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Capítulo 846: Linnea
Marcus liderava o caminho pelos portões grandiosos do seu complexo com uma expressão de raiva e resignação.
Mira e Elenei seguiam atentas logo atrás, com os sentidos alertas para qualquer sinal de emboscada. Elas podiam sentir centenas de presenças ao redor, todas de olho na situação, mas nenhuma parecia estar se preparando para agir.
Rhydian, com Dominique e Hana sob sua proteção, pairava atrás delas, pronta para disparar ao primeiro indício de problema.
O interior do complexo era tão suntuoso quanto se esperava de uma família de elite na Cidade de Brightclipse. Edifícios elegantes adornados com motivos de leão, jardins luxuriantes e fontes d’água serenas pontuavam a paisagem.
Enquanto caminhavam, o olhar de Mira era calculista, avaliando cada detalhe ao seu redor. Sua mão repousava casualmente sobre o cabo de sua foice. Ela não confiava naquele homem nem por um segundo.
Marcus cerrava os dentes, sentindo o seu olhar escrutinador, mas mantinha a compostura. Ele sabia que os riscos eram altos, não apenas para a sua família mas para toda a cidade. Um passo em falso poderia levar a consequências catastróficas.
Eles chegaram a um pátio isolado, onde um grupo de guardas da Família Lionel estava em posição de sentido.
“Esperem aqui,” Marcus instruiu rudemente enquanto se aproximava dos guardas, sussurrando ordens que eram muito suaves para os outros ouvirem.
Os olhos de Mira se estreitaram, sentindo a leve mudança na atmosfera. Ela trocou um olhar com Elenei, que assentiu sutilmente.
Após alguns momentos tensos, Marcus retornou, com uma expressão indecifrável. “Por aqui,” ele disse, levando-os em direção a um grande prédio ornamentado no final do pátio.
As portas do edifício se abriram, revelando um interior pouco iluminado. À medida que entravam, o ar ficava mais frio, um contraste gritante com o calor do pátio ensolarado lá fora.
O quarto era grande e escassamente mobiliado, com uma única figura acorrentada à parede no extremo. À medida que se aproximavam, a figura levantou a cabeça, revelando um rosto que trazia as marcas de repetidos abusos e tortura.
Era Linnea Silvermoon, mãe de Hana. Ela tinha longos cabelos prateados e duas orelhas peludas de lobo, mas o resto do seu corpo parecia majoritariamente humano.
“Mãe!” Hana gritou, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto enquanto corria em direção à mãe, apenas para ser impedida pela firme pegada de Rhydian.
Os olhos de Linnea se arregalaram incrédulos, um vislumbre de esperança acendendo em seu olhar cansado. “Hana… minha filha,” ela sussurrou, com uma voz rouca.
Marcus se afastou, sentindo a tensão crescente no ar, permitindo que Mira se aproximasse de Linnea. No entanto, ele não sabia que a pressão que ela estava liberando era tudo uma farsa.
Seu olhar se desviou em direção a Rhydian, Dominique e Hana, notando a postura protetora do lobo. Ele sabia que qualquer movimento agressivo de sua parte poderia escalar para um desastre que ele não poderia controlar.
De repente, seus olhos se arregalaram por um momento antes de um sorriso sutil surgir em seus lábios – algo que Mira e Elenei não deixaram passar.
Mira ignorou isso por agora e deu um passo à frente, examinando a condição de Linnea. Correntes tilintavam enquanto Linnea tentava se mover, o som ecoando no quarto silencioso. “Está bem, vamos sair daqui,” Mira declarou firmemente.
Marcus observou o reencontro, sua expressão voltando ao estado agitado de antes. Ele sabia que a ‘promessa’ de Mira não era algo a ser tomado de ânimo leve.
Com Linnea devolvida à sua filha, a Família Lionel poderia evitar a fúria total da Seita das Donzelas de Batalha. Porém…
‘Isso não é o mesmo que cortar nosso caminho para frente?’ os olhos de Marcus se estreitaram perigosamente enquanto ele cerrava os punhos. Eles iriam pegar o pendente, cultivar Hana bem, e então tê-la e Azaar gerando crianças talentosas que serviriam como alicerce para sua ascensão no poder.
Agora, tudo isso estava arruinado por uma garota e seus pequenos animais de estimação!
Sentindo um vislumbre de intenção assassina direcionada a ela, Mira virou-se para Marcus, seu olhar vermelho-sangue perfurando o dele. “Considere isso um aviso. Olhe para mim assim novamente, e toda a sua linhagem se juntará a você no inferno.”
Marcus engoliu em seco, a gravidade de suas palavras penetrando nele. Ele não tinha dúvida de que Mira falava sério.
Com movimentos rápidos, Mira destravou as correntes de Linnea. O barulho de metal batendo no chão reverberou pelo quarto enquanto Linnea desabava nos braços de Mira, fraca demais para ficar em pé por conta própria. Mira a sustentou cuidadosamente, lançando uma sutil quantidade de Elemento de Luz nela para aliviar sua dor imediata.
“Mãe!” Hana gritou novamente, lágrimas de alívio e alegria escorrendo pelo seu rosto enquanto Rhydian a soltava gentilmente. Hana correu até a mãe, abraçando-a apertado.
Linnea, embora fraca, envolveu a filha com seus braços, lágrimas suas misturando-se às de Hana. “Eu pensei que nunca mais veria você,” ela soluçou.
Elenei assistia à cena em silêncio, sua expressão amolecendo. Mesmo em um mundo tão impiedoso como o deles, momentos de emoção genuína e reencontro eram preciosos. Ela também havia se afeiçoado a Hana durante o tempo em que a conheceu.
‘…Espero que Mira não seja muito dura com eles. Ela é apenas uma mortal aleijada, afinal.’ Elenei pensou mas decidiu deixar isso para o futuro.
Mira fez um gesto para Rhydian e Elenei, sinalizando que era hora de partir. Marcus não as impediu enquanto saíam do edifício, seu olhar as seguindo até que estivessem fora de vista.
Enquanto navegavam pelo complexo, Linnea, apoiada por Mira, parecia recuperar um pouco de sua força. Seus olhos, antes opacos de desespero, agora brilhavam com uma mistura de gratidão e determinação. Hana permaneceu perto, sua pequena mão segurando firmemente a da mãe.
Os membros da Família Lionel observaram-nas partir, seus olhares um misto de medo, respeito e ódio mal disfarçado. Eles eram todos seres orgulhosos e jamais pensaram que sua família seria desrespeitada por uma mera discípula! Ainda assim, não eram estúpidos e se contiveram enquanto resmungavam.
A cidade além dos muros do complexo permanecia um formigueiro de atividades, mas a atmosfera havia mudado. A notícia da visita de Mira e seu confronto com a Família Lionel se espalhou como fogo selvagem, e os observadores rapidamente se escondiam ao vê-la saindo com uma pessoa extra a reboque.
Quando chegaram aos limites da cidade, a sensação de inquietação que os acompanhara desde a chegada começou a se dissipar. Mira sentia uma estranha sensação de encerramento ao olhar para trás, para as muralhas imponentes da cidade, sabendo que havia alterado o curso dos eventos para pelo menos uma família.
Mas quando estavam prestes a ultrapassar os limites da cidade, uma voz retumbou de longe, ecoando pelo ar com um aumento de potência. “Vocês pensavam que poderiam ir e vir tão facilmente?!”