491: Pelo Bem Maior 491: Pelo Bem Maior Rosalinda permaneceu em silêncio, abstendo-se de falar mais. Na verdade, ela entendeu o ponto de Fraunces e até gostou. O contraste entre sua vida anterior e a atual era bastante divertido. Ao mesmo tempo, ela sentiu uma profunda gratidão por seu renascimento.

Do nada, Fraunces perguntou, “Então, quando será o casamento oficial?”

Rosalinda respondeu com uma expressão intrigada, “Como assim?”

“Como mulher, você não deveria se importar se ele não organizar um casamento?” Fraunces insistiu.

Rosalinda piscou, fixando o olhar em Fraunces por alguns momentos. Ela sabia que Fraunces já havia se casado, mas as celebrações foram perdidas devido à sua localização nas Montanhas Uivantes. Rosalinda ainda não havia conhecido o cônjuge de Fraunces.

Imediatamente, ela se perguntou por que Fraunces repentinamente trouxe à tona o assunto do casamento.

Confusa com o olhar dela, Fraunces questionou, “Falei algo de errado?”

“Não é nada,” Rosalinda respondeu com um sorriso.

“Então, não haverá um casamento? Nenhuma chance de vestir um belo vestido e caminhar pelo corredor?” Fraunces sondou.

“Você acreditaria se eu dissesse que já desejei um casamento assim?” Rosalinda retrucou. Em sua vida anterior, Jeames e ela tiveram um casamento dessa natureza. Jeames havia feito de tudo para realizar os desejos dela.

No final…

Rosalinda engoliu.

A lembrança de seu falecimento enviou um calafrio pela sua espinha. Décadas de casamento, apenas para tudo se desfazer no final. Tudo havia sido uma farsa. Tudo foi uma mentira.

“E?” Fraunces incentivou.

“Qual é o ponto de toda essa extravagância?” Rosalinda perguntou enquanto levantava uma sobrancelha.

“Como assim? Que extravagância?” Fraunces pareceu cética. “Afinal, este é o dia do seu casamento.”

“No final, o casamento em si realmente importa?” Rosalinda refletiu.

“O que você está dizendo?”

“Nada,” Rosalinda deu de ombros. No fim das contas, o casamento transcendia a cerimônia de casamento. Não se tratava do vestido luxuoso ou das festas grandiosas. Nem as opiniões dos convidados tinham tanto peso. Era sobre a união de duas pessoas.

“As pessoas estão falando…” Fraunces iniciou.

“Hm?” Rosalinda perguntou-se se Fraunces se referia a fofocas. Será que ela estava preocupada com os rumores em torno do casamento de Rosalinda?

“Muitos estão zombando da legitimidade do seu casamento,” Fraunces explicou. Observando a reação de Rosalinda, Fraunces pigarreou. “Não me entenda mal. Não me importo com a opinião dos outros sobre você. É sobre a propriedade e o Duque. Não quero que você manche a reputação dele.”

Fraunces desviou o olhar, suas bochechas traíam um leve rubor.

Vendo isso, Rosalinda ofereceu um sorriso delicado e também desviou o olhar. “Desde que não me prejudique,” Rosalinda respondeu. “O que meras fofocas podem fazer?”

“Além de insinuar que o Duque não valoriza sua esposa? Ou que ele se casou com você apenas para recusar ofertas de casamento de outros Reinos?” Fraunces expressou suas preocupações. Desde o papel crucial do Duque na salvação do Reino Rakha e do Império Aster, muitas famílias procuraram alianças com ele e a propriedade.

O casamento servia como o meio mais fácil de estabelecer essas conexões.

Com a introdução de portais de teletransporte em Wugari, as visitas ao Rei e à propriedade do Duque haviam disparado.

Embora mascarassem suas intenções como curiosidade e boa vontade, Fraunces não se enganava. Ela sabia que esses visitantes estavam averiguando sobre o status marital do Duque.

Normalmente, isso não seria um problema, já que o Duque não demonstrava interesse nessas pretendentes. No entanto, os rumores sobre a atual Duquesa tornavam isso mais complicado.

Isso naturalmente irritava Fraunces e as mulheres dos Quatro Grandes Pilares. Por causa disso, elas haviam estendido convites à nova Duquesa para encontros.

Contudo, Rosalinda recusou todos esses convites, alimentando ainda mais especulações sobre seu relacionamento com o Duque. Embora Fraunces não tivesse um apreço particular por Rosalinda, ela não permitiria que a difamassem.

“Você sabia que a Princesa de Rakha está de olho no seu marido?” Fraunces perguntou. “Se ela conseguir influenciar o Duque—”
“Isso não acontecerá,” Rosalinda interrompeu. “Agradeço sua preocupação.”

“E quem disse que estou preocupada?” Fraunces revirou os olhos. “Eu simplesmente não quero que ninguém manche a reputação do Duque. Agora você é a Duquesa; prove que você é a esposa dele e vá além de focar apenas na propriedade. Socialize com os outros.”

Rosalinda permaneceu em silêncio. Por algum motivo, isso parecia uma repreensão maternal.

“De qualquer forma, você deveria discutir um grande casamento com o Duque. Não permita que outras mulheres menosprezem a Duquesa da propriedade,” Fraunces aconselhou. A conversa então caiu em um silêncio contemplativo para ambas as mulheres.

…
“Vossa Graça, posso ter um momento para conversar?” A Princesa Isadora se aproximou de Lucas, seu olhar varrendo os poucos indivíduos por perto. Ela sorriu.

“Sua Alteza, precisa de algo?” Lucas perguntou.

“Eu desejava ter uma conversa em particular,” a Princesa admitiu. “Espero que o Duque não se importe.”

“De fato, eu me importo, Sua Alteza,” a resposta direta de Lucas surpreendeu aqueles que escutavam a troca deles. “Se você procura discutir assuntos comerciais, sugiro que coordene com Denys para marcar uma reunião. Quanto a assuntos pessoais, temo que não possa atender. Como um homem casado, não gostaria que nossa interação fosse mal interpretada, levando a qualquer dano à minha esposa.”

Isadora o encarou, surpresa. Ela acreditava que conversar com o Duque na frente de outros convidados seria mais simples. Ela havia tentado agendar uma reunião com ele, mas ele sempre parecia ocupado com desculpas como caça a feras. Ela sabia que essas eram falsidades, desculpas para evitar um encontro.

Assim, ela veio aqui, esperando engajar em uma conversa genuína. Ela nunca antecipou uma recusa tão direta e pública da parte dele. Como ele poderia humilhá-la, uma Princesa, na frente de todos?

“Há mais alguma coisa, Sua Alteza?” Lucas perguntou calmamente. O desinteresse era aparente em seus olhos.

“Eu— Vossa Graça, peço desculpas. Não pretendi criar mal-entendidos ou prejudicar sua imagem como marido. No entanto… o assunto que desejo discutir é de extrema importância. Por favor…” Apesar de sua arrogância usual, Isadora optou por se rebaixar pelo bem do continente.

Ela conteve seu orgulho e enfrentou o potencial constrangimento pelo bem maior deste continente.