Imprestável para Inestimável: A Companheira Rejeitada pelo Alpha - Capítulo 115

115: CAPÍTULO 115 115: CAPÍTULO 115 P.O.V. DO KADEN
Era como uma tortura esperar lá embaixo enquanto ela se arrumava no andar de cima sabendo que ela me queria. Precisei de toda a minha energia para me impedir de subir aquelas escadas e tomá-la da maneira que ambos desejávamos. Embora a ideia fosse tentadora, eu precisava fazer melhor por ela. Eu precisava tratá-la direito e isso não ia acontecer se a cada vez que estivéssemos juntos, estivéssemos nos devorando. Ela era inebriante, mas eu precisava aprender a conversar.

Esperei impacientemente até vê-la descendo as escadas. Seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo bagunçado com alguns cachos emoldurando suas bochechas. Ela usava jeans colados que abraçavam suas curvas como uma segunda pele e uma blusa que parecia tão macia que tinha certeza de que poderia rasgá-la com um puxão. Eu vi seus olhos percorrerem a sala e quando ela me viu, ela soltou um suspiro de alívio. Partiu meu coração saber que eu a tinha feito chegar ao ponto de duvidar de minhas palavras. Eu sabia que levaria um tempo para voltar ao ponto em que ela me confiasse cegamente, mas eu estava determinado a fazer o trabalho que isso exigia para chegar lá com ela.

“Para onde estamos indo?” ela perguntou, mas eu apenas dei de ombros. A verdade era que eu não sabia.

Tudo o que eu sabia era que um minuto eu estava tentando sair de casa e no próximo, eu tinha essa dor lancinante no centro do meu peito e foi como se a realidade caísse sobre mim num flash. Eu estava deixando a mulher que amava por algo tão insignificante quanto o trabalho. Eu estava arriscando a felicidade da minha companheira para atender ao trabalho da matilha que podia sobreviver sendo deixado de lado por mais um dia. Corri de volta para a casa antes mesmo de perceber o que estava acontecendo e me joguei aos pés dela.

Eu podia vê-la me olhando ansiosamente e eu sabia que precisava pensar em algo rapidamente. Eu não era um homem de muitos hobbies, ela já sabia de tudo que havia para saber sobre minha vida e as coisas que eu amava fazer. Eu apenas a conduzi até o carro e comecei a dirigir. Ela amava lugares tranquilos com livros e história, mas eu não poderia muito bem levá-la a uma biblioteca ou livraria, então continuei dirigindo até chegar ao parque. Havia uma parte do parque que era isolada do público geral e eu sabia que seria perfeita. Era o tipo de lugar que a Amelia adoraria por ser tão reservado e íntimo. Não havia preocupação de pessoas se aproximando e nos interrompendo.

Ela absorveu o ambiente com olhos arregalados enquanto eu abria as portas para ela. Ela gentilmente pegou minha mão estendida e permitiu que eu a ajudasse a sair. Ela não estava falando e, pela primeira vez em muito tempo, eu não conseguia ler sua expressão. Não conseguia dizer se ela odiava ou amava aquilo. Eu a conduzi em direção aos patos e compramos um pacote de pão de um dos vendedores.

Assim que ela viu os patos, seus olhos se arregalaram de encanto. “Eles são tão lindos, meu Deus, eu queria poder acariciá-los.”

“Você pode alimentá-los,” eu ofereci, estendendo o pacote de pão para ela e ela não perdeu tempo antes de arrancá-lo da minha mão e correr para alimentá-los.

Eles pareciam amá-la e eu podia dizer que ela estava tendo o momento de sua vida porque sua risada ecoava ao vento. Era um som melódico e eu queria me afogar nele. Não tenho certeza de como aguentei todas aquelas semanas naquele hospital abafado sem vê-la e observá-la tão livremente. Era meu primeiro dia em semanas que eu não estava no hospital e embora houvesse um sentimento incômodo no meu peito me dizendo para voltar, eu sabia que tinha feito a escolha certa.

Desliguei meu telefone e me juntei à Amelia perto dos patos. Eles não pareciam gostar de mim tanto quanto gostavam dela e a maioria me ignorava em favor dela. Ela riu disso e honestamente, eu não podia culpá-los, eu também gostaria mais dela. Quando percebi que eu era mais um estorvo do que uma ajuda com os patos, eu me desculpei para ir buscar alguns lanches para nós.

Optei por corndogs e batatas fritas e enquanto estava pagando, ouvi um grasnar alto atrás de mim. Virei-me para ver um grande pássaro pousado em um dos galhos mais baixos. Ele estava olhando para mim com olhos inteligentes e eu imediatamente soube que era da Clara. Revirei os olhos e acenei para que ele fosse embora, mas ele não se mexeu.

“Corta essa, Clara, é rude espionar as pessoas,” eu repreendi e o pássaro apenas piscou para mim duas vezes. Para um estranho, eu teria parecido louco, mas eu sabia que Clara poderia me entender. “Pare de nos espionar, estamos bem sem você.”

Eu poderia jurar que o pássaro bufou antes de se virar como se fizesse um gesto em direção à Amelia. Decidi que estava farto de conversar com um maldito pássaro e mostrei-lhe o dedo do meio. O pássaro voou depois disso, dando-me a privacidade necessária que eu desejava. Eu voltei para o lago onde Amelia estava agora sentada de pernas cruzadas no chão enquanto observava os patos com fascínio.

“Acabou o pão,” ela explicou quando me viu se aproximando. “O que te demorou tanto?”

“Clara e seus pássaros,” eu expliquei e seus olhos se arregalaram em compreensão. Eu a vi olhando ao redor cuidadosamente, mas coloquei minha mão sobre a dela. “Ela se foi agora, eu disse para nos deixar em paz.”

