Capítulo 636: A Única Coisa
[Presente]
“Espere…” Caleb disse, interrompendo a história de Ashleigh. “Axel realmente tentou unir as matilhas?”
Ashleigh sorriu e assentiu.
“Uau,” Caleb deu uma risada.
Ele pensou em algumas conversas diferentes. Ideias jogadas para lá e para cá. Algumas acusações, julgamentos e suposições. Foi assim que ele e Axel desenvolveram sua amizade. Começaram de baixo e avançaram juntos.
“Nós conversamos sobre isso, só um pouco. Foi depois de eu ter ido para Brasa Ardente,” ele disse. “Enquanto planejávamos nossas alianças e aprendíamos mais sobre as matilhas já tomadas por Outono. Falamos sobre como poderíamos ter facilitado nossas vidas se simplesmente encontrássemos uma maneira de estarmos unidos.”
Ashleigh ouviu enquanto Caleb falava. Ela já conhecia a história. Axel tinha sido quem a compartilhou. Naquela época, não a surpreendia que Caleb concordasse com o plano ou até mesmo ajudasse a pensar nele. O que a surpreendeu foi que ela não sabia a respeito. Mesmo agora, ouvindo-o de seus próprios lábios, dói saber que outros o conheciam melhor do que ela.
“Eu me lembro de quando ele me contou sobre as mudanças que ele fez em Inverno, o tipo de liderança estilo comitê que abrangia o território. Fiquei chocada. Wyatt nunca teria concordado com isso. Inferno, eu provavelmente também não teria,” Caleb riu. “Mas Axel sabia o que estava fazendo. Ele tinha uma visão de longo prazo melhor do que nós dois jamais tivemos.”
Ashleigh assentiu.
“Eu achava que ele estava sendo imprudente, talvez até preguiçoso, na época,” ela admitiu. Ela respirou fundo e desviou o olhar. “Eu sempre pensei que sabia muito mais do que ele.”
Caleb colocou o braço ao redor dela e a puxou para perto.
“Você está bem?” ele perguntou.
Ela sorriu e assentiu.
“Águas passadas,” ela disse. “Axel e eu… trabalhamos muito ao longo dos últimos anos. Nós fizemos nossas desculpas e seguimos em frente, mas acho que algumas coisas ainda permanecem.”
Caleb virou e beijou a cabeça dela. Ela olhou para ele.
“Por que eu não sabia?” ela perguntou.
“Saber o quê?”
“Sobre as coisas que vocês conversaram… sobre querer unir as matilhas?” ela disse.
“Ah. Não era uma ideia ou um plano real naquela época. Não havia necessidade de discutir isso,” ele disse. “Estávamos nos preparando para a guerra. Você estava lidando com Lily e os alfas malignos na sua mente. Quero dizer, outras coisas mais urgentes estavam acontecendo naquele momento.”
Ashleigh abaixou o olhar e assentiu, mas Caleb sabia que ela não estava confortada pelas palavras dele.
“Ash, não era algo que eu estava tentando esconder de você,” ele disse, segurando o queixo dela para que olhasse para ele. “Eu teria te contado quando se tornasse algo real.”
“Eu sei,” ela disse, dando-lhe um sorriso triste.
“Então, o que há de errado?” ele perguntou. “Eu te conheço, Ash. Eu posso ver e sentir que há algo na sua mente.”
Ashleigh o encarou por um longo momento antes de soltar um suspiro e uma risada suave.
“Você realmente me conhece,” ela sussurrou. “Sempre conheceu.”
“Por que isso é motivo de tristeza?” Caleb perguntou. Ele sentiu um profundo puxão no coração através do vínculo deles.
“Não é,” ela disse. “Mas, perceber que eu não te conheço da mesma maneira é.”
“Do que você está falando?” ele disse. “Claro que você me conhece! Só porque eu tive uma conversa com seu irmão que você não sabia não significa que você não me conhece!”
“Eu não sabia seu aniversário,” ela sussurrou.
Caleb engoliu em seco.
“Ash, eu te disse….” ele suspirou. “Isso foi culpa minha. Eu não comemoro, então nunca te contei.”
Ashleigh assentiu.
“Eu sei,” ela sussurrou. “Mas eu não sabia que dia era. Não até a vigília.”
Caleb sentiu seu coração afundar no peito.
“Ash…”
Ela sorriu tristemente, seus olhos brilhando com lágrimas acumuladas.
“Fiona continuava ligando e ligando. Ela queria que eu fosse para Verão, mas eu continuei recusando. Eu não estava pronta para estar lá sem você,” Ashleigh começou. “Para ver todos simplesmente aceitarem que você tinha partido. Eu estava muito brava. Muito com o coração partido.”
Ele sabia que ela não o deixaria abraçá-la, mas queria desesperadamente fazê-lo. Então, em vez disso, ele segurou sua mão. Lágrimas escorreram pelo rosto dela, mas ela não olhou para ele.
“Quando eu acordei naquele hospital, a única coisa que importava era você….” ela começou.
[Cinco Anos Atrás]
Ashleigh acordou em um quarto vazio. Seus olhos cansados percorreram o teto, descendo pelas paredes. Era um quarto de hospital. O monitor ao lado dela deixou escapar um bip suave como se para confirmar que ela estava certa.
Sua garganta estava seca, e seu corpo estava fraco. Quanto tempo ela esteve ali? Onde estava? A última coisa que ela se lembrava era de surfar na onda da linha ley.
Foi quando seu coração parou, e ela foi dominada por pânico enquanto a memória a invadia.
As pontas dos dedos dele tocaram as dela enquanto ela tentava segurá-lo. Seus olhos estavam arregalados de medo enquanto ela olhava para ele.
“Eu te amo, sempre,” ele sussurrou enquanto quatro longas vinhas subiam por trás dele, o cercavam e se enrolavam em torno de seu corpo.
E então ele foi puxado de volta para a escuridão, desaparecendo de sua vista.
“Caleb!!!!” ela gritou. “Caleb!!”
O monitor ao lado dela ecoou seus gritos enquanto seu coração disparava. Ela se debatia na cama enquanto o via desaparecer na escuridão, enquanto via o portal se fechando atrás dela.
Ela ouviu a voz de Myka dizendo que a linha ley havia desaparecido, que ele havia desaparecido. Seus gritos se tornaram guturais e dolorosos. Sua garganta estava crua e tensa como se estivesse rasgando. Mas ela não conseguia parar.
A porta escancarou quando várias pessoas entraram correndo. Todos tentaram acalmá-la, explicar o que estava acontecendo. Mas Ashleigh não conseguia ouvi-los. Ela não conseguia escutar. Ela não conseguia fazer nada. Os gritos simplesmente continuaram até que foram obrigados a sedá-la.