752: Drayce e Slayer Furiosos 752: Drayce e Slayer Furiosos Depois de passar mais de uma semana no chalé, suportando as incansáveis demandas de intimidade de Drayce, Seren finalmente abordou o assunto.

“Dray, quando voltaremos para o palácio?” ela perguntou baixinho enquanto comia. Ela estava aliviada por ele ter permitido um intervalo, pelo menos durante as refeições. Ela desejava que seu estômago fosse maior para que pudesse passar mais tempo comendo, o único momento em que se sentia livre de sua constante atenção.

Drayce serviu mais comida em seu prato. “Você está entediada aqui, minha Rainha?”

“Não. Eu só estava pensando que você já está longe de suas obrigações por mais de uma semana. Você já tinha trabalho demais depois da nossa visita a Othinia. Acho que você deveria retomar suas obrigações ou nosso povo pode se sentir negligenciado por seu Rei.”

Ele a encarou por um momento, fazendo-a baixar o olhar como uma ladra culpada.

“Você está aprendendo a inventar desculpas, não está?”

“Eu só estava preocupada com sua imagem como Rei. Não quero que ninguém duvide da capacidade do meu marido como um rei.”

“Você deveria pensar nas minhas capacidades como seu marido,” ele disse com um olhar significativo. “Tenho certeza de que me sobressaio nesse papel.”

‘Essa é a razão pela qual quero voltar ao palácio. Pelo menos lá, não estarei com você a todo momento do dia e da noite. Se isso continuar, meu corpo vai quebrar. Tenho certeza de que é só o meu poder divino que me mantém viva,’ ela pensou, oferecendo-lhe um sorriso leve e constrangido. “Sinto falta do palácio. Quero voltar.”

Ele a encarou sem palavras, como se tentasse ver através dela, fazendo-a ficar nervosa sob seu olhar. “Tudo bem. Voltaremos imediatamente.”

Como se sua vida estivesse sendo salva, o rosto dela se iluminou. “Sério?”

Ao ver sua reação, ele deu uma risada. “Quando não te ouvi?”

“Nesses últimos dias, você não me ouviu,” ela murmurou, mas Drayce a ouviu. “Não ouvi?”

Ela assentiu, com um olhar acusador para ele. “Você não ouviu nem quando eu disse para parar, que eu estava cansada, que eu queria descansar. Você não me ouviu.” Ela não conseguiu mais se conter.

Para claro desgosto dela, Drayce simplesmente acariciou sua cabeça. “Tudo bem. Vou te ouvir. Não exagerarei.”

“Obrigada.”

“Que tal uma última vez aqui antes de partirmos?” ele perguntou, como se tudo dependesse de seu desejo.

Embora duvidosa, ela assentiu. “Só mais uma vez, e depois partimos.”

“Certo,” ele lhe ofereceu um sorriso gentil, mas o olhar dele… Seren não confiava naquele olhar.

‘Caí na armadilha dele de novo?’
Drayce observou seu olhar duvidoso e disse gentilmente, “Você deve comer. A comida está esfriando.”

Quanto mais doce ele agia, mais ela duvidava dele. Nesta semana inteira, ela aprendeu uma coisa – nunca acredite nas palavras doces de um homem.

Sua ansiedade fez com que perdesse o resto do apetite. Ela bebeu um pouco de água e disse, “Eu… estou satisfeita.”

“Bom.”

Mais tarde, Seren percebeu que concordar com ele tinha sido um erro. Ela deveria ter confiado em seus instintos.

“Dray, você disse só uma vez…”
“É claro, só uma vez.”

“Mas… já foi mais de uma vez… Eu não consigo…”
“Eu estava falando de uma vez para mim, não para você, e eu ainda não cheguei lá.”

“Dray, você me enganou… Ahh…”
“Estou simplesmente seguindo o que concordamos.”

“Você mentiroso, monstro, não confiarei mais em você….”

No final da tarde, Drayce e Seren finalmente retornaram ao palácio. O corpo cansado de Seren, vestido em roupas novas, estava sendo carregado em seus braços enquanto ele a teleportava para sua câmara. Ele a colocou gentilmente na cama e deu um beijo em sua testa. “Descanse.”

Demasiado exausta para responder, ela simplesmente fechou os olhos e adormeceu.

Quando ele a trouxe de volta em um estado meio inconsciente, o rosto dela estava coberto por um véu. Ele preferiu que fosse decisão dela quando quisesse removê-lo e se mostrar para os outros. Ele instruiu os servos a deixá-la descansar sem ser perturbada e então voltou para seu estudo.

Yorian chegou depois de um tempo. Ele cumprimentou Drayce e sentou-se na cadeira à sua frente.

“Bom vê-lo de volta, Rei Drayce.”

“Faz apenas uma semana que me ausentei. Não me diga que eu não mereço passar uma semana em silêncio com minha esposa.”

“Quando foi que eu disse que você não pode? Eu estive esperando para informá-lo sobre algumas coisas enquanto teleportava entre Griven e Megaris. Algo que pode te chocar.”

“Sobre Arlan? O que você descobriu?” Drayce perguntou, lembrando-se de que Oriana havia chamado por Yorian.

Yorian explicou a situação inteira sobre Arlan e Oriana para Drayce. “…Então, Oriana é a pessoa que seu amigo estava procurando desesperadamente, sua noiva que ele desejava matar.”

