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- Capítulo 499 - 499 Substância Escura 499 Substância Escura Uma hora atrás
499: Substância Escura 499: Substância Escura Uma hora atrás,
Propriedade Rothley, Wugari
— Você está aqui? — Rosalinda ficou surpresa ao saber que Lachlan Blaize e Josefina haviam vindo visitar. O terremoto havia acabado de diminuir cerca de uma hora atrás, então ela estava genuinamente curiosa sobre o motivo de eles estarem lá em vez de avaliarem o rescaldo do terremoto.
— Josefina tem algo a discutir — Lachlan afirmou prontamente. Como sempre, ele não fazia rodeios e ia direto ao ponto. Mas Rosalinda podia facilmente discernir que ele parecia perturbado, conflituoso, talvez até um pouco irritado.
— Aconteceu alguma coisa? — Rosalinda desviou o olhar para a mulher sentada ao lado de Lachlan, que estava olhando para ela desde que entrou na sala. — Magda, por favor, sirva-lhes mais refrescos — Rosalinda instruiu, percebendo que a comida na frente dos dois havia desaparecido. Ela sabia que era Josefina, mas não se demorou nisso, pois a mulher parecia ter um apetite voraz.
— O terremoto… — Josefina começou, com uma voz carregada de inquietude. — Eu vi algo perturbador. Uma barreira está à beira de se romper, e algo está desencadeando isso. Somente você pode nos ajudar.
— Hã? — Rosalinda franziu a testa. — A barreira nas Montanhas Uivantes? — ela perguntou.
— Sim.
— Então… como posso ajudá-los?
— Você deve ser capaz de sentir a fonte da perturbação — disse Josefina, com uma expressão muito séria.
— Não consigo sentir nada — Rosalinda respondeu.
— Não aqui… você deve ser capaz de sentir nas Montanhas Uivantes. Perto da barreira.
Rosalinda apertou os lábios enquanto memórias de suas experiências passadas nas Montanhas Uivantes inundavam sua mente. Ela tinha uma forte aversão a revisitar aquele lugar.
— Eu não acho que —
— Somente você pode sentir isso. Somente você deve ser capaz de sentir a escuridão — interrompeu Josefina.
Rosalinda cerrou a mandíbula. Em sua vida anterior, ela nunca havia experimentado tais terremotos e se perguntava se eles eram uma consequência de seu renascimento. Se sim, ela não deveria ter mais conhecimento sobre eles? Ela tinha alguma responsabilidade sobre eles?
Rosalinda não era ingênua o suficiente para acreditar que tinha que resolver todos os problemas decorrentes de seu renascimento, mas pensava que ganhar mais compreensão poderia ser o mínimo que ela poderia fazer.
— Certo — Rosalinda finalmente concordou. Os portais de teletransporte tornaram conveniente para eles chegarem ao Reino Rakha, onde poderiam se encontrar com Lucas e viajar para as Montanhas Uivantes.
— Você já esteve naquele lugar? — Lachlan perguntou.
— Uma vez — admitiu Rosalinda.
— Eu ouvi dizer que muitos podem entrar, mas poucos podem sair — Lachlan acrescentou.
— Você está enganado — Rosalinda lembrou-se das circunstâncias daquela vez e optou por não responder mais às perguntas de Lachlan.
Após a chegada em Rakha, eles prontamente solicitaram uma audiência com o Rei, que, naturalmente, concedeu o pedido. Porém, desta vez, o Rei não estava sozinho. O Príncipe Herdeiro e até a Princesa Isadora acompanhavam o monarca idoso.
Quando Rosalinda entrou no escritório, as memórias mais uma vez inundaram seus sentidos. Desta vez, uma imagem vívida se desenrolou diante de seus olhos: uma mulher de cabelos brancos longos e um rosto assustadoramente familiar.
Rosalinda havia encontrado essa mulher inúmeras vezes em suas recordações, mas nesta ocasião, a mulher parecia estranhamente distante. Seu olhar permanecia fixo no campo de batalha à sua frente, os braços erguidos em um gesto comandante enquanto raios e várias forças elementais choviam sobre os demônios que tentavam declarar guerra à humanidade.
Os cheiros de enxofre, fogo e vários elementos assaltaram os sentidos de Rosalinda.
Desta vez, ela escolheu se acalmar, estabilizar seu coração acelerado. Ela queria ver, entender mais…
…..
Tempo presente, Reino Rakha
Rosalinda apertou os olhos para a ilha, que agora se assemelhava a uma massa colossal de chamas à distância. As rachaduras ao redor da ilha estavam se alargando diante de seus olhos. Aninhada no abraço de Lucas, Rosalinda fechou os olhos com força, tentando abafar a dor que assaltava seus sentidos.
— Você deve ser capaz de sentir algo sombrio e pesado — as palavras de Belisarius ecoaram em sua cabeça. — Algo… triste. Emocional.
Por um momento, Rosalinda não conseguiu discernir nada além da pulsação em sua cabeça. As memórias persistiam, imagens piscando em sua mente, ameaçando sobrecarregá-la. No entanto, desta vez, ela resistiu a sucumbir a elas. Ela concentrou-se em suas emoções e seguiu as orientações de Belisarius.
Ela precisava descobrir algo significativo para ajudar. Algo… impregnado de melancolia e escuridão.
Em pouco tempo, ela começou a sentir o que estava procurando. Uma onda de melancolia a envolveu. Parecia que um cobertor pesado havia descido sobre sua alma, lançando uma sombra sobre seus pensamentos e sentidos.