Ela soltou um suspiro de alívio. “Eu nunca percebi o quão invasivos os dons dela podiam ser. Ela sempre espia você?”

“Mais do que eu gostaria de admitir,” eu murmurei. “Ela faz isso com o Caleb mais ainda. Acho que ela só gosta de irritá-lo às vezes.” Ela riu disso e eu senti orgulho crescer no meu peito pelo conhecimento de que consegui arrancar aquele som dela. Eu queria fazê-lo repetidamente.

Como se soubesse onde meus pensamentos estavam indo, ela limpou a garganta e desviou o olhar. Eu lhe entreguei a comida e ela a pegou de mim tomando cuidado para que nossa pele não se tocasse.

“Você disse que precisávamos conversar.” Ela começou lentamente enquanto mordiscava seu corndog. “Eu não espero isso todos os dias se é isso que está preocupando você. Hoje é divertido, mas eu sei que você não vai poder se comprometer com isso.”

“Amelia,” eu a interrompi e ela se calou. “Eu amo você, mas às vezes você só precisa me deixar falar, por favor.” Ela instantaneamente ficou em silêncio e eu suspirei. “Não tenho intenções de começar algo que não posso terminar e embora seja impossível passar cada hora do dia com você, eu quero ter certeza de que você nunca duvide de nós.”

“Eu não duvido,” ela mentiu e eu lhe dei um olhar sem graça ao que ela suspirou. “Eu não duvido de nós, só duvido que eu signifique tanto para você quanto gostaria de pensar.”

“Isso é completamente minha culpa e eu sinto muito por isso. Se eu pudesse voltar no tempo e-”
“Não,” ela me interrompiu. “Você não pode mudar o passado, então não se preocupe com suposições. Apenas concentre-se no agora e faça o que puder para garantir o futuro.”

Eu não pude evitar de sorrir. “Quando você ficou tão sábia?” eu brinquei e ela deu de ombros.

Ela se inclinou e me beijou suavemente. Era hesitante e eu fiquei parado para permitir que ela estabelecesse o ritmo que queria. Eu a segurei perto tentando ignorar o quão perfeitamente seu corpo se encaixava no meu e o quanto eu a queria. Ela se afastou quando o beijo parecia estar esquentando e então ela congelou. No início, pensei que fiz algo errado, então eu segurei suas bochechas.

“Você está bem? Tem alguma coisa que-” Percebi que sua atenção não estava em mim, mas sim em algo atrás de mim. Olhei por cima do ombro apenas para ver alguém parado ali. “Olá, Aiden.”

P.O.V. DO AIDEN
Eu tinha visto apenas a Amelia mais cedo e ela ainda estava alimentando os patos, então imaginei meu choque quando me aproximei e percebi que o Kaden estava com ela. Ele a olhava como se fosse pessoalmente responsável por manter as estrelas no céu e eu não pude evitar de revirar os olhos para isso. O amor era uma maneira certa de te matar nesse mundo e o fato de que ele era um Alpha e ainda tinha que aprender isso era impressionante.

Amelia estava me assistindo com olhos cautelosos como se estivesse esperando que eu atacasse a qualquer momento e se Kaden não estivesse aqui talvez eu o fizesse, mas eu não podia arriscar fazer nada, especialmente não quando ele me entregaria numa bandeja. Em vez disso, eu lhes mostrei um sorriso e fingi estar chocado ao vê-los.

“O que vocês estão fazendo aqui?” perguntei, mas ambos me ignoraram. “Não esperava ver ninguém aqui. Ouvi algumas vozes e decidi verificar.”

“Estávamos tendo um momento privado,” Kaden ironizou e eu resisti à vontade de revirar os olhos para ele. “Foi bom te ver, mas acho que você já pode ir agora.”

Enfiei minhas mãos nos bolsos e fechei os punhos para me acalmar. “Eu estava apenas tentando ser gentil, não há motivo para ser rude. Caso tenha esquecido, somos família.”

Kaden bufou, mas antes que ele pudesse falar, Amelia interveio. “O que o Kaden quis dizer é que nós apreciaríamos menos interrupções agora e talvez possamos retomar isso outro dia.”

Antes que eu pudesse responder, meu telefone tocou e eu o tirei apenas para ver aquele número familiar. Não estava esperando uma ligação dele até o fim de semana e embora quisesse terminar minha conversa com Kaden e Amelia, eu sabia que ele não gostava de ser deixado esperando.

“Acho que hoje é seu dia de sorte então,” brinquei antes de fazer uma reverência de brincadeira. “Nos vemos mais tarde.” Eu me afastei e esperei até estar a uma boa distância antes de atender. “Você nunca ligou tão cedo antes.”

“Eu queria verificar o status das coisas,” era bem típico dele pular as gentilezas.

“Ainda não consegui fazer isso, o Kaden está por perto por algum motivo estúpido. Não sei porque ele simplesmente não fica no hospital. Vou dar um jeito de fazer, você pode confiar em mim.”

“Sobre isso, eu mudei de ideia,” fiquei chocado ao ouvir isso e olhei para o telefone para ter certeza de que estava vendo o número certo. “Não a mate, sequestre-a em vez disso.”

“Você está brincando? Você estava determinado a querê-la morta e agora que eu finalmente me ofereço para fazer isso por você, você está-”
“Você consegue fazer ou não?” ele me interrompeu e eu praguejei.

“Seja lá como for, vou ver o que posso fazer.”

“Se eu quisesse alguém que fosse falhar, eu teria conseguido outra pessoa. Espero que você a capture e a traga para mim em breve. Não gosto de ser deixado esperando, Aiden. Lembre-se, sua identidade está em jogo.”