Ligada a um Inimigo - Capítulo 33

33: Seguindo o Aroma das Flores 33: Seguindo o Aroma das Flores Desde que Caleb cancelou a sessão de treinos pela manhã, Ashleigh ficou sem saber o que fazer. Explorar as instalações deixou-a com perguntas persistente e frustrações sobre as diferenças entre Verão e Inverno.

Ela poderia ir treinar no percurso de obstáculos, exceto que os outros lobos treinando na área lhe lançariam olhares hostis ou falar sobre ela como se ela não tivesse uma ótima audição.

Ashleigh tinha a pele grossa, mas até ela só conseguia aguentar um certo limite.

Ela se viu de volta ao seu quarto, deitada na cama encarando o teto.

“Estou tão entediada,” ela sussurrou para si mesma, “se ele ia cancelar, pelo menos deveria ter me deixado ir com os outros.”

O resto dos representantes havia saído para explorar as fronteiras mais uma vez, desta vez para testemunhar ataques encenados. Ashleigh estava impedida de todas as atividades com os outros representantes por causa do cronograma de Caleb. Não tinha sido um problema até hoje.

Ela resmungou de frustração, levantando-se da cama e andando de um lado para o outro, ela deu uma olhada pela janela. As colinas ondulantes, o rio, uma montanha sem neve. Ela sorriu para si mesma ao perceber o que queria fazer.

***
Vinte minutos depois ela ofegava alegremente enquanto corria entre as árvores. Sem neve para desacelerá-la, suas quatro patas a levavam mais rápido do que nunca.

Ela pulava de pedra em pedra, corria entre as árvores e bebia do rio. O ar era diferente aqui. Erguendo o focinho para o céu, ela farejou.

Árvores, terra, flores. Era essa última que tinha um cheiro diferente. Ela entrou nas árvores seguindo o cheiro das flores. Encontrou uma pequena clareira entre as árvores. Grama alta e verde com manchas de flores selvagens, isso era o que ela tinha farejado.

Ashleigh pulou entre as flores, pulando ao redor, às vezes rolando na terra. Aproveitando a liberdade de tudo aquilo. Ela se deitou preguiçosamente ao sol. Uma bela flor amarela e roxa crescia ao seu lado, ela se inclinou para cheirá-la profundamente, espirrando quando o pólen atingiu o fundo de seu nariz.

“Cuidado, Lobo do Inverno,” uma voz de mulher chamou atrás dela, “as abelhas são bem apegadas àquelas.”

Ashleigh saltou para trás, virando-se para enfrentar a intrusa. Era uma mulher mais velha, provavelmente no início dos cinquenta. Cabelo castanho com mechas cinzas. Ela carregava um grande bastão de caminhada que estava apoiando com ambas as mãos. Ela sorria calorosamente.

‘Como ela sabe quem eu sou?’ Ashleigh se perguntou. Esta era a primeira vez que ela tinha se transformado desde que chegou ao Verão. E ela não reconhecia essa mulher; ela farejou o ar à procura do cheiro dela. Era familiar e ainda estranho para ela.

“Oh, nós nunca nos encontramos, Inverno,” ela riu. “Mas eu sei quem são todos os Lobos do Verão, e você definitivamente não é um deles.”

Ashleigh se transformou de volta em sua forma humana. Ela estava grata que Caleb tinha fornecido a cada um deles um conjunto de equipamento de malha para treino. Mesmo que isso limitasse sua capacidade de sentir o vento em seu pelo, era melhor do que ser pega nua na floresta. De novo.

“Como você sabia que eu não era uma das outras representantes?” Ashleigh perguntou, curiosa.

A mulher sorriu e deu alguns passos mais perto, até ficar à luz do sol. Ashleigh pôde ver suas feições melhor agora, ela era linda. Seus olhos eram da cor de um céu tempestuoso.

“Lobos do Inverno têm uma segunda camada de pelo,” ela riu. “Eu presumo que seja uma evolução natural do clima em que sua matilha habita. Mas isso facilita identificar um Lobo do Inverno. Assim como todos os Lobos de Outono têm algum tipo de marca escura em seu pelo.”

Ashleigh pensou em Bell por um momento, eles tinham corrido juntos muitas vezes, e a mulher estava certa. A forma de lobo de Bell era quase completamente branca, exceto por um preto ao redor de suas orelhas e descendo pelo seu focinho.

“Lobos da Primavera são todos de cores muito mais claras, cinzas ou castanhos. Lobos do Verão todos têm um pouco de vermelho em seu pelo,” a mulher acrescentou.

