Capítulo 629: Deixe-me Tentar

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Ao longo de sua vida, Alice foi torturada, passou fome, quase foi morta várias vezes e usada de maneiras das quais agora, infelizmente, conseguia se lembrar em cada detalhe.

Mas nada disso se comparava aos mais longos vinte minutos de sua vida enquanto ela esperava pelos resultados do teste. Esses resultados poderiam ser a diferença entre vida e morte para seus filhos e seu companheiro.

Vinte minutos que viraram trinta, e então uma hora.

Alice havia aprendido a ser paciente há muito tempo, mas precisou de cada grama de autocontrole para não ir atrás do médico e exigir respostas. A única coisa que a segurava era Myka lembrando-a de que havia muitas pessoas feridas e gravemente feridas no hospital, incluindo Axel.

Ela andava de um lado para o outro na sala, torcendo as mãos e respirando lentamente. Estava tentando se manter calma. Tentando não deixar a esperança se instalar ou o pânico a dominar.

Um batida na porta fez seu coração subir à garganta.

“Entre,” Myka chamou, sabendo que Alice estava lutando para encontrar sua voz novamente.

A porta se abriu, e foi Bell quem entrou no quarto.

“Bell?” Alice sussurrou. Ela deu um passo à frente com preocupação enquanto falava. “O que você… Axel está bem? O que aconteceu?”

Bell levantou a mão gentilmente para interromper Alice.

“Axel ainda está sendo tratado,” ela começou. “Peter está com ele fazendo tudo o que pode.”

“Fazendo tudo o que pode….” Alice repetiu. “Significa que não é bom… que Axel está em dificuldade.”

Bell respirou fundo e se aproximou de Alice.

“Não importa o que eu diga, você vai ouvir o pior significado ou resultado possível,” ela disse gentilmente. “Você está assustada por ele, e eu entendo isso. Mas você precisa confiar em nós. Peter e eu faremos tudo para manter Axel vivo e tirá-lo disso.”

Alice engoliu em seco e acenou com a cabeça.

“Tá bom,” ela sussurrou. “Eu vou tentar.”

Bell assentiu.

“Esse é o resultado dos exames dela?” Myka perguntou, olhando para a pasta na mão de Bell.

Bell olhou para a pasta e depois para Myka. Ela sorriu e virou-se para Alice.

“Quero que você se sente para que possamos discutir isso,” ela disse.

Alice imediatamente obedeceu, sentando-se ao lado de Myka, que segurou sua mão e apertou-a confortavelmente.

“Esses são os resultados do seu teste. Fui chamada para revisá-los porque não faziam sentido,” Bell começou. “Alice, seus exames de sangue mostram que a infecção desapareceu do seu sistema.”

Alice engasgou, levando a mão à boca. Myka sorriu e soltou o ar que vinha segurando.

“Completamente desaparecida, como se nunca tivesse estado lá,” Bell continuou. Ela olhou para Myka. “Você pediu para esse teste ser feito, certo?”

Myka assentiu.

“Por quê?”

Ele se sentou e explicou a Bell o que havia sentido, como havia sentido. Ele contou a ela sua teoria, sua esperança.

“Entendi…” Bell sussurrou com um sorriso. “Isso explica, então.”

“Explica o quê?” Myka perguntou.

Bell olhou para os dois com um sorriso.

“Por que a infecção na perna de Axel parou de se espalhar.”

Alice soltou um soluço. Ela estava grata, feliz e aliviada. Mas a única forma de expressar isso era através de lágrimas.

“Parou de se espalhar?” Myka perguntou depois de um momento. “Você quer dizer que ela ainda está lá? Achei que teria desaparecido completamente….”

“Ela ainda está lá,” Bell confirmou. “Mas isso pode ser por causa de Axel.”

“O que você quer dizer?” Alice perguntou.

Bell respirou fundo e tentou organizar seus pensamentos.

“Já sabíamos que ele e Ashleigh eram vulneráveis à infecção por causa da origem. Axel sabia disso também, então ele usou seu poder em si mesmo. Isso desacelerou o avanço, mas também danificou seu corpo. Então, agora estamos lutando tanto contra a infecção quanto contra o frio.”

“Mas a infecção deveria estar desaparecida,” Alice respondeu.

“Sim, mas Axel essencialmente a congelou no lugar,” Bell disse. “Ela parou de se espalhar, teoricamente, porque a Rainha das Sombras está morta, e de alguma forma estava ligada a ela. Mas a parte da infecção que está congelada não está recebendo o sinal. Ela não sabe que já morreu.”

“Então, o que isso significa para Axel?” Alice perguntou.

“Eu não sei,” Bell respondeu honestamente. “É ótimo que a infecção não possa mais se espalhar. Mas, as partes que estão presas pelo gelo dele ainda estão corroendo seu corpo. E seu poder também está drenando sua energia.”

“Eu não entendo,” Alice disse. “Você está dizendo que Axel está se matando?”

“De certa forma?” Bell suspirou. “Ele está inconsciente, não conseguimos acordá-lo, e não podemos fazer nada para impedir seu corpo de continuar a usar o frio. A infecção não é mais um risco para sua vida. Está contida o suficiente para eu não ter medo que vá matá-lo. Mas, se não conseguimos parar o frio… sim… ele pode se matar.”

Alice mordeu o lábio inferior nervosamente. Então, finalmente, olhou para Bell e engoliu em seco.

“E quanto ao seu sangue?” ela perguntou. “Desculpe, não quero te tratar como uma ferramenta, mas se isso ajudasse….”

Bell balançou a cabeça.

“Não se preocupe com isso,” ela disse com um sorriso. “Já consideramos essa possibilidade. Isso ajudaria ele a se curar mais rápido, mas não há garantia de que pararia ele de usar o frio. Administrá-lo antes seria apenas desperdício e possivelmente alimentaria a infecção congelada, forçando-o a aumentar sua defesa.”

Alice abaixou a cabeça, sentindo um buraco no estômago.

“A infecção congelada….” Myka sussurrou. Ele olhou para Bell. “Você acha que ele poderia parar se a infecção desaparecesse completamente? Se o sinal pudesse alcançar essas partes congeladas?”

“Eu assumiria que sim,” Bell disse. “Eu não sei com certeza. Tudo isso definitivamente não é algo padronizado. Mas eu acho que o corpo de Axel está apenas respondendo à ameaça. Ele não pode saber que suas defesas estão causando o problema agora.”

Myka levantou-se.

“Leve-me até ele,” ele disse.

“O quê?”

“Myka, o que você está fazendo?” Alice perguntou.

Ele lambeu os lábios, engolindo a energia nervosa que começava a se formar dentro dele.

“Ela me disse que eu poderia controlá-los,” ele disse, olhando para Alice. “Os híbridos.”

Alice franziu a testa. Ela sabia que a Rainha das Sombras havia tentado tentar Myka a se juntar a ela. Ela havia prometido ajudá-lo a aprender a controlar seu poder e usá-lo para ficar mais forte. Mas ele não tinha dado a ela todos os detalhes.

“Talvez eu possa falar com isso,” ele disse. “Ou talvez eu possa simplesmente criar algum tipo de vínculo ou algo para fazê-lo entender. Eu não sei como tudo isso funciona… mas acho que posso ajudar.”

Ele se ajoelhou diante de Alice e segurou suas mãos.

“Você salvou minha vida tantas vezes,” ele sussurrou. “Você desistiu de tudo por mim… Por favor, deixe-me tentar ajudar.”

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