Capítulo 877: Expandindo os Horizontes

Bem acima de Dominique, Mira acenou com a cabeça e um leve sorriso. ‘Ela ficou bastante forte, não ficou?’

Mais do que isso, Mira achava que a afinidade sanguínea de Dominique era extremamente poderosa. Tudo que ela precisava fazer era criar um pequeno corte no oponente, e ela já estava em vantagem.

‘Não é algo contra o qual a maioria das pessoas tentaria se defender, considerando o quão rara é a afinidade dela.’

Agora que pensava a respeito, Mira não tinha tanta certeza de como se defender contra a afinidade de Dominique. Não levar um golpe seria a melhor solução, mas para pessoas com a mesma força que ela, isso era uma tarefa complicada, considerando que treinou a garota.

Havia também o fato de que usar o sangue de outras pessoas era como virar a própria força delas contra si mesmas. A qualidade do seu Qi, embora ainda importante, não importava tanto quanto a qualidade do sangue do seu oponente.

‘Nesse aspecto, acho que a força física dela é mais importante do que o cultivo dela, já que tudo que ela precisa é de um único corte para vencer a batalha.’ Mira especulou, mas não estava inclinada a incorporar isso ao treinamento dela.

Ela queria que Dominique se destacasse em todos os aspectos, não apenas em um.

‘Enfim,’ Ela sacudiu a cabeça e se afastou lentamente da área. ‘Parece que Elenei está fazendo um bom trabalho, e Dominique está encontrando suas próprias oportunidades. Vou deixá-las por enquanto, antes que minha má sorte passe para elas.’

Então, ela disparou na distância, querendo encontrar algo para lutar.

***

Mira voou pelo céu, suas iridescentes [Asas Paragon] cintilando atrás dela. O vento gelado passou rápido, mas ela quase não o sentiu. Seus olhos vasculhavam a paisagem abaixo em busca de algum sinal de um adversário à altura.

Não demorou muito antes dela avistar uma colossal figura perambulando pela mata – um imponente Golem de Gelo de Estágio Intermediário de Nível 9. Os lábios de Mira se curvaram em um sorriso; isso serviria.

Ela mergulhou em direção ao Golem de Gelo, suas asas se dobrando de forma compacta contra suas costas conforme ela ganhava velocidade. O Golem de Gelo sentiu algo se aproximando e virou sua imensa cabeça em direção a ela.

Justo quando ela se aproximou do golem, Mira executou uma curva acentuada, evitando um braço varredor que estilhaçou todas as árvores próximas e arrancou pedaços da Mata. Ela pousou graciosamente no chão, suas asas desaparecendo enquanto ela desembainhava sua foice.

O Golem de Gelo rugiu e balançou seus punhos maciços em sua direção. Mira desviou para o lado e avançou velozmente. Ela girou sua foice, criando momento para seu ataque.

Enquanto o punho do golem se espatifava onde ela estava momentos antes, Mira saltou para cima, sua foice girando rapidamente antes dela desferir seu ataque. A lâmina encontrou o braço do Golem de Gelo, cortando através do gelo espesso com facilidade, decepando-o. O golem cambaleou para trás, rugindo de raiva pela perda de seu braço.

Mira não deu chance para ele se recuperar. Ela desencadeou uma série de golpes rápidos, mirando nos pontos fracos que ela havia identificado. O golem balançou seu punho restante de maneira desajeitada na esperança de atingi-la, enquanto pisoteava o chão, abalando a terra, mas em vão.

Mesmo sem sua técnica de movimento, Mira era rápida e imprevisível demais.

Sua foice girava em suas mãos sem esforço à medida que cada rotação cavava na armadura coberta de gelo do golem. Grandes pedaços de gelo se desprendiam de seu corpo, caindo no chão como pequenos meteoros, e não havia nada que ele pudesse fazer.

O Golem de Gelo, agora na última perna, soltou um brado e liberou um sopro gélido, uma tempestade de vento e neve gélidos mirados diretamente em Mira. Ela respondeu convocando uma barreira de vento ao seu redor, desviando o sopro gélido e carregando contra ele em direção ao golem.

À medida que encurtava a distância, Mira ativou sua técnica [Ciclone da Lua Congelada]. Sua foice girava mais rápido, tornando-se um redemoinho de gelo e energia. Uma vez que acumulou momento suficiente, ela atacou o núcleo do golem, o epicentro de seu poder, com todas as suas forças.

O impacto foi como um trovão, ecoando pela mata. O corpo do Golem de Gelo se estilhaçou, explodindo em milhares de estilhaços de gelo que cintilavam como diamantes.

Mira pousou suavemente no chão, sua foice retornando ao seu lado. Ela olhou para os restos do Golem de Gelo, sentindo uma sensação de satisfação.

‘Isso foi muito mais fácil do que eu pensei que seria.’ Ela se deu um aceno, mas enquanto olhava para os restos, uma ideia a atingiu.