Ashleigh não tinha tido a chance de ver muitos lobos fora do inverno. Definitivamente nenhum Lobo do Verão. A única vez que Caleb tinha se transformado perto dela, ela tinha estado ocupada fugindo. Agora ela estava curiosa sobre a aparência de seu lobo.

“Seu lobo é bastante belo eu devo dizer,” a mulher sorriu. “Você parece feliz aqui também. Eu não esperava ver um Lobo do Inverno sorrindo no Verão de novo.”

“Desculpe,” Ashleigh disse, segurando a irritação que sentia, “quem é você?”

Se ela ia ter que ouvir alguém mais falando dela como se fosse um fungo em suas preciosas terras do Verão, ela ao menos merecia saber o nome da pessoa.

“Meu nome é Fiona,” a mulher sorriu.

“Prazer em conhecê-la, sou Ashleigh. Não Inverno, ou Lobo do Inverno, ou algum outro nome que mostre o quanto você pensa pouco de mim só por causa de onde eu venho.” Ashleigh rosnou.

“Céus.” Fiona riu. “Eu realmente não pretendia te ofender com minhas palavras, eu só não sabia o seu nome. Eu pensei que te reconhecer como Inverno seria pelo menos melhor do que dizer ‘ei, lobo aleatório ali’, mas acho que eu estava errada.”

Sua voz era toda sorrisos e risadas. Fiona não estava ofendida por Ashleigh ou seu desabafo.

“Me desculpe,” Ashleigh suspirou.

“Eles realmente têm te tratado mal, não é?”

“Não,” Ashleigh balançou a cabeça, “quer dizer, sim, eles não gostam de mim, e não tentaram esconder isso. Mas não é como se alguém realmente tivesse feito algo mal para mim.”

“Então por que você parece tão chateada que eu sei que você é do Inverno?”

“Não tenho certeza.” Ashleigh respondeu honestamente. “Eu nunca passei muito tempo fora do Inverno, eu acho que as diferenças estão… me afetando?”

“É ruim?” Fiona perguntou.

“É só… diferente.” Ashleigh suspirou mais uma vez, incapaz de dizer o que ela queria dizer.

“Ok, é melhor?”

“Não sei.” Ashleigh respondeu, ela mesma tinha se questionado sobre isso.

“Hmm,” Fiona murmurou, antes de dar de ombros. “Bem, tudo o que posso dizer é que, apesar das questões que você enfrenta, eu espero que você encontre alegria durante seu tempo no Verão.”

“Obrigada.” Ashleigh sorriu.

“Tente não deixar os resmungos e olhares azedos te derrubarem.” Fiona riu, referindo-se aos outros lobos. “Meu companheiro era muito amado.”

“Seu companheiro?” Ashleigh perguntou, incerta do que Fiona queria dizer.

“Sim,” Fiona sorriu, “Alfa Caim.”

Ashleigh sentiu como se água gelada tivesse sido despejada sobre ela.

“Ele era um bom homem, seu povo o amava profundamente. Eles não te odeiam querida, eles apenas sentem saudades dele.”

“Você… você é a Luna… você é Ca—” Ashleigh gaguejou.

“Não querida.” Fiona interrompeu, aproximando-se de Ashleigh e mantendo contato visual enquanto falava um pouco mais baixo. “Eu não sou mais a Luna, essa posição pertence à companheira de Caleb.”

***
Fiona permaneceu na clareira muito depois de Ashleigh ter feito seu desajeitado escape. Ela sorriu, sentindo o calor do sol em seus ossos doloridos.

Dois anos depois ainda doía, mas pelo menos ela podia andar novamente.

Ela enfiou a mão no bolso, puxando um disco de metal e colocando-o em sua têmpora.

“Eu a conheci,” ela disse em voz alta.

“O que você achou?” veio uma voz em sua mente.

“Não tenho certeza ainda,” respondeu Fiona. “Ela não está pronta. Não para ser Luna, não para ser dele.”

Havia uma tristeza em sua voz.

“Você tem certeza que não tem uma opinião sobre ela já?” a voz respondeu com um sorriso audível.

“Vê se não me aborrece, garoto,” ela resmungou brincalhona.

“Claro,” ele respondeu com uma risada, “eu tenho ordens?”

“Mais do mesmo, fique de olho neles. Mantenha-o seguro.” Fiona suspirou.

“Sempre.”

“Bom, agora volte ao trabalho antes que alguém cause problemas, de novo.” Fiona sorriu antes de remover o link neural.

Do outro lado do território na fronteira sul, Galen sorriu para si mesmo.

“Claro, Senhora,” ele sussurrou enquanto tocava um disco oculto implantado na base de seu polegar, desativando seu link neural.