508: Metas 508: Metas “Um homem de cabelos brancos?” O rosto de Ena Thun se contorceu enquanto ela olhava para o demônio à sua frente. A aparência do demônio ainda a repugnava, mas ela não tinha escolha a não ser fingir ser educada.

“Você o viu pessoalmente. Por que não me falou sobre esse homem?” Maledrax sibilou. “Se eu soubesse que havia alguém mais forte que você, teria sido mais cuidadoso!”

Por que ele estava culpando ela?

Ena apertou os lábios, lembrando-se de seu encontro nas Montanhas Uivantes. Ela sabia que os dois eram o mesmo, mas nunca esperou que o homem interferisse diretamente em seus negócios.

“Eu não sabia sobre esse homem,” ela mentiu sem pestanejar. “Eu nunca pensei que alguém como ele pudesse existir.” Ena sabia que se ela não usasse a surpresa para atacar aquele homem, ela nunca venceria. Por sorte, o homem não achou que ela ajudaria o demônio, e sua atenção estava totalmente voltada para o demônio. Caso contrário, ela teria tido muita dificuldade em acertá-lo.

Além disso, aquele único ataque quase custou sua vida. Foi um dos ataques mais fortes que ela já fez, tudo para salvar o demônio. No entanto, o demônio estava realmente culpando ela?

“Encontre-me um novo corpo,” o demônio exigiu. “Não um dos seus órfãos. Preciso de alguém mais forte para servir ao senhor.”

“E onde você quer que eu encontre outro corpo?” ela perguntou. “Você sabe muito bem que aqueles que podem suportar sua possessão são muito poucos.” Ela já havia tentado capturar indivíduos do império de Korusta, especialmente Lachlan Blaize.

Entretanto, seus planos eram constantemente frustrados por alguma força desconhecida. Rumores começaram a circular de que Lachlan estava abertamente em um relacionamento com um feiticeiro. Ena imediatamente suspeitou que o feiticeiro estava usando sua habilidade para ajudar Lachlan.

“Você não pode pegar aquele,” Ena acrescentou. Ela nunca permitiria que o demônio tomasse o corpo de Brinley, já que ela pretendia usá-lo como um sacrifício para abrir a barreira. Uma vez que isso acontecesse, ela teria todo o poder que pudesse imaginar.

“Hmph! Você deve encontrar outro. Ou prefere que eu continue andando por aí com essa aparência?” o demônio desprezou. Devido ao homem de cabelos brancos, o corpo que ele habitava atualmente havia sido gravemente danificado. Estava tão danificado que começou a se desfazer, revelando os ossos. Não demoraria muito para que ele se tornasse um esqueleto ambulante! Como ele poderia permitir que isso acontecesse?

Ena não disse nada. Ela sabia que o demônio não podia se curar, então ela entendia sua frustração. No entanto, ela realmente não conseguia encontrar outro corpo capaz de suportar as habilidades de um demônio.

Ela não podia pegar outro indivíduo abençoado, pois eles atrairiam muita atenção. Brinley era simplesmente uma exceção porque foi tolo o suficiente para brigar com seus pais e fugir de Sloryn.

Eles sabiam que Brinley estava com Ena e não se preocuparam em perguntar sobre ele, assumindo que ele voltaria em breve. Claro, Brinley ainda voltaria. No entanto, sua alma original seria perdida. A alma que ocuparia seu corpo seria a do Arquiduque—o demônio que lhe daria o poder que ela desejava.

“Antes do homem de cabelos brancos chegar, eu lutei com outras duas pessoas que podiam usar a bênção. No entanto… eu não os reconheci. Eles tinham cabelos pretos e cheiravam normalmente. Se eu não tivesse esbarrado neles enquanto queria comer alguma carne fresca, eu não teria sabido que podiam usar a bênção.”

“Duas pessoas?” Ena franziu a testa. “Descreva-os.”

Maledrax imediatamente descreveu a aparência de Elias e Valentin.

“Eu nunca ouvi falar de outras duas pessoas que podem usar uma bênção assim. Água e fogo? Os membros da Família Blaize se acham superiores e nunca concordariam em viajar com aqueles que podem manejar água. Além disso, como água e fogo poderiam criar um ataque que reforçaria as forças e fraquezas um do outro?”

“Eu não sabia que alguém da Família Blaize ousaria trabalhar com alguém que pode usar água.”

“Gelo,” Maledrax pronunciou. “A bênção daquele homem era diferente das outras. Era como se ele não estivesse usando água completa ou gelo completo, mas uma mistura de ambos. Eles são mais fracos que o homem de cabelos brancos. Seus corpos deveriam ser suficientes.” Maledrax acrescentou, “Eu os quero aqui.”

“Eu não—”
“Você ainda quer que a barreira se quebre? Você ainda quer o imenso poder que pode ter uma vez que ela seja quebrada?”

Ena Thun ficou sem palavras. Como de costume, o demônio estava usando o mesmo método para aliciá-la. Esse demônio achava que ela era estúpida?

Ela franziu a testa. “Eu farei o meu melhor para encontrá-los,” ela disse.

“É bom mesmo. Eu os quero aqui amanhã. Não posso mais usar este corpo.”

Ena assentiu, cerrando os dentes de irritação. Então ela deixou o demônio e caminhou em direção ao seu escritório.

Enquanto isso, Rosalinda não tinha ideia de que Elias e Valentin haviam se tornado alvos do demônio Maledrax. Ela acordou se sentindo mais leve. A pesadez que ela havia sentido naquele lugar havia desaparecido. Ela rapidamente se arrumou e levou Magda ao escritório de Lucas, ou o que restava dele.

“…” Rosalinda só pôde observar os soldados limparem o lugar. “Onde ele está?” ela perguntou a Denys, que supervisionava a limpeza.

“Peço desculpas, mas eu não sei…” Denys respondeu.

“O que aconteceu aqui?”

“Peço desculpas—”
“Deixa para lá…” Rosalinda suspirou.

“Elias e Valentin estão de volta,” Magda informou a ela. Ela não quis contar a Rosalinda as más notícias logo depois que ela acordou. Ela pensou que seria melhor para ela ver o Duque primeiro, ou que o Duque a informasse sobre o assunto. Quem poderia imaginar que o escritório do Duque estaria assim? “Eles estão atualmente na enfermaria.”

“Enfermaria?” Como era de se esperar, a face de Rosalinda azedou.

“Sim. Eles—”
Rosalinda não esperou que ela terminasse. Ela caminhou em direção à enfermaria. Ela não sabia o que havia acontecido no escritório de Lucas, mas suspeitava que poderia ter algo a ver com Elias e Valentin. Mas o que poderia ser?