei? E por que me sinto como m*rda em vez de renovado?” –
Como era complicado demais para explicar, Solus apenas mostrou a ele suas memórias.

– “Que diabos? Toda essa dor só por uma tonalidade de ciano?” –
Uma vez que Lith conseguiu se levantar, até coonseguir abrir a porta de pedra com magia da terra foi um desafio.

“Levante e brilhe, dorminhoco. Você dormiu por três dias. Eu estava começando a ficar preocupado.” Nok trotou até ele, esfregando o focinho com força suficiente para fazê-lo cair.

“Três dias?! Desculpe, Nok, tenho que correr!” Lith gritou em desespero. Ele não se importava com as aulas perdidas, tanto quanto com todo o tempo desperdiçado sem fazer nada. Se a visão estivesse correta, ele nem tinha um segundo de sobra.

Nok riu dele.

“Estava brincando, é quase pôr do sol.”

Amaldiçoando os ancestrais de Byk e duvidando das escolhas morais de seus acasalamentos, Lith socou a parede próxima com a fraca força que conseguia reunir.

“Não tem graça!” Ele gritou, atacando de novo.

“Minha família está em perigo, quem sabe o que poderia ter acontecido com eles em três dias? Você me assustou até a morte!”

“Isso nos torna dois.” Nok deu dois passos cautelosos para trás, mantendo seu olhar nele, pronto para fugir.

“Por que você está com medo?”

“Não quero acabar como a parede só por uma piada estúpida.”

Lith olhou para o seu soco, descobrindo que havia criado um pequeno soquete na parede. Uma teia de rachaduras pequenas se originava do ponto de impacto.

– “Que diabos?” Lith e Solus pensaram, ainda atordoados.

“Não senti nada. Como posso ser tão forte?”

“Deve ser por causa do que aconteceu com seu esqueleto. Seu fluxo de mana está completamente diferente de antes.” Solus apontou.

“A qualidade da sua mana mal mudou, mas agora mesmo em repouso, a energia que seu núcleo produz passivamente é capaz de alcançar cada centímetro do seu corpo. Eu vi algo assim apenas em bestas mágicas como o Protetor.” –
“O que está acontecendo?” Kalla voltou correndo para a caverna após o primeiro som de batida, esperando o pior.

Quando viu os dois filhotes vivos e bem, o Byk suspirou aliviado, mas depois sentiu um cheiro estranho. Nem de fera nem de humano, era algo perdido entre os dois.

“Scourge, você mudou.” Era uma afirmação, não havia espaço para dúvidas em sua voz.

“Seu cheiro está ainda menos humano do que antes. É parecido com aquele que o Senhor da floresta emite.” Seus olhos brilhavam com a compreensão da verdadeira natureza de seu hóspede.

Antes de partir, Lith perguntou a Kalla como perceber e atrair os Clackers. Infelizmente, o primeiro exigia uma alta sensibilidade à magia da terra, da qual ele carecia, enquanto o segundo era muito mais simples.

O chamado alimentar da aranha soava exatamente como a batida rítmica do coração humano, só que tinha de ser emitido por magia através do solo.

A caminho de casa, enquanto voava pelo ar, ele ativou a Visão de Vida, buscando mais mudanças em suas habilidades. Lith descobriu que agora ele não mostrava apenas a força vital e a mana simplesmente por cores.

Lith podia agora ver a energia do mundo fluindo das árvores, das folhas, até das pedras. A floresta inteira ao seu redor estava respirando, gerando um vento de mana que havia sido invisível para ele antes.

– “Ficou muito mais parecido com o meu sentido de mana.” Solus disse.

“Sim. De certa forma, ainda é pior, em outra é melhor. Olhe para aquilo.” –
Lith apontou para uma clareira na floresta. Era perto do ponto onde ele havia lutado com os mercenários, mas com seu aspecto comum e do alto, provavelmente ele não teria conseguido reconhecer o local.

Mas agora ele podia ver tudo. O vento vermelho originava-se dos animais, o verde das plantas, o cinza das pedras e o preto dos mortos.

Lith só teve que estender as mãos e querer sentir as energias apodrecidas esperando o chamado.

“Levante-se! Levante-se minha legião!”

Ele pôde sentir os muitos cadáveres se mexendo debaixo da terra, procurando escapar.

E então ele os deixou ir. Ele não tinha tempo a perder, havia muitas coisas que tinha que fazer antes do anoitecer.