Com os olhos ainda bem fechados, ela agora podia sentir a tristeza e a escuridão palpáveis que emanavam da ilha de chamas. Isso se estendia além do espetáculo de fogo diante dela; era uma atmosfera intensa e triste que saturava a própria essência do lugar.
O exterior flamejante da ilha parecia ocultar uma realidade mais profunda e sombria. Enquanto as fissuras no continente pulsavam e as chamas tremulavam, Rosalinda chegou ao entendimento de que havia de fato descoberto o que buscava — algo profundamente doloroso e obscuro, escondido sob a fachada ardente.
Contudo, no meio da melancolia e da escuridão avassaladoras, Rosalinda sentiu algo mais — uma presença elusiva, como um fio tecendo através do tecido das emoções, distante porém inconfundível.
Era semelhante ao ritmo batimento de um coração ao longe, um pulsar fraco mas persistente que a chamava para explorar mais a fundo.
“No sul!” Rosalinda exclamou. “Está… lá…” Ela apontou numa direção.
“Não é aquela a direção da Floresta Negra?” Belisarius perguntou. “Devemos ir em frente e verificar?”
“Você vai verificar. Não vê? Minha esposa está fraca no momento,” Lucas disse firmemente. Sem esperar outra palavra, ele desapareceu na frente de todos, deixando-os entregues a si mesmos.
“Isso—” Josefina piscou e olhou para Lachlan, depois para Huig e Belisarius. “Eu— Eu acho que ele está irritado.”
“Obrigado por dizer a verdade, feiticeiro,” Belisarius sorriu. “Vamos prosseguir e explorar o sul por conta própria?”
Antes que demorasse muito, Belisarius e os outros aventuraram-se em direção ao sul, mergulhando no coração da sinistra Floresta Negra. Para seu espanto, o cheiro de enxofre e uma densa névoa escura já engolfava a floresta. Mais inquietante ainda, outra camada de névoa parecia estar rolando do oeste, envolvendo a paisagem em uma névoa fantasmagórica.
Após uma inspeção mais detalhada, seus piores medos foram confirmados.
Demônios — hordas deles — haviam devastado impiedosamente o outrora orgulhoso Reino de Edepes. O alarme de Belisarius era palpável.
“De onde eles vieram?” Lachlan perguntou, seu olhar fixo na substância viscosa e negra que cercava as fronteiras do Reino de Edepes. Se suas suspeitas estavam corretas, essa substância sinistra havia não apenas consumido Edepes, mas continuava a se espalhar, deixando devastação em seu rastro.
O grupo trocou olhares ansiosos enquanto avaliavam a desolação que se abateu sobre o Reino de Edepes. A cidade outrora próspera e seus arredores agora jaziam em ruínas, um contraste marcante com a grandeza que um dia preenchera suas memórias.
“Precisamos descobrir de onde esses demônios vieram e como parar esta escuridão que se espalha. Não há tempo a perder,” Belisarius declarou, embora ele tivesse uma ideia de suas origens, não podia confirmar ainda.
“Não podemos simplesmente destruí-los?” Lachlan sugeriu, tentando usar suas habilidades de fogo contra a substância escura. Para sua surpresa, a substância parecia absorver seu poder. “Isso—”
“Nenhum dos elementos utilizados pelos humanos neste lugar pode tocar essa substância,” Belisarius explicou, sua expressão grave. “Precisamos destruir o coração, a relíquia usada para convocar os demônios.”
“Convocado-os?” Lachlan questionou.
“Esses demônios… eles não podem invadir este lugar enquanto a barreira estiver intacta. A única maneira de eles serem trazidos para cá é se alguém… os convocou,” Belisarius adicionou, virando-se para a feiticeira. “Não é verdade, Feiticeira?”
Enquanto isso, quando Lucas e Rosalinda chegaram à propriedade, Rosalinda preparou-se para o que ela esperava ser uma repreensão dele pela sua visita a Rakha. No entanto, isso nunca aconteceu. Em vez disso, ele a guiou até o quarto deles, aconchegando-a na cama com cuidado, e perguntou se ela precisava de algo.
“Eu sei o que aconteceu,” Rosalinda de repente soltou.
“O quê?” Lucas perguntou.
“Eu vi,” Rosalinda revelou.
A expressão de Lucas mudou, seus olhos se estreitando para ela. “O que você viu?”
“O passado. Eu vi aquela mulher… a vi mergulhando na magia das trevas para proteger a humanidade.” Ela havia juntado esses eventos após meses de vivenciar essas visões. Combinado com as informações de Belisarius, Lucas, e Atior, tudo começou a fazer sentido.
“Eu também sei por que ela compartilhou suas habilidades com seus amigos.”
“Ela não compartilhou suas habilidades com seus amigos, Rosalinda,” Lucas contestou, seu rosto impassível. “Elas foram roubadas dela.”
Ele estava enganado.
Rosalinda sabia de forma diferente. Aquela mulher não conseguia conter suas habilidades, então escolheu doá-las, ou pelo menos era o que ela havia deduzido daquelas memórias fragmentadas. No entanto, escolheu não divulgar essa informação. O que quer que tenha ocorrido no passado tinha pouca relevância para o futuro agora.
“Você não vai me repreender por ser tão curiosa?” Rosalinda perguntou.
“Isso é um pecado?” ele retrucou.
Desta vez, Rosalinda sorriu. “Eu não acho que seja.”
“Então não…” Lucas respondeu. “Você acha que eu sou tão superficial?”
“Bem…”
“Você precisava saber de certas coisas para tomar decisões informadas,” Lucas a interrompeu. Ela assentiu e sorriu. De alguma forma… ela sentiu algo quente em seu peito.