Erguendo sua mão, ela usou cerca de 10% de suas reservas de Qi para criar [100 Guerreiros Glaciais].

No lugar onde ela acabara de derrotar o Golem de Gelo de Estágio Intermediário de Nível 9, apareceram 100 menores. Ela os infundiu com sua cauda da Criação para torná-los mais permanentes, depois começou a inspecioná-los.

Ela deu um leve toque em um deles com o dedo, e ele explodiu ao contato. Os dois atrás dele também explodiram, fazendo-a franzir a testa.

‘Como é que aquele golem de gelo veio a ser?’ Ela se perguntou. Os que ela criou, embora não idênticos, estavam extremamente próximos em densidade e mecanicamente ao que ela acabou de lutar, mas este último era claramente muito mais forte.

‘Então, ainda não está bom o suficiente, hein?’

Parecia que sua habilidade de ‘criar’ objetos não era tão grande quanto ela inicialmente pensou. Era meramente o progresso que ela fez que era significativo, não os resultados reais.

‘Mas, para onde eu vou daqui? Eu não tenho absolutamente nenhuma ideia do que significa ‘criar’ algo. Não importa o que seja. Tudo que eu sempre soube fazer é matar e destruir.’ Ela pensou, um tanto desanimada.

Ela não estava infeliz pelo fato de só ter destruído vidas ao longo de sua existência, mas sim pelo fato de que ela talvez não entenda completamente como usar uma de suas habilidades inatas devido simplesmente à sua disposição.

Até mesmo agora, ela estava pensando em usar suas criações para destruição. Tudo o que fazia girava em torno de sua habilidade de obliterar. Suas técnicas eram avaliadas com base na eficiência em matar. A maneira como ela julgava outras pessoas era determinada por quanta devastação elas podiam causar.

Nada mais importava, e ela ainda acreditava nisso. Tudo que importava era obter vingança e se livrar de um perseguidor louco que queria nada mais do que roubar sua liberdade. Para fazer isso, ela precisava sobreviver neste mundo cruel, e a única maneira que ela sabia como fazer isso era através da destruição.

‘…Talvez seja hora de diversificar?’ Ela se perguntou, mas esse pensamento a fez se sentir um pouco desconfortável. Se fizesse isso, tiraria tempo do seu treinamento, melhorando seu cultivo e se tornando mais forte. ‘Mas, se isso pode me ajudar a usar uma das minhas habilidades, então talvez valha a pena. Eu não estou com pressa, de qualquer maneira.’

Se fosse qualquer outra coisa, ela nem estaria tendo esses pensamentos, mas como suas caudas da Criação e Destruição estavam no mesmo nível de força e complexidade, ela imaginava que vale a pena aprender a usar ambas.

‘Elas são dois lados da mesma moeda, certo? Se eu aprender a criar melhor, eu deveria ser capaz de entender melhor como desmantelar.’ Esse último pensamento trouxe um sorriso ao rosto dela.

‘Acho que é hora de explorar a criação de uma maneira que nunca fiz antes,’ ela refletiu.

Com esse pensamento, Mira decidiu adotar uma abordagem diferente. Ela começaria estudando o mundo natural,observando como as coisas eram criadas e mantidas sem sua interferência.

Ela se aventurou mais profundamente no Deserto Glacial, seu Sentido da Alma observando atentamente os padrões intrincados de geada nas folhas, a maneira como o gelo se formava nos galhos, e como os flocos de neve se desenhavam intricadamente conforme caíam do céu.

Enquanto caminhava, ela tentava imitar os processos naturais, criando cristais de gelo e flocos de neve com seu Qi. Ela prestava atenção à estrutura deles, ao equilíbrio dos elementos dentro deles, e como interagiam com o ambiente.

Ela criou um floco de neve, deixando-o cair sobre sua palma. Era bonito e delicado, mas lhe faltava a perfeição natural de um floco de neve real. Ela franzia a testa ligeiramente, percebendo que tinha muito a aprender sobre as sutilezas da criação.

‘A criação é mais do que apenas poder. A maioria das coisas do mundo natural não são assim tão fortes, mas estão lá por um motivo. Talvez eu devesse começar por aí antes de tentar e forçar meu caminho destruindo montanhas,’ Mira pensou.

Ela sentou-se em um tronco congelado, fechando os olhos para se concentrar. Ela visualizou a estrutura de um floco de neve, sua simetria e sua forma delicada.

Abrindo os olhos, ela tentou novamente. Desta vez, o floco de neve que se formou em sua palma estava mais próximo do que ela havia imaginado. Era mais complexo, mais equilibrado. Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.

‘Progresso,’ ela pensou, mas seu sorriso se ampliou quando ela pensou numa maneira melhor de fazer isso.

‘Em vez de perder meu tempo andando por aí, procurando por insights, seria muito mais eficiente criar os meus próprios.’ Com passos mais leves, Mira caminhou mais fundo na floresta gelada. ‘Mas, antes disso, vamos ver que segredos essa Mata tem a oferecer.’