Jogos da Rosie - Capítulo 425
425: Sacrificado! 425: Sacrificado! LONYTH
BASE DE ENA THUN
O estudo de Ena Thun era uma visão assombrada, preenchida com uma atmosfera que enviava calafrios pela espinha de qualquer um. O quarto estava mal iluminado, projetando longas sombras que dançavam pelas paredes. O ar estava carregado com o cheiro de livros velhos e o odor mofado de conhecimento negligenciado.
A desordem dentro do estudo apenas intensificava sua aura sinistra. Papéis estavam espalhados ao acaso pelo chão, criando uma tapeçaria caótica de informações. Livros estavam apoiados precariamente nas prateleiras, ameaçando cair a qualquer momento como se contivessem segredos perigosos demais para serem contidos. Penas quebradas e garrafas de tinta estilhaçadas estavam espalhadas entre os destroços, remanescentes da frustração de Ena.
A própria Ena era uma figura de intensidade. Seu rosto ostentava uma expressão sombria, gravada com linhas de estresse e determinação. Seu olhar penetrante, preenchido com uma onda de raiva sombria, parecia ver através das próprias almas daqueles que ousavam entrar. Era como se ela possuísse uma habilidade sobrenatural para penetrar os segredos mais profundos e as intenções mais obscuras dos outros.
Enquanto Ena Thun se sentava em seu estudo, um profundo senso de sede de sangue emanava do seu ser. Era palpável, uma força intangível que fazia até os mais corajosos estremecerem. Sussurrava de vingança e retribuição, uma fome que não conhecia limites.
No meio do caos, havia símbolos e diagramas rabiscados às pressas pelas paredes, aparentemente marcando o caminho da obsessão de Ena. Os sigilos distorcidos e as escritas enigmáticas contavam histórias de conhecimento proibido e rituais que deveriam ser deixados intocados.
Quando o olhar de Ena caía sobre sua mão que faltava, um sorriso malicioso se formava em seus lábios. O quarto se tornava carregado de uma energia perturbadora, e logo, pequenos estalidos de relâmpagos começavam a dançar e cintilar ao longo de seu braço restante. A desfiguração não a tinha privado de seu poder; apenas alimentava sua resolução.
“Você talvez pense que eu não posso mais controlar relâmpagos sem minha mão!?” ela sibilou, sua voz carregada de desdém venenoso. “Ingênuo!” A memória do homem de cabelos brancos que os havia atacado nas traiçoeiras Montanhas Uivantes consumia seus pensamentos. Ele era um enigma, uma entidade que ela nunca tinha visto ou ouvido falar antes. Como alguém de tão imenso poder poderia residir naquela ilha aparentemente insignificante?
A irritação de Ena crescera enquanto ela ruminava sobre o encontro deles. Por anos, ela acreditou que ela e o feiticeiro que a acompanhava estavam no ápice do poder, reinando supremos sobre seu domínio. No entanto, aquele homem havia arrancado sua chance de lutar, deixando-a fervendo com uma fome insaciável de vingança.
Justo quando seus pensamentos a consumiam, a porta do estudo rangeu se abrindo, e sua assistente entrou cautelosamente. Os olhos da assistente percorriam nervosamente pelo quarto desordenado como se o caos refletisse a ira de Ena.
“Você encontrou algo?” Ena sibilou, sua impaciência palpável.
“N— Nada,” balbuciou a assistente, medo e nervosismo evidentes em sua voz.
Num ímpeto de raiva, Ena convocou uma onda de poder bruto. Com um ESTRONDO ensurdecedor, um raio de relâmpago se chocou contra a parede logo atrás da assistente, deixando para trás uma marca chamuscada. “Você disse que possuía uma lista abrangente dos indivíduos mais poderosos deste continente! Como você não sabe quem aquele homem é?” A voz de Ena ressoava com fúria.
“Sua Santidade, verdadeiramente não há registro de tal indivíduo… Nem sequer ouvi um sussurro sobre um homem de cabelos brancos,” a assistente tremia, tentando desesperadamente aplacar sua mestre furiosa.
“Pois é melhor você descobrir quem ele é, ou sofrerá as consequências!” Outro raio de relâmpago explodiu contra as paredes, fazendo com que a assistente soltasse um gemido de terror.
“E— Eu farei o meu melhor!” a assistente gaguejou, sua voz cheia de medo genuíno.
“Faça!” O peito de Ena subia e descia com respirações rápidas, sua raiva fervendo logo abaixo da superfície. As memórias da batalha fatídica nas Montanhas Uivantes ressurgiam, assombrando sua mente. Ela não só tinha perdido sua mão esquerda, mas aquele homem impiedoso também tinha ceifado a vida do frágil feiticeiro que a acompanhava. A visita às montanhas havia se mostrado um cálculo catastrófico.
“Por que você ainda está aqui?” Ena ralhou, percebendo sua assistente se demorando perto da porta.
“R— Recebemos algumas notícias de que a Família Blaize está se preparando para a guerra,” a assistente gaguejou, sua voz trêmula.
“Humph!” Ena aceitou o arquivo que o feiticeiro passou, seus olhos brilhando com um lampejo frio e calculista. “Aquele velho realmente é cabeça quente. Que bom! Que se destruam uns aos outros! Só nós podemos colher os benefícios distorcidos que o caos traz!”
Os olhos de Ena se estreitaram em uma expressão perversa enquanto ela lia o restante do conteúdo do relatório. “Huh? Aquele inseto miserável Lachlan realmente sobreviveu?” Sua voz gotejou com desdém e incredulidade.
