Capítulo 901: Consciência da Alma-Sangue

Um mês depois, Mira ainda estava em sua forja, martelando um grande pedaço de metal que parecia estar sendo esculpido em uma armadura. Ao redor dela estavam suas várias criações espalhadas.

De adagas a espadas, maças e até ferramentas mais normais como serrotes, formões, martelos e tudo mais. Armaduras também estavam jogadas ao redor, cada uma com um design único. Algumas eram apenas uma placa peitoral, enquanto outras eram cota de malha completa.

Ao longo do último mês, ela não se continha, criando tudo o que vinha à mente.

No entanto, após centenas, se não milhares, de criações, o processo se tornou bastante simples para ela. Se ela estava criando algo de ferro, madeira, couro, algum tipo de liga ou um tipo diferente de metal de Grau Humano, ela havia aperfeiçoado a arte de fazer itens de Grau Humano.

Não muito longe dela, em seu próprio quarto, estava uma pequena raposa vermelha-sangue. As paredes do quarto eram vermelhas, secas com o que parecia sangue. Ela girava os dedos enquanto um fino fio de sangue flutuava ao seu redor, executando todos os tipos de movimentos intrincados.

Ao longo do último mês, sob a rigorosa orientação de Mira, Dominique havia ultrapassado seus limites, alcançando o pico do Reino da Fundação.

Agora, era hora de uma fase crucial em seu desenvolvimento – o primeiro passo da alterada Técnica de Cultivo da Trindade Harmônica, ou o que ela chamava de Etapa da Consciência Sangue-Alma.

A técnica original da Trindade Harmônica não tinha nada assim.

Mira passou muito tempo fazendo pesquisas sobre Qi Sanguíneo, afinidades sanguíneas, a alma e mais. Em seu Espaço de Armazenamento, ela tinha uma pilha de livros e manuais que havia comprado do FLDIL que a ajudaram a entender um pouco mais essa afinidade única.

Foi assim que ela soube que o tipo de Qi que Dominique juntava naturalmente não era tão semelhante ao que as pessoas normais faziam.

Pessoas normais absorveriam o Qi neutro no ar e, quando planejassem usá-lo, o Qi se transformaria em sua afinidade. Isso mudaria um pouco quando elas chegassem ao Reino da Formação do Núcleo, pois, em vez disso, o Qi de alguém se transformaria no seu elemento/s dentro do seu dantian, mas o ponto principal permanecia.

No entanto, para Dominique, ela não tinha Qi neutro em seu corpo. Era todo Qi Sanguíneo.

Isso não era estranho. Mais do que tudo, era intuitivo. Mas aqueles que tinham mais compreensão de como o mundo funciona certamente achariam isso estranho.

Mesmo Mira não sabia disso até que um dia ela se sentou e fez uma inspeção minuciosa da garota. ‘Que peculiar.’ Ela pensou. Se fosse porque ela estava no Reino da Fundação e armazenava Qi por todo o corpo ou algo mais, eles descobriram que o próprio sangue da pequena raposa estava transformando o Qi neutro no dela.

Em outras palavras, seu sangue e Qi estavam se misturando de alguma forma, criando uma combinação dos dois: Qi Sanguíneo.

Normalmente, isso não significaria nada além de tornar suas técnicas de Qi um pouco mais eficientes do que as de outras pessoas.

Mas para Mira, que queria ensinar a Técnica da Trindade Harmônica, isso era uma descoberta enorme. Como ela veio a entender ao longo dos anos, a afinidade de alguém está ligada à sua alma.

Como Dominique estava sempre produzindo, gerando e reunindo Qi Sanguíneo, uma energia intrinsecamente ligada ao seu próprio sangue e vitalidade, ela teorizou que deveria haver uma maneira de alcançar sua alma através de seu sangue – ou melhor, seu Qi Sanguíneo.

Se Dominique realmente conseguisse alcançar sua alma através dessa conexão e simultaneamente praticar a Técnica da Trindade Harmica, seu futuro seria ilimitado.

Em seu quarto, a jovem raposa, Dominique, estava imersa em uma fase crucial de seu treinamento. O Qi Sanguíneo flutuante parou bem na frente de sua testa.

Suas sobrancelhas se contraíram em concentração enquanto ela tentava ligar sua mente àquele fluxo de energia. Insegura se havia se conectado a ele, ela cerrou os dentes e tentou separar seu Qi Sanguíneo em seus dois componentes básicos: Qi neutro e sangue.

Mira ocasionalmente olhava em direção ao quarto de Dominique, mas continuava seu trabalho na armadura enquanto martelava. Apesar de seu foco na metalurgia, parte de sua mente permanecia atenta ao progresso de Dominique. Ela sabia da importância dessa etapa na jornada de cultivo de Dominique.

Em um momento, ela fez uma pausa no martelar, enxugou o suor inexistente da testa e se virou para onde Dominique estava praticando. “Lembre-se, Dominique,” ela chamou. “entender a essência do seu Qi Sanguíneo é essencial. Não se trata apenas de controle. É sobre compreensão. Sinta a separação, entenda o processo.”

Dominique assentiu levemente, reconhecendo a orientação de Mira. Ela respirou fundo e levantou a mão, passando o braço com suas longas unhas afiadas. Sangue brotou das pequenas feridas, e ela concentrou sua atenção nele.

Com um movimento sutil de sua vontade, ela manipulou as gotas de sangue, levitando-as à sua frente. Seus olhos, que refletiam o profundo tom carmesim do sangue, estavam fixos nas pequenas esferas de sua força vital.

‘Como ainda não entendi como separar o sangue do Qi, vou ver se consigo obter algum insight combinando os dois.’ Ela pensou antes de fechar os olhos e se sentar em posição de meditação.

Lentamente, ela começou o processo de transformar o sangue em Qi Sanguíneo. Era uma abordagem forçada ao processo natural que ocorria em seu corpo e exigia um entendimento profundo de sua afinidade única.

Mira observava com uma mistura de severidade e orgulho. Esse exercício era mais do que apenas um teste de controle de Dominique; era uma maneira dela entender intimamente sua própria natureza.

Ao transformar manualmente seu sangue em Qi Sanguíneo, ela esperava que Dominique pudesse traçar o caminho de volta para sua alma.

À medida que os minutos passavam, o foco de Dominique nunca vacilava. As gotas de sangue vibravam e uma pequena quantidade de Qi ao redor dela começava a se reunir ao redor delas. Era um processo lento, exigindo paciência e precisão, mas gradualmente, as gotas começavam a brilhar com uma energia fraca – os primórdios do Qi Sanguíneo.

No entanto, através desse processo, ela sentiu algo. Não era nada tangível, nem ela conseguia entender completamente o que sentiu, mas era real. Como uma manifestação de sua vontade—de sua existência.

‘…Isso é o que minha alma parece?’ Ela se perguntou, mas tão rápido quanto veio, desapareceu. Suas orelhas caíram um pouco antes de se erguerem novamente, e ela cortou seu braço agora curado novamente. Controlando um globulo ainda maior, ela fechou os olhos com força e voltou ao que estava fazendo. ‘Então, realmente existe uma conexão! Agora, só preciso sentir e encontrá-la novamente!’