Ligada a um Inimigo - Capítulo 750
Capítulo 750: Para uma digna Luna
Eles encontraram um grupo de pessoas se escondendo em um dos prédios próximos. Ashleigh observou enquanto Galen falava com eles, enquanto prometia que tudo ficaria bem. Ele explicou o que estava acontecendo e como a cidade estava sendo seccionada. Uma das mulheres gritou.
Galen foi até ela imediatamente.
“Você está bem?” ele perguntou, tocando seu ombro gentilmente.
Ela assentiu, mas estava lutando para segurar as lágrimas.
“É minha filha,” ela disse. “Eu deveria estar no trabalho do outro lado da cidade. Mas quando vi pessoas carregando armas… corri direto para cá…”
Ela parou, fechando os olhos e respirando fundo enquanto sua ansiedade crescia.
“Minha filha está na escola… Eu estava tentando chegar até ela,” ela sussurrou, lágrimas caindo de seus olhos.
“Está tudo bem,” Galen disse, sorrindo para ela e apertando levemente seu ombro. “Eu entendo. Meu filho também está na escola.”
A mulher olhou para Galen, e ele assentiu.
“Ele tem quatro anos,” ele continuou. “Na classe da Sra. Stacey.”
A mulher deu um sorriso triste.
“Minha filha estava na turma dela no ano passado,” ela disse. “Ela é uma boa professora.”
“Ela é,” Galen sorriu amplamente e assentiu. “Por isso, quando ela olhou pela janela e viu algo estranho, ela imediatamente começou a trabalhar para levar todos os alunos para a sala de pânico.”
A mulher respirou fundo e deixou as lágrimas caírem.
“Eles estão seguros?” ela sussurrou.
“Eles estão seguros,” Galen assentiu. “E bloqueamos o acesso à escola para mais ninguém. Então, mesmo que não consigamos resolver este problema antes que a sala de pânico se abra automaticamente, eles ainda estarão seguros.”
A mulher assentiu com lágrimas escorrendo pelo rosto e um suspiro pesado.
“Obrigada,” ela sussurrou. “Obrigada.”
Enquanto Galen continuava a confortar a mãe preocupada e tentava encontrar alguém para sentar com ela, Ashleigh caminhava pelo cômodo. Ela observava os outros reunidos ali. Era uma visão estranha para ela.
Os lobos de Verão eram soldados, cientistas e médicos. Eles eram inteligentes, pensadores racionais e mais estratégicos do que qualquer outra alcateia de lobos. Mas aqui, ela os via amontoados em cantos escuros. Chorando. Com medo.
Era algo que ela nunca esperaria ver.
“Do que eles estão tão assustados…?” ela sussurrou com um suspiro enquanto olhava ao redor do cômodo.
“Você já viu um fantasma?” uma voz baixa perguntou de algum lugar perto.
Ashleigh se virou. Era uma mulher de cabelo castanho. Ela parecia vagamente familiar. Estava sentada no chão. Seus joelhos puxados para o peito enquanto sua cabeça repousava contra a parede, e parecia olhar para o nada.
“Você estava falando comigo?” Ashleigh perguntou.
“Você já viu um fantasma?” a mulher repetiu.
Ashleigh franziu a testa e se aproximou da mulher. Ela se ajoelhou na frente dela.
“Você está bem?” ela perguntou.
A boca da mulher se contorceu em um breve sorriso antes de voltar à expressão vazia.
“Você já olhou nos olhos de alguém…” a mulher sussurrou, ela pausou para respirar fundo, “alguém que você conheceu por toda a sua vida… alguém com quem esteve nos bons e maus momentos….”
A mulher fechou os olhos.
“Você já olhou nesses olhos, os que conhece até melhor que os seus próprios… e viu um estranho olhando de volta para você?” a mulher perguntou.
Ashleigh engoliu em seco mas não respondeu. Memórias que ela não pensava há muito tempo passaram rapidamente por sua mente. Os momentos doces e gentis que compartilharam, seguidos pela manipulação e controle que ela não havia reconhecido. Finalmente, ela viu os olhos dele. O olhar frio, possessivo e ciumento com o qual ele a observava durante os últimos meses que estiveram juntos.
Na verdade, Ashleigh pouco havia pensado em Granger após a morte dele. Uma vez que se concentrou em Caleb, em sua nova vida juntos. Ela percebeu que Granger naturalmente escorregou de seus pensamentos. Ocasionalmente havia um pesadelo, mas Caleb sempre estava lá para segurá-la e cercá-la com seu calor e amor.
Mas enquanto as memórias de seu passado doloroso passavam por sua mente, Ashleigh sentiu um frio no peito, um frio apertado e dolorido. Ela respirou de forma trêmula.
A mulher, com os olhos ainda fechados, sorriu tristemente.
“É como ver um fantasma. A pessoa que você conhecia… ali, mas não, foi embora, mas não.”
“Mais como um demônio,” Ashleigh suspirou, afastando as memórias indesejadas.
A mulher abriu os olhos e olhou para Ashleigh. Ela franziu a testa e depois desviou o olhar com um suspiro enquanto balançava a cabeça.
“Você não entende,” ela sussurrou.
“Eu entendo,” Ashleigh disse. “Cometi erros em quem confiei. Achei que sabia quem e como eram, mas no fim, eu estava errada. Acontece que eu não sabia absolutamente nada sobre eles. Tudo o que disseram foi uma mentira, e confiar neles machucou as pessoas que amo.”
A mulher zombou.
“Isso é engraçado…” ela sussurrou.
Ashleigh franziu a testa.
“Como isso é engraçado?” ela perguntou.
A mulher respirou fundo e levantou a cabeça. Ela se virou e encontrou o olhar de Ashleigh.
Ashleigh engasgou. Os olhos da mulher brilhavam com lágrimas pesadas, mas o que a surpreendeu foi a raiva que olhava de volta para ela.
“Porque minha irmã confiava em você,” a mulher sibilou. Ela apertou a mandíbula enquanto as lágrimas rolavam por suas bochechas.
“O quê?”
A mulher sorriu enquanto as lágrimas continuavam a cair.
“Todos nós confiávamos,” ela continuou. “Mas foi minha irmã que depositou totalmente sua fé em você. Que pediu ao restante de nós que o fizesse.”
“Sobre o que você está—?” Ashleigh começou quando de repente percebeu por que a mulher era tão familiar.
Seus olhos se arregalaram surpresos enquanto se lembrava das duas mulheres que a resgataram no jogo final contra Fiona. As que arriscaram suas vidas para ajudá-la. Ela olhou novamente para a mulher.
“Sua irmã…” Ashleigh sussurrou. “Ela foi a que uivou… ela me arrastou para a zona segura.”
A mulher assentiu.
“Ela abandonou a paz por uma Luna digna…” a mulher disse, sua voz segurando uma nota amarga.