Imprestável para Inestimável: A Companheira Rejeitada pelo Alpha - Capítulo 57

57: CAPÍTULO 57 57: CAPÍTULO 57 PONTO DE VISTA DA AMELIA
Li as palavras várias e várias vezes na esperança que mudasse. Pensei que talvez fosse eu que estava com dificuldade de enxergar, mas nunca mudou. O nome dele estava escrito em cursiva perfeita no rodapé e senti meu coração saltar no peito.

Por mais que odiasse admitir, ainda havia uma parte de mim que sentia algo por Blake. Detestava o modo como meu coração acelerava e ver esta carta transformou o temporal do meu dia em um furacão. Eu não sabia como ele conseguiu enviar uma carta para mim na matilha do Kaden, mas sabia que se Kaden descobrisse, ele ficaria furioso. Estava confusa sobre o que fazer ou para onde ir. Por um lado, eu queria guardar a carta, mas por outro, queria jogá-la no lixo e fingir que nunca a havia visto.

Clara voltou naquele exato momento com um corretivo nas mãos e suas sobrancelhas se arquearam quando viu as flores. “Essas são do Kaden? Esperava que ele te enviasse margaridas ou algo assim. Nunca pensei nele como um homem de enviar rosas.”

“Não são dele.”

Não adiantava mentir para Clara. Ela descobriria mais cedo ou mais tarde que não eram do Kaden. Não precisei dizer de quem eram porque a percepção se assentou em seu rosto. Ela colocou o corretivo na mesa ao nosso lado e cruzou os braços.

“Ele está aqui na matilha?” ela perguntou e eu dei de ombros. “Precisamos contar ao Kaden sobre isso.”

“Não,” minha resposta foi rápida. “Ele não precisa saber. Não vou responder à sua carta ou às suas flores.”

Pensei em como a carta era linda. Era curta, mas o resumo principal era que ele sentia minha falta e não via a hora de me ver. Não havia como Blake me ver novamente, a não ser se infiltrando na matilha, e eu sabia que Kaden provavelmente tinha seus homens procurando por Blake. Ele morreria assim que pisasse na matilha e ele sabia disso também. Ele nunca arriscaria aquilo.

“Que fique claro que sou totalmente contra isso,” Clara começou justo quando houve outra batida na porta. Ela foi verificar e me encarou seriamente. “É o Kaden.”

Olhei para as flores comprometedoras em minhas mãos e rapidamente a empurrei para que pudesse colocá-las em seus braços. Ela as encarou como se fossem uma bomba-relógio ou uma caixa nojenta.

“Por favor, fique com elas,” implorei. “Ele pode entrar no meu quarto e, se ele vê-las, ele descobrirá. Nunca te implorei por nada antes, Clara.”

Ela pareceu querer recusar, mas no último momento, virou-se e levou-as para seu quarto. Eu expirei profundamente e abri a porta para Kaden. Ele me ofereceu um pequeno sorriso e eu praticamente o arrastei para dentro de casa. Não queria arriscar alguém o ver e contar para Lucy.

“Sei que não deveria estar aqui, mas eu precisava te ver,” ele começou assim que se sentou no sofá. “Por que cheira a flores aqui?”

“É um novo perfume que a Clara está experimentando,” eu disse rapidamente e ele murmurou algo. Fui até ele e me sentei ao seu lado. “Estou feliz que você veio. Como você está?”

“Estou bem, queria te fazer uma proposta,” fiquei intrigada então murmurei. “Estava pensando que talvez você pudesse trabalhar no meu escritório. Seria uma boa ideia passarmos algum tempo juntos.”

“Eu adoraria isso, mas não podemos. A Lucy trabalha lá também e ela ficaria desconfiada. Não quero problemas, Kaden.”

Ele soltou um suspiro e murmurou um palavrão baixinho. Ele sabia que eu estava certa. Passou as mãos pelo rosto em frustração óbvia e eu entendi por que. Era difícil andar às escondidas e eu odiava isso, mas era necessário por enquanto. Havia muitas coisas no nosso caminho e Lucy era apenas a ponta do iceberg.

“Quero te ver todos os dias,” ele murmurou me fazendo rir baixinho. “Vou acertar as coisas. Você merece ser tratada como uma rainha e não como um segredo sujo. Odeio ter que te esconder de todos.”

Estendi a mão e entrelacei nossos dedos. “É apenas uma questão de tempo. Por enquanto, aguento.”

Ele se inclinou para beijar o dorso da minha mão, mas parou. No meu ímpeto de confortá-lo, eu havia estendido a mão que Lucy havia agarrado e o hematoma estava evidente contra minha pele clara. Kaden soltou um rosnado profundo no peito. Tentei puxar minha mão, mas ele não deixou.

“Quem fez isso com você?” sua voz estava fria e severa, em contraste direto com a suavidade com que acariciava minha pele.

“Não importa. Foi só um acidente.”

