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Capítulo 907: Visita Inesperada
Continente Ocidental, Cidade de Vorandis
Havia apenas alguns meses desde a última visita de Mira a Vorandis, mas as mudanças que aconteceram foram substanciais. Claro, Maria, mais conhecida como “A Santa,” estava geralmente no centro de tudo. Desta vez não era diferente.
No entanto, o motivo por trás de sua crescente fama não era como antes.
Por volta do tempo em que Maria avançou para o Reino da Transformação da Alma, sua atitude teve uma mudança drástica.
Se antes, ela fazia aparições públicas todos os dias, pelo menos. Agora, as pessoas teriam sorte se pudessem vê-la uma vez por semana. Mesmo quando o faziam, havia um contraste gritante em comparação com como ela estava agora versus alguns meses atrás.
Ela parecia muito mais deprimida, não mais iluminando o ambiente com seu sorriso. Ela ainda desempenhava seu dever como o rosto de sua organização, e ainda fazia seu trabalho, mas algo estava diferente.
Na Cidade de Vorandis, a mudança na postura de Maria se espalhou como fogo, incitando preocupação e especulação selvagem entre a população. Cidadãos se reuniam em pequenos grupos apenas para falar sobre o que poderia estar acontecendo com sua Santa residente e se havia algo que eles poderiam fazer para ajudar.
“Você viu A Santa ultimamente? É como se a luz tivesse saído dos olhos dela,” uma mulher comentou para sua companheira enquanto se moviam pelo mercado lotado.
“Sim, eu também percebi. A última vez que ela apareceu na praça da cidade, ela parecia… distante, quase como se sua mente estivesse em outro lugar,” a outra respondeu, sua voz tingida de preocupação.
Em uma taverna local, o assunto dominava as discussões, com os frequentadores teorizando sobre a causa da súbita mudança de Maria.
“Ouvi do meu amigo que é próximo de um dos trabalhadores do Santuário que ela tem tido pesadelos,” um homem afirmou, sua voz ecoando sobre o burburinho da conversa. “Às vezes, se você ouvir atentamente, pode até ouvir seus gritos ocasionais à noite.”
“Pesadelos? Você é burro? A probabilidade de que ela durma à noite já é baixa, quanto mais ter pesadelos! Aposto que ela está apenas tentando estabilizar as mudanças que seu novo avanço de Reino trouxe. O Reino da Transformação da Alma não é algo para se levar na brincadeira, afinal.” outro rebateu, balançando a cabeça de forma despreocupada.
“…Eu acho.”
No meio da especulação, uma figura coberta com um manto verde escuro e armadura leve andava pela cidade, absorvendo todas as conversas. Era alguém que nem Mira nem Maria esperariam que viesse a Vorandis.
Embora se conhecessem há anos, ainda parecia fora de caráter.
Celaine fez seu caminho por Vorandis com um propósito único. Ela tinha ouvido falar dos problemas de Maria e, apesar de terem se distanciado após entrar na Seita das Donzelas de Batalha, sentiu uma urgência irresistível para ver o que estava acontecendo.
A primeira parada de Celaine foi na sede da organização de Maria. Ela jogou seu capuz para trás e caminhou em direção a O Sanctum. Os guardas na entrada assentiram com sua aproximação, reconhecendo seu rosto.
“Estou aqui para ver Maria,” Celaine declarou, sua voz firme e não deixando espaço para argumentos.
Um dos guardas engoliu em seco, assentindo rapidamente. Ela podia sentir que Celaine definitivamente não estava ali a trabalho, mas não era seu lugar investigar. “Por favor, me siga. Vou levá-la até ela.”
Os corredores do complexo estavam estranhamente silenciosos enquanto Celaine seguia o guarda, seus passos ecoando contra o piso de pedra. Eles chegaram a uma grande porta, por trás da qual Celaine podia sentir uma mistura tumultuada de emoções.
O guarda abriu a porta e rapidamente deu um passo para o lado, permitindo que Celaine entrasse. A sala estava escurecida, com uma única figura sentada em uma vasta escrivaninha, de costas para a porta. Era Maria, sua postura desanimada, muito diferente da líder vibrante que era conhecida por ser.
Maria se virou com o som da porta, seus olhos se arregalaram levemente ao ver Celaine. Por um momento, nenhuma das duas falou. Havia algum tempo desde que estiveram em um cenário de um-a-um como este. Felizmente, Maria ainda era Maria, mesmo que estivesse um pouco diferente.
“Celaine… o que te traz aqui?” a voz de Maria era um sussurro, quase inaudível.
“Ouvi dizer que você não estava indo muito bem, Maria. Quero saber por quê. O que aconteceu com você?” O tom de Celaine estava mais suave que o usual, um traço de preocupação genuíno rompendo sua postura habitualmente estoica.
“…” Maria ficou em silêncio.
Como ela deveria responder aquilo? No geral, ela estava bem. Sua organização estava expandindo bem, e ela tinha acumulado uma grande quantidade de riqueza. Seus subordinados estavam se tornando mais habilidosos, não apenas em lutar mas em todas as ocupações secundárias também.
Sua força estava melhorando mais do que ela jamais imaginou ser possível. Seu tempo no Reino Secreto da Convergência do Ascendente Primal havia sido extremamente benéfico, sem falar que ela poderia usar quantas Pedras Espirituais, tesouros, pílulas, etc., quisesse, com o quão rica ela era.
Sábio Aila, sua mestra, havia passado tudo o que sabia, todas as técnicas que tinha, e até ajudou a criar algumas das suas próprias. Não era errado dizer que no inteiro Continente Ocidental, poderia não haver melhor curandeira do que ela.
