Jogos da Rosie - Capítulo 426
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426: É Hora… 426: É Hora… Ena Thun aventurou-se mais profundamente nas profundezas da caverna, seus passos amortecidos pela terra macia sob suas botas. O ar tornou-se pesado e úmido, agarrando-se à sua pele como um sudário. A escuridão a envolveu, engolindo o espaço ao redor em um manto impenetrável. A única luz trêmula iluminando seu caminho vinha das velas dispersas que alinhavam as paredes irregulares do corredor subterrâneo.
O próprio corredor parecia estender-se infinitamente, suas paredes rústicas marcadas pelo tempo e pelo toque implacável da natureza. A umidade gotejava do teto, formando gotas brilhantes que ecoavam pelo silêncio ao caírem no chão desigual. O aroma terroso da umidade permeava o ar, misturando-se com o leve aroma da pedra envelhecida.
Imperturbável pela atmosfera sinistra, Ena continuou, sua determinação guiando-a pelo labirinto de passagens. As chamas dançantes das velas lançavam sombras dançantes, criando um espetáculo espectral de luz e escuridão. Cada passo que dava ecoava pelo espaço confinado, reverberando como sussurros no silêncio opressor.
Finalmente, após o que pareceu uma eternidade navegando pelo labirinto subterrâneo, Ena chegou ao seu destino — uma sala escondida aninhada profundamente no abraço da caverna. Antes que pudesse sequer erguer a mão para bater, a porta se abriu, um eco rangente quebrando a quietude. Surpresa, Ena hesitou, seus sentidos em alerta máximo.
À medida que a porta se abria mais, um suave brilho se espalhava, revelando o interior do cômodo.
“Entre,” a voz ecoou de dentro, convidando Ena para a sala. Ena avançou com determinação, sua presença preenchendo o espaço. “Você sabia que eu viria,” ela declarou firmemente. Um silêncio pesado envolveu o cômodo enquanto os olhos de Ena encontravam os de seu pai. O homem que ela admirou por toda a vida, agora confinado pelas paredes prisionais de barras de ferro.
“Por que você veio?” ele sussurrou, sua voz tingida com uma mistura de tristeza e resignação. O olhar de Ena endureceu ao avaliar o estado deteriorante de seu pai. Embora sua aparência sugerisse um homem de meia-idade saudável, ela conhecia a verdade. As Montanhas Uivantes lançaram uma sombra sobre sua vida, empurrando-o para um estado comatoso prolongado do qual ele só despertou para enfrentar episódios imprevisíveis de agonia e perigo.
A frustração tingiu suas palavras. “Federico Lux não é mais uma opção para ajudá-lo, Pai. Ele desapareceu sem deixar rastro.” Uma ruga se formou entre as sobrancelhas de seu pai. As Montanhas Uivantes mudaram seu pai. Ena, diante da realidade insuportável, fez a difícil escolha de confiná-lo nas profundezas do palácio, protegido dos olhos curiosos das famílias influentes.
Para manter as aparências, ela pediu a Federico Lux que fingisse curar seu pai. Em troca, ele daria a Federico o apoio de que precisava para sua obsessão com o passado.
“Eu poderia considerar procurar por Martin Lux, embora eu duvide que sua força frágil e influência limitada proporcione algum alívio à sua existência miserável,” ela declarou friamente, um vislumbre de desdém evidente em seus pensamentos sobre ele.
A voz de seu pai quebrou o silêncio, suas palavras ecoando com um tom assustador. “Então talvez seja a hora de eu abraçar o doce descanso da morte, pois é uma parte inescapável da vida.”
A revelação de Ena perfurou o ar após uma pausa tensa. “Eu enfrentei as traiçoeiras Montanhas Uivantes,” ela revelou, sua verdadeira intenção por vir a este lugar desvendada. “Mas as relíquias que você falou não foram encontradas. Em vez disso, as montanhas abrigavam criaturas horrendas, entidades demoníacas que atacariam sem misericórdia.” A imagem do homem de cabelos brancos passou diante de seus olhos, atiçando as chamas de raiva dentro dela.
Como esperado, a respiração de seu pai tornou-se superficial, e um lampejo de medo dançou em seus olhos. Sentindo sua agitação, Ena falou em um tom tranquilizador, tentando acalmá-lo. “Pai, encontre consolo no conhecimento de que retornei ilesa. Não há motivo para alarme.”
“Eu avisei você! Mantenha-se longe daquele lugar!” As palavras de seu pai foram preenchidas com urgência, seu olhar calmo agora afiado e feroz. “Eles já lançaram os olhos sobre você. Eles a perseguirão incessantemente, não parando por nada para encontrá-la.”
Perplexa, Ena perguntou, “Do que você está falando? Quem vai me procurar?”
A voz de seu pai eclodiu numa mistura de raiva e medo, reverberando pelo cômodo. “Ena Thun, sua tola!” ele vociferou, o furor em seus olhos ardendo intensamente. “Você não tem noção da gravidade das suas ações! Por que insistiu em procurar essas relíquias malditas? Não avisei que elas trariam apenas miséria para sua vida?”
O coração de Ena batia forte no peito enquanto testemunhava a transformação de seu pai. O cômodo, que antes parecia prisioneiro, agora parecia sufocante, sua atmosfera opressora se fechando ao redor dela.
