558: Confrontação 3 558: Confrontação 3 Enquanto isso, quando Lucas chegou ao norte, a primeira pessoa que viu foi Belisarius. Ele estava sentado em seu escritório, seu rosto desprovido de qualquer expressão.

“Você veio…” Belisarius disse friamente.

“Por que eu não viria?” Lucas perguntou, sem esconder o sarcasmo em sua voz. O Belisarius atual parecia como se tivesse estado em guerra, sua aparência desgrenhada, seu rosto pálido.

Ele parecia exausto.

“Você vai responder à minha pergunta?” Belisarius perguntou.

“Você já pensou em como nos conhecemos?” Lucas se aproximou do bar, serviu vinho para ambos e entregou um copo a Belisarius antes de sentar-se em frente ao amigo.

“Você me salvou,” Belisarius disse, bebendo o vinho de um gole. “Isso significa que eu te devo uma vida?”

“Você sabe que nunca poderia me derrotar,” Lucas disse. “Eu te dei outra chance na vida, e não tirarei isso de você.” Lucas entendia o que Belisarius verdadeiramente desejava.

Belisarius era alguém que viveu por séculos. Ele não era exatamente estúpido. Na verdade, Belisarius era um homem muito inteligente.

Belisarius queria que Lucas terminasse sua vida.

Quando a deusa se sacrificou, Belisarius fez algumas coisas, sacrificou algumas coisas para viver para sempre. Ele pagou um preço alto. Porém, no final, ele descobriu que aquela por quem ele esperou todo esse tempo jamais viria.

“Ou você pode voltar para de onde veio e esperar por ela,” sugeriu Lucas, inclinando-se para trás. “O universo é vasto. Você tem mil anos pela frente.”

Belisarius suspirou. Então se levantou e pegou a garrafa de vinho do bar, bebendo-a de uma só vez.

“Você sabe que não funcionaria em você,” Lucas comentou. O álcool não os afetava mais.

“Você é divertido,” disse Belisarius. “E um hipócrita… você é um hipócrita divertido.”

Lucas ergueu uma sobrancelha com a mudança na atitude de Belisarius.

“O que te fez pensar que eu queria acabar com a minha vida?” Belisarius virou-se para ele. Então sorriu. “Que tal eu te dar uma terceira opção…”

Lucas fechou a boca em uma linha fina.

“Que tal você… dar sua vida para mim!” Belisarius sibilou enquanto atirava a garrafa de vinho em direção a Lucas. O que aconteceu depois foi um puro massacre.

Lucas não se furtou de lutar contra um homem que acabara de perder um ente querido.

“Como ousa…” Belisarius murmurou. “Como ousa matá-la!”

Ele socou Lucas, mas este simplesmente evitou. Belisarius sempre soube que Lucas era poderoso.

Diferentemente de Belisarius, Lucas não nasceu humano. Ele era um príncipe demônio—poderoso o suficiente para aniquilar todos neste continente.

No começo, Belisarius acreditava que a deusa realmente havia amaldiçoado Lucas e tirado suas habilidades. Agora, Belisarius pensava que tinha confiado demais em Lucas.

Belisarius não encontrou razão para Lucas mentir para ele. Por que mentiria? Lucas também amava a deusa!

A história de Lucas sobre a maldição devido à sua ganância era crível, pois ele era um demônio ganancioso.

Belisarius nunca duvidou das alegações de Lucas, e por anos, ele ficou na barreira, treinando pessoas para se tornarem soldados da deusa. Ele esperou por seu retorno sem saber que ela… ela não se sacrificou. Foi morta e traída por alguém como Lucas!

Como Belisarius poderia deixar isso passar?

Belisarius encarou-o, a raiva queimando em seus olhos. Ele ergueu sua espada, pronto para batalhar, mas Lucas ficou ali parado, indefeso. Belisarius hesitou, confuso pela falta de resistência de Lucas.

A raiva de Belisarius transbordou enquanto ele balançava sua espada contra Lucas com toda sua força. No entanto, ao invés de se defender, Lucas continuou a desviar dos golpes de Belisarius com facilidade. Isso apenas alimentava a raiva de Belisarius.

“Lute comigo!” Belisarius rugiu, atacando vez após vez. Porém, Lucas continuava a esquivar-se de cada movimento, seu rosto não demonstrando nenhum sinal de agressividade. Belisarius estava determinado a fazer Lucas pagar pelo que acreditava ser uma traição.

Mais uma vez, Belisarius mirou um golpe fatal em Lucas. Desta vez, Lucas não o evitou. Suas espadas se chocaram, e por um momento, pareceu ser o fim. Mas então Belisarius percebeu algo. Lucas havia se permitido ser atingido.

Belisarius rangeu os dentes. Lucas poderia ter facilmente evitado aquele ataque, mas ele ficou ali parado. Será que… será que ele estava subestimando Belisarius? Será que ele o estava subestimando!?

Ele podia sentir que Lucas estava se segurando, e isso apenas a deixava mais e mais enfurecida. O Lucas que ele conhecia nunca se seguraria!

Ele até traiu a deusa, a mulher que ele amava. O que o impediria de matar Belisarius?

No final, Lucas não mostrou nenhuma intenção de revidar. Ele simplesmente evitaria sua espada e olharia para ele como se… como se pudesse ler os pensamentos de Belisarius.

“Eu não serei aquele que terminará com sua vida,” Lucas pronunciou.

“Você—”
“Não é algo que eu possa te dar,” disse Lucas. Ele e Belisarius eram exatos opostos.

Enquanto Lucas não se importava em ser rotulado como o senhor das trevas e o vilão ou o indiferente que nunca se importou com os humanos, Belisarius sempre quis salvá-los.

Ele era exatamente como a deusa. No entanto, ao contrário dela, Belisarius não recorria a métodos que exigiam sacrificar as pessoas que mais queria salvar.

Ele ajudava as pessoas, curava-as e as apoiava, mas nunca pensou em sacrificá-las para se tornar mais poderoso.

Em vez disso, ele esperou pacientemente. Estudou o universo e a arte da magia e da feitiçaria.

Ao contrário da deusa, ele realmente queria salvar os humanos.

No entanto, sua fraqueza era seu coração.

Ele amava.

E amava com todo o coração.

Ele viu a deusa se tornar quem ela era, sempre apoiando-a, sempre estando atrás dela. A deusa não sabia disso, mas foi Belisarius quem secretamente a ajudou quando ela estava à beira da loucura por causa da magia.

Ele a amava sem pedir nada em troca.

Ele simplesmente amava.

Lucas não pôde deixar de rir ao pensar nisso. Claramente, Belisarius era diferente dele.

E essa era a razão pela qual ele queria dar-lhe uma chance, uma chance de viver uma vida diferente.

Uma segunda chance na vida.

Uma segunda chance no amor.