“Ainda temos que confirmar sua sobrevivência, Sua Santidade. No entanto, nossos informantes em Wugari reportaram ter visto um homem demonstrando habilidades extraordinárias baseadas em fogo, resgatando um punhado de indivíduos. Os incidentes chamaram bastante atenção,” a assistente respondeu, seu tom cauteloso. “Parece que ele estava acompanhado por uma mulher.”
“Outra feiticeira, presumo?” Ena perguntou, sua mente involuntariamente recordando a memória de Rosie, a mulher que o enigmático homem de cabelos brancos havia salvo. Os relatórios desencadearam uma faísca de incerteza, um pensamento incômodo no fundo de sua mente.
“Nenhum detalhe específico sobre o Duque ou Wugari foi descoberto. Nossos agentes não o avistaram nas proximidades. Rumores sugerem que ele poderia estar em treinamento nas terras do norte,” a assistente informou, sua voz entoada com um toque de incerteza.
“Ou talvez ele ainda se esconda nas traiçoeiras Montanhas Uivantes,” Ena sibilou, sua raiva ressurgindo enquanto ela rememorava os eventos angustiantes que se desenrolaram naquele lugar desolado. No entanto, o que realmente a pegou de surpresa durante sua jornada foi o alarmante número de demônios espreitando nas sombras. Poderia isso estar de alguma forma conectado à influência do Duque?
“Muito bem…” O tom de Ena amaciou enquanto ela se recompunha. A perspectiva iminente da Família Blaize iniciando guerra contra Sloryn conseguiu apaziguá-la. Oferecia um semblante de consolo no meio do caos. O que ela desejava agora eram os corpos sem vida de seus inimigos, e a Família Blaize provou ser o catalisador perfeito. Seu temperamento impulsivo e ingenuidade pavimentariam o caminho para o derramamento de sangue.
“Monte uma equipe para infiltrar Sloryn e assumir os papéis dos membros da Família Blaize. Provocar o povo de Sloryn, semear sementes de discórdia. Eu quero caos, e eu anseio por sangue,” Ena adicionou, seus olhos se estreitando com uma intensidade sinistra enquanto ela encarava o documento.
A calma perturbadora que a envolveu mascarou as intenções sombrias que se ocultavam por baixo. Enquanto o tumulto escalava, a barreira que os separava do poder ilimitado de relíquias antigas enfraqueceria. Com acesso a essas relíquias, sua força cresceria imensuravelmente. Ena se deliciava com o pensamento de aproveitar tal poder, independente do custo.
O estudo, uma vez sinistro e caótico, agora se tornara um refúgio de malevolência calculada. As paredes pareciam fechar-se, refletindo a crescente fome de Ena pelo domínio e sua sede pelos rios carmesins que fluiriam como resultado de suas ações.
O olhar de Ena fixou-se na assistente, sua expressão severa enquanto ela fazia uma pergunta crucial. “E os experimentos?” ela exigiu saber.
“Bem… desde o falecimento de sua excelência, numerosos experimentos ficaram inacabados,” a assistente respondeu com um indício de trepidação. “Aproximadamente sessenta indivíduos permanecem na segunda fase. Eles passaram por uma transformação onde seus corpos evoluíram, concedendo-lhes poderes além da manipulação de relâmpagos. No entanto, eles são incapazes de controlar estas novas habilidades. Para dez indivíduos, eles conseguiram materializar relâmpagos, mas o poder se mostrou excessivo, deixando-os marcados e desfigurados.”
As sobrancelhas de Ena se franziram em frustração. “Então, eles ainda não podem controlar e manipular os relâmpagos?” ela pressionou por confirmação.
“Eles continuam incapazes de controlá-los,” a assistente confirmou enquanto engolia em seco.
“Então, essas pessoas ainda são inúteis,” Ena murmurou com um toque de irritação. Sua atenção mudou para um novo tópico. “E quanto às crianças novas?”
“Elas são jovens demais, Sua Santidade. Iniciar a primeira fase dos experimentos seria prejudicial aos seus corpos frágeis,” a assistente explicou, tentando dissuadir Ena de seus desejos impulsivos.
“Comece,” Ena sibilou, sua voz gotejando com uma determinação inabalável.
“Sua Santidade, eu devo implorar que a senhora reconsidere. Sem a presença do feiticeiro, as crianças sofreriam dores excruciantes, e há um risco significativo de fatalidade,” a assistente protestou, preocupação genuína estampada em seu rosto.
“Então, você deseja morrer no lugar delas?” A voz de Ena cresceu fria e ameaçadora, e tentáculos de relâmpagos crepitavam ameaçadoramente ao longo de sua mão, enfatizando seu ponto.
“N— Não, Sua Santidade. Os experimentos serão realizados conforme a senhora comanda,” a assistente cedeu, seu medo superando suas reservas.
“Ótimo,” Ena zombou, suas intenções sombrias totalmente expostas. “Aquelas crianças foram trazidas à existência para este propósito específico. Não fale de dor quando o único propósito delas é serem sacrificadas!”
“S— Sim, Sua Santidade!” a assistente gaguejou, inclinando sua cabeça em submissão.
“Hmph! Deixe-me em paz!” Ena dispensou a assistente com um aceno de mão, seu rosto contorcido em uma expressão de determinação implacável. O estudo caiu em um silêncio sinistro enquanto ela ficava sozinha para se deleitar em seus planos sinistros.