747: Céus Em Alarido 747: Céus Em Alarido No Reino do Céu.

Ísis estava sentada na cadeira observando seu anjo favorito ser punido.

“P-Por favor, me perdoe, minha Soberana…” Os gritos de Petra ecoavam na câmara fechada enquanto ela suportava o castigo de outro anjo sob o comando de Ísis. Um chicote brilhante e poderoso, entrelaçado com poder divino, capaz de ferir até um anjo poderoso, atingia suas costas, manchando de sangue seu vestido branco imaculado.

“Eu tentei te perdoar mesmo que você não tenha conseguido trazer de volta aquela criança Petra, mas você sabe por que estou te punindo agora?” A voz irritada de Ísis ecoava pela câmara.

“Eu… Não sei, minha Soberana…” A voz de Petra era dolorosa.

“A Maldição, aquela maldição que lancei sobre aquela criança de olhos roxos, foi quebrada. Ela conseguiu rompê-la,” Ísis cerrava os dentes ao falar, “Isso significa que ela encontrou o verdadeiro amor. Você sabe