“Um acidente,” ele rolou as palavras em sua língua como se as testasse e eu sabia que ele não acreditava em mim. “Me diga quem acidentalmente fez isso com você. Não vou machucá-los ou algo assim, só quero conversar.”

“Você não pode fazer isso, Kaden. Por favor, deixe pra lá. Não quero mais discutir isso.”

” foi Aiden?” a raiva em sua voz mal podia ser contida e meus olhos se arregalaram. Não queria que ele machucasse pessoas inocentes.

“Foi a Lucy. Prometo que não é o que você está pensando. Por favor, não faça disso um grande problema.”

Ele se inclinou e deu um beijo suave em meus lábios uma vez, depois duas. Quando ele se afastou, seus olhos estavam frios como gelo e ele sorriu suavemente para mim. Ele se levantou imediatamente e começou a ir em direção à porta, mas eu corri para ficar na frente dele. Estava absolutamente aterrorizada de estar na frente de um Alpha enfurecido.

Ele poderia me machucar e seria minha culpa, mas não conseguia me mover. Se saíssemos com sua raiva, ele arriscaria fazer algo que se arrependeria e eu estava disposta a me colocar em risco para evitar isso.

“Se você for até ela agora então estará deixando ela saber sobre nós,” eu o adverti. “Essa não é a maneira que você quer que ela descubra.”

“Não me importo com isso. Ela te machucou.”

“Me importo. Não quero que você faça isso, por favor Kaden.”

Esperava que ele me ouvisse. Quando ele ergueu a mão, eu estremeci com medo de que fosse me jogar para o lado, mas ao invés disso, ele a colocou na parede ao lado de minha cabeça.

“Você realmente quer que eu a deixe em paz?” ele perguntou e eu concordei. “Ok, se isso é o que você quer então tudo bem, mas saiba disso, se ela colocar a mão em você novamente, não vou te ouvir. Você entendeu?”

“Entendi, obrigada.”

Ele me puxou para seu peito e enterrou o nariz em meus cabelos. Permiti que ele me abraçasse e inspirasse fundo. Dizem que o cheiro do seu companheiro tem a capacidade de acalmar você além das medidas e de alguma forma eu sabia que era exatamente isso que Kaden estava fazendo naquele momento. Ele estava usando meu cheiro como um meio de se acalmar e eu permiti.

Naquele momento, percebi o quão certos estavam meus instintos mais cedo. Eu sabia que esse dia seria explosivo, mas não pensei que seria tão ruim. Se Kaden descobrisse sobre as cartas, teria sido pior. Só podia imaginar a carnificina que ele teria causado com esse conhecimento.

Ele se afastou de mim e segurou minhas bochechas com as mãos. “Espero que você saiba o que está fazendo.”

“Eu também espero.”

Ele se inclinou e me beijou suavemente. “Antes de tudo isso, havia algo que eu queria te perguntar. Haverá uma reunião com alguns Alphas e seu pai estará lá. Não confio que o garoto não tente te encontrar aqui enquanto isso acontece, então quero que você venha comigo.”

“Como você vai explicar isso?”

“Vou dar um jeito. É daqui a dois dias e tudo que preciso é de um ok seu.”

“Ok.”

Ele se inclinou e me beijou mais uma vez. “Apenas espere minha ligação.”

Kaden saiu logo depois e Clara saiu do corredor. Por sua expressão, eu sabia que ela estava ouvindo a conversa. Ela entrou na sala e se sentou no sofá como se nada tivesse acontecido, mas eu sabia que havia algo que ela queria dizer.

“O que foi?” eu perguntei e ela deu de ombros inocentemente. “Não faça isso, eu sei que você tem algo a dizer.”

“Você tem o Kaden enrolado no seu dedo. Eu te amo como uma irmã, mas Kaden é meu irmão. Por favor, não o machuque.”

Não havia ameaça em suas palavras, mas havia um tom subjacente, um que dizia que ela lutaria até a morte por ele. Não a culpava por suas palavras, eu teria feito o mesmo se estivesse em seu lugar. Em vez disso, acenei para deixá-la saber que eu entendia e mostrei com meus olhos que não tinha intenção de machucá-lo.

“Suas flores estão no meu criado-mudo. Você as quer?”

Hesitei por um segundo. Poderia pegá-las, mas e depois? Não queria aceitar o presente de Blake tão facilmente. Uma parte de mim estava furiosa por tudo que ele fez e aceitar seu presente seria como perdoá-lo. Eu não estava pronta para fazer isso.

“Jogue no lixo.”

Pude dizer que minha resposta foi a correta porque o canto de seus lábios se levantou. “E quanto à carta? Você gostaria que eu descobrisse como ele conseguiu entrar na matilha? Tenho amigos em lugares altos. Poderia resolver isso sem Kaden descobrir.”

A oferta era tentadora e quase aceitei, mas sabia que se descobrisse como Blake estava se comunicando comigo, então seria tentada a retribuir, então sacudi a cabeça.

“Queime a carta, não quero saber mais dele.”

O sorriso dela se alargou. “Seu desejo é uma ordem.”