545: Despertar 7 545: Despertar 7 A visão de Rosalinda se desenrolava como um livro de histórias. A deusa e Lucas lutavam contra demônios com bravura. Eles brandiam suas espadas, disparavam flechas e usavam magia para se defenderem. No meio dessas batalhas, a amizade deles se fortalecia.

Eles riam em volta de fogueiras e compartilhavam histórias de seu passado. À medida que os dias passavam, a confiança deles se aprofundava, sabendo que podiam contar um com o outro, não importava os perigos iminentes. Eles agiam como rebeldes, protegendo humanos e outras raças dos demônios malignos.

Sua improvável amizade florescia com um objetivo comum de derrotar demônios perversos. No entanto, parecia que Lucas estava se apaixonando pela deusa, mas ela não correspondia a esses sentimentos. O afeto dele era evidente na maneira como ele a observava quando ela não estava olhando, provocava-a e protegia-a.

O ciúme de Lucas e suas carrancas para Belisarius quando ele se aproximava da deusa eram perceptíveis por todos, exceto pela deusa.

“Os demônios estão se tornando mais cruéis”, disse a deusa. Anos se passaram e ela havia crescido e se tornado uma mulher, parada em um penhasco com vista para uma vila em chamas.

“Os demônios não vão parar até que o continente se submeta a eles,” uma mulher de cabelos azuis franziu a testa. “Eles têm aterrorizado os humanos por anos. Me pergunto se eles algum dia cessarão.”

“A ganância deles não conhece limites”, disse outro alguém.

“Se houvesse uma maneira de derrotá-los”, refletiu a deusa, sua voz baixa, “você faria isso?”

“Num piscar de olhos,” respondeu um homem de cabelos vermelhos. “Eu não perderia essa oportunidade.”

A visão ficou embaçada mais uma vez, revelando cenas de morte, a derrota da humanidade, guerra, selvageria demoníaca e a obsessão da deusa pelo poder.

“Você precisa parar!” a voz de Lucas ecoou dentro de Rosalinda. Ela olhou ao redor e percebeu que Lucas e a deusa estavam discutindo atrás dela. “O líquido demoníaco é prejudicial para alguém como você!”

“Mas eu posso usá-lo para matar demônios.”

“Isso vai mudar você”, disse Lucas. “Vai corromper você.”

“Eu posso dominar o poder dele, e isso é o que importa”, sibilou a deusa.

“A escuridão do demônio vai—”
“Você é um demônio, nascido poderoso, então você não entenderia.”

“Você—”, Lucas franziu a testa.

Ao ouvir isso, Rosalinda se confundiu.

Lucas encorajou Rosalinda a usar o líquido negro demoníaco para suprimir a deusa dentro dela. Mas a visão mostrou uma reviravolta surpreendente: Lucas se opunha à ideia da deusa consumir o mesmo líquido negro? Por quê?

Rosalinda lutava para entender essa contradição. A deusa era meio-demônio, então o líquido a tornaria mais forte.

“Só eu posso absorver o líquido; ele me concederá magia. Esta magia ajuda a combater demônios. Eu pensei que você entenderia por que eu escolhi isso”, falou a deusa, seu olhar penetrante. “Você odiava sua própria espécie e matou inúmeros deles. Você, mais do que ninguém, deveria saber porque eu escolhi absorver esse líquido.”

“O líquido demoníaco revela o maior desejo dos demônios. Ele os torna mais vis, mais poderosos, sim, mas também mais vis e perigosos do que você pode imaginar”, disse Lucas. “Você não é como nós. Não sabemos que dano virá a você se continuar por esse caminho.”

“Você não confia em mim?” perguntou a deusa.

“Isso não é sobre confiança e você sabe disso.”

“Você confia em mim?”

“Eu confio.”

“Então, você acha que algo assim me afetaria?” a deusa bufou. “Eu posso ser humana e mais fraca que você, mas meu coração nunca vacilará. Meu ódio pelos demônios se manterá.”

O olhar de Lucas se tornou complicado.

“Eu vejo a dúvida em seus olhos,” disse a deusa. Ela suspirou e desviou o olhar. “Estou partindo. Eu confio que você não contará a ninguém sobre o que acabou de presenciar. Por favor, não toque mais nesse assunto.”

Com isso, ela deixou Lucas sozinho. Como Rosalinda só podia ver o que a deusa via, ela não pôde testemunhar a expressão de Lucas quando a deusa partiu.

Sua visão mudou mais uma vez, mostrando a deusa empunhando uma espada de fogo, lutando contra um demônio poderoso. Rosalinda notou os efeitos do líquido negro sobre a deusa—ela se tornou mais rápida, mais forte e mais corajosa. O fogo ao redor dela ardia enquanto ela lutava e matava demônios.

Outra discussão com Lucas se seguiu.

À medida que a deusa se tornava mais poderosa, Lucas parecia mais furioso. Ele parecia estar contra o mundo inteiro quando dizia para ela parar de consumir o líquido.

“Até quando você vai seguir com isso?” Lucas sibilou. Eles estavam discutindo novamente. “Até que sua raiva te consuma?”

A deusa encarou Lucas. “Você, Benjamim, nasceu da malícia e da luxúria. Você não tem direito de falar.”

“Isso não é sobre mim.”

“É sobre você!” a deusa insistiu. “Você não quer que eu seja tão poderosa quanto você. Você sempre quis ser o mais poderoso, o mais forte. Você não quer que eu tenha tanto poder que te intimide. Você queria ser o cavaleiro de armadura brilhante, me salvando de todos os outros. Bem, adivinhe? Eu não preciso ser salva! Eu posso me manter de pé sozinha e vou continuar fazendo isso para alcançar meus objetivos!”

Ela se virou para sair, mas Lucas a impediu. Ele agarrou seu braço, chamando seu nome. Então, sem dizer outra palavra, ela o esbofeteou.

O tapa ressonante interrompeu o silêncio da noite.

“Não ouse… não se atreva a me tocar”, ela sibilou, seus olhos quase queimando de raiva.

“Apenas demônios desenvolveriam suas habilidades após absorver o líquido,” disse Lucas.

“O que?”

“Demônios são os únicos capazes de usar magia após absorver o líquido. Somente eles se sentiriam bem, somente eles se tornariam ainda mais poderosos. Para a maioria dos humanos, o líquido é um veneno.” disse Lucas.

“Você está mentindo…”

“Eu nunca contei a ninguém o que você fez. Agora, todos pensaram que você era uma deusa, mas… você é simplesmente uma de nós. Um demônio.” disse Lucas.

“Pare de falar asneiras!”

“Então, pergunte a Belisarius!” disse Lucas. “Você nunca contou a ele sobre isso. Eu sabia que você nunca contou a ninguém porque pensava que talvez fosse apenas como eu; um demônio. Você deixou que eles pensassem que você é uma deusa e que você despertou sua habilidade por causa de quanto se importava com os humanos, mas isso é o suficiente. Vai te prejudicar. E eu não deixarei que você faça isso consigo mesma.”