“O que você quer dizer, Pai?” ela exigiu, sua voz trêmula com uma mistura de raiva e confusão. Se sua intuição estava certa, este era mais um dos episódios delirantes de seu pai. Se ele não queria que ela buscasse as relíquias, por que as expôs a ela? Por que revelou sua existência e permitiu que ela as estudasse? “Quem virá atrás de mim?” ela pressionou, sua paciência se esgotando.
Com um aperto firme nas barras de ferro, seu pai se inclinou para a frente, seus nós dos dedos ficando brancos. Suas palavras pingando com pavor enquanto ele sussurrava, “Eles são antigos, poderosos e implacáveis.”
A mente de Ena acelerava, tentando compreender o significado das palavras sinistras de seu pai. Desde seu despertar, ele vinha delirando sobre profecias e demônios, o que a irritava e frustrava. Ela queria dizer-lhe que já estava ciente dessas questões, mas as palavras permaneceram não ditas, presas dentro dela.
Em vez disso, ela se viu presa num olhar com seus olhos vermelhos como sangue, buscando respostas. “Eles me viram, você diz? E não pararão por nada até que me tenham em suas garras? Minha vida está em perigo, e aqueles próximos a mim sofrerão sua ira?” ela questionou, sua incredulidade ameaçando ceder à exasperação.
Ena sentiu vontade de revirar os olhos, cansada dos avisos repetitivos de seu pai. Mas ela manteve sua compostura, pois por trás de seu estado frágil, havia uma verdade oculta que demandava sua atenção. Uma verdade que ela não podia se dar ao luxo de ignorar.
“Você fala do homem de cabelos brancos?” ela perguntou, seu verdadeiro motivo para visitar seu pai finalmente emergindo. “Aquele que possui o poder de me derrotar em um instante? Fale-me sobre ele, Pai! Quem é ele?”
Para seu desgosto, o velho homem permaneceu em silêncio, seu olhar fixo nela. Logo, seus olhos ficaram vidrados, sua expressão se tornando vazia.
Observando esta cena tão familiar, Ena suspirou pesadamente. Ela sabia exatamente o que viria a seguir.
Como esperado, seu pai caiu no chão frio, seu corpo tomado por convulsões e tremores. Seus olhos rolaram para trás e seus dedos se fecharam apertados, um testemunho do tormento que ele suportava. Ele permaneceria preso neste estado comatoso por dias, tornando qualquer conversa adicional com ele impossível.
Que frustração absoluta!
Clicando a língua em irritação, ela deixou a instalação subterrânea opressiva sem dar outra olhada para seu pai. Determinada, ela fez seu caminho até seu estudo, seus pensamentos ainda consumidos pelo detestável homem de cabelos brancos que havia assassinado cruelmente o feiticeiro. A perda do conhecimento do feiticeiro representava um obstáculo formidável para a conclusão de seus experimentos.
Deveria ela abandonar seu plano audacioso de forjar um exército capaz de aproveitar o poder do relâmpago? Deveria redirecionar seus esforços para outro caminho?
A mera contemplação de tal escolha pesava muito sobre ela, intensificando a latejante dor de cabeça.
Ela suspirou exaustivamente, afundando em sua cadeira enquanto seus olhos cansados fixavam-se nos papéis espalhados pela mesa. O peso de suas decisões recaía sobre ela como um fardo sufocante.
“É hora…” uma voz arrepiante ecoou de repente por trás dela, sua presença atordoando seus sentidos. Sobressaltada, ela se encolheu, embora se abstivesse de se virar. A experiência a ensinara que não havia nada para ser visto. Não adiantava desperdiçar seu tempo.
“O que você quer desta vez?” ela exigiu, sua voz impregnada de irritação e desafio.
“Aquele que você prometeu,” a voz respondeu, seu tom pingando com intenção insidiosa. “Eu quero começar o processo agora.”
“Você espera que eu entregue Brinley Fleur para que você possa possuir seu corpo?” ela questionou, sua voz tingida com uma mistura de amargura e resignação.
“E que outra escolha eu tenho?” a voz retrucou, um tom de desespero infiltrando-se em suas palavras.
Em resposta, Ena não pôde deixar de bufar com escárnio. Ela já tinha uma abundância de fardos em seu prato, e esta exigência apenas servia para atiçar o fogo de sua raiva.
À medida que a presença sem forma se dissipava mais uma vez, Ena não pôde deixar de sentir uma mistura de alívio e irritação.
Demônios, ela zombou interiormente enquanto pensava no feiticeiro morto que a apresentou a essas criaturas!
Sem perder mais um momento, ela alcançou seu dispositivo de comunicação, seus dedos tremendo de antecipação. Com precisão calculada, ela discou um número e emitiu uma série de instruções para a pessoa do outro lado. Suas intenções precisavam permanecer ocultas dos olhos curiosos.
Ela organizou um encontro secreto com Brinley Fleur da estimada Família Fleur.
Ena sabia que Brinley tinha um caráter fraco e covarde. Com o conhecimento que ela possuía sobre o paradeiro de Lachlan Blaize, era uma alavanca perfeita para garantir sua conformidade.
Oh, como o poderoso herdeiro Fleur viria correndo até ela, movido pela necessidade desesperada de proteger seu parente. Mal sabia ele que uma vez que entrasse em sua teia, nunca mais seria o mesmo. Ena deleitava-se com a perspectiva de moldá-lo em seu peão, um instrumento de suas ambições.