Drayce ficou chocado ao ouvir isso.

“Além disso, o seu amigo revelou a ela que é um Dragão,” Yorian acrescentou. “Mais para assustá-la do que qualquer outra coisa, e ele revelou isso de uma maneira brutal.”

Drayce apertou a ponte do nariz. “Ele é sempre extremo em tudo o que faz.”

“O que eu te contei é apenas fofoca comum. A parte mais sombria ainda está por vir.”

“O que você quer dizer?”

Yorian explicou o que tinha acontecido com Arlan e como ele havia sido atormentado por quase duas décadas e ainda estava sofrendo.

Drayce, abalado até o âmago e cheio de preocupação pelo seu amigo, levantou-se.

“Aonde você vai?” Yorian perguntou.

“O que você acha?” Drayce lançou-lhe um olhar frio.

“Eu também vou,” Slayer declarou, agarrando a empunhadura de sua espada, pronto para matar qualquer um que tivesse machucado seu amigo.

“Acalme-se, vocês dois,” Yorian elevou sua voz. “Se vocês dois pudessem resolver alguma coisa, eu teria pedido a vocês para fazer isso primeiro.”

“Eu só vou me acalmar quando eu matar essa bruxa,” Drayce rugiu.

“E então matar a família do seu amigo junto com ela?” Yorian contra-atacou. “Você acha que o Príncipe Arlan não consegue matá-la? Por que ele ainda sofre por tanto tempo? É hora de agir racionalmente, Rei Drayce.”

Drayce respirou fundo para se acalmar e olhou para o elfo, seus olhos vermelhos ainda cheios de fúria. “O que você sugere então? Deixá-lo sofrer pela eternidade?”

“Não. Eu não vou deixar isso acontecer,” Yorian respondeu com confiança. “Se vocês se acalmarem, eu posso explicar.”

Drayce sentou novamente em sua cadeira enquanto Slayer também se acalmava.

“Qual é o seu plano?” Drayce perguntou, acrescentando, “Seja lá o que você disser, o final deve ser a morte daquela bruxa.”

“Por enquanto, preciso da ajuda do Comandante Sander,” Yorian respondeu.

“Farei o que você disser,” Slayer respondeu, pronto para partir em uma missão para matar alguém.

“Preciso da ajuda de suas habilidades que ninguém mais possui,” Yorian disse, seu olhar fixo em Slayer.

Slayer nunca havia reconhecido suas habilidades secretas, mas pelo bem de seu amigo, ele estava pronto para fazer qualquer coisa. “Eu farei.”

Yorian voltou-se para Drayce. “A noite da lua cheia é daqui a poucos dias e o Príncipe Arlan irá até aquela bruxa mais uma vez. Naquela noite, planejo usar a oportunidade para entender melhor a bruxa e fazê-la revelar seus segredos e intenções antes de planejarmos matá-la, sem prejudicar a família do Príncipe Arlan. Naquela noite, as habilidades de Slayer protegerão Arlan e Oriana sem que ninguém seja machucado.” Ele então se virou para Slayer. “Comandante, você não tem permissão para matá-la. Sua tarefa é assustá-la e proteger Arlan e Oriana. Não importa o quão enfurecido você esteja, você não vai matá-la.”

“Eu não vou,” Slayer assegurou.

“Uma vez que saibamos de tudo, vamos elaborar um plano,” Yorian disse, levantando-se. “Agora vou me retirar. Voltarei quando necessário.”

Drayce e Slayer concordaram enquanto o elfo partia.

“Nós não sabíamos o que ele era….” Slayer franziu a testa. “Como ele pôde esconder isso de nós por tanto tempo?”

Drayce estava incomumente quieto, também sem palavras.

No fim daquela noite, Drayce retornou para Seren. Ele sabia que ela tinha descansado adequadamente e passado um bom tempo com suas servas, conversando e se atualizando sobre as últimas fofocas.

Quando ele entrou na câmara, Seren estava descansando. Sentindo a chegada dele, ela se virou para olhá-lo enquanto ele se aproximava da cama. Ela queria dizer a ele para ficar longe dela naquela noite, mas vendo sua expressão preocupada, ela engoliu suas palavras.

Ela permitiu que ele subisse na cama e se ajeitasse sob o edredom. Virando-se de frente para ele, ele a segurou mais perto.

“Alguma coisa está te incomodando?” ela perguntou.

“Não é nada,” ele disse, segurando-a mais perto e fechando os olhos. “Você precisa descansar mais.”

Ela tinha certeza de que algo o estava incomodando. “Você vai começar a esconder coisas de mim agora?” ela murmurou.

“Eu só não quero te preocupar com coisas absurdas.”

“Tudo bem. Eu posso lidar com o que for.”

Drayce suspirou e explicou o que Yorian havia lhe dito.

Ela ficou chocada mas ergueu a cabeça para olhar seu rosto preocupado. Ela sabia o quão profundo era o laço de irmandade entre ele e seus amigos e o quanto ele deve estar furioso por dentro.

“Senhor Yorian disse que eles vão ficar bem. Confie nas palavras dele.”

Drayce só pôde assentir, ouvindo-a enquanto ela o abraçava suavemente, oferecendo-lhe o conforto de que ele desesperadamente precisava. “Tudo vai ficar bem.”

As mãos de Drayce apertaram o abraço em volta dela, enquanto ele murmurava e fechava os olhos.