Considerando tudo, ela estava indo mais do que bem. Tudo estava melhorando exceto por uma coisa.
“Se está levando tanto tempo assim para responder, você deve não estar bem,” Celaine disse antes que Maria pudesse responder. Ela sentou na escrivaninha, brincando com os pequenos trinquetes espalhados, então voltou sua atenção de volta à beleza de cabelos loiros. “Estou supondo que tenha algo a ver com Mira? Duvido que você estaria agindo assim se fosse qualquer outra coisa.”
“Eu-” Maria apenas abriu a boca, apenas para ser interrompida.
“Estou supondo que algo aconteceu nesse Reino Secreto. Eu não vi ou senti você de antemão, mas senti sua presença por um momento depois que saímos. Você não é forte o suficiente para passar despercebida por todas aquelas bestas, e a única pessoa que eu conheço que poderia te levar para um lugar desses seria Mira. Além disso, até Mira parecia um pouco desorientada depois. Não há necessidade de esconder nada de mim. Seja direta.”
“…” Os olhos de Maria se arregalaram e sua boca se abriu. Ela havia sido amiga de Celaine por vários anos agora, e ela poderia jurar que era a maior quantidade de palavras que já a tinha ouvido dizer de uma só vez.
Suspirando, Maria balançou a cabeça com um sorriso irônico. “…Sim. Você está certa. Algo aconteceu. E, sinceramente, não tenho certeza de como processar isso.”
“O que ela fez?” Celaine perguntou, mas Maria apenas deu um olhar estranho.
“Hmmm… É difícil dizer se é realmente culpa da Mira ou não. Quero dizer, é, mas ela não tinha escolha. Não-! Ah… O que quero dizer é que…” Ela fez uma pausa, olhando Celaine diretamente nos olhos.
“Eu morri.”
“….Hã?” O cérebro de Celaine congelou.
“Isso mesmo.” Maria soltou uma risada dolorida, olhando para o espaço. “Eu morri, e Mira foi quem me matou.”
“…Talvez aquele cara estava certo, e você realmente está tendo pesadelos,” Celaine murmurou, sentindo como se Maria estivesse brincando com ela. Embora sua expressão dissesse o contrário, dizer algo como ‘eu morri’ quando ela estava literalmente sentada bem na sua frente era um tanto quanto absurdo.
Maria riu, não se ofendendo com o ceticismo da amiga. “Eu sei que é difícil de acreditar, comigo estando muito viva agora, mas realmente aconteceu. Por… eu não sei quanto tempo eu realmente estive morta. Não inconsciente ou qualquer coisa assim, mas morte verdadeira. De fato, eu estava consciente de tudo, até a parte em que fui cortada ao meio e depois reconstruída.”
Celaine ficou imóvel, o trinquete em sua mão momentaneamente esquecido enquanto ela processava a confissão de Maria. Seus olhos buscavam em Maria qualquer sinal de brincadeira, mas não encontraram nenhum – apenas uma profunda tristeza e uma profundidade assombrosa que não estava lá antes.
“Você… morreu,” Celaine repetiu lentamente, cada palavra pesada com incredulidade. “E Mira… foi ela quem te matou. Isso é mesmo possível?! Você está aqui, está viva!”
Maria suspirou, encostando-se na sua cadeira, o peso de suas memórias a pressionando. “É uma longa história, Celaine. Mas o resumo é que eu fui teleportada para algum lugar escuro, o que parecia ser um grande conjunto de escadas do que eu só poderia assumir ser o tesouro da Mira. No entanto, estávamos presos, como se fosse algum tipo de prova. Tentamos escapar, mas a Mira parecia entender o que estava acontecendo. Assim, ela teve que fazer uma escolha.”
A expressão de Celaine endureceu. “Uma escolha que envolvia te matar?”
“Sim,” Maria assentiu. “Mas ela, ou melhor, isso também me trouxe de volta. Foi… um milagre, para dizer o mínimo. Algo que não deveria ser possível. Mas a Mira… ela sempre foi uma que desafiava o impossível.”
O quarto caiu no silêncio enquanto a gravidade das palavras de Maria se acentuava. Celaine não podia começar a imaginar o tipo de tormento que essa experiência deve ter infligido tanto em Maria quanto em Mira.
“E agora?” Celaine finalmente perguntou. “Como você se sente sobre tudo isso? Sobre a Mira?”
O olhar de Maria se desviou para a janela, onde o sol poente lançava sombras longas na sala. “Eu não sei,” ela admitiu. “Grata, claro. Estou feliz por estar viva. Mas há também medo… e confusão. Não é fácil voltar dos mortos, Celaine. Há uma parte de mim que sente como se ainda estivesse presa naquele momento da morte, incapaz de seguir em frente.”
Celaine se aproximou, sua reserva habitual dando lugar à preocupação pela sua amiga. “É por isso que você tem se distanciado? Porque não consegue superar isso?”
“Em parte,” Maria confessou. “É difícil encarar as pessoas que te admiram, ser o pilar de força delas, quando você se sente tão… quebrada por dentro. Eu só… eu só não sei o que fazer ou como deveria reagir…”
Celaine conseguia ver que, se Maria estivesse sozinha, as lágrimas já teriam começado a cair, mas ela se segurava. Esse fato sozinho fez com que ela se sentisse ainda pior pela amiga. Maria era de longe a pessoa mais amável que ela conhecia, mas…
“É isso aí! Vamos dar uma surra na Mira! Agora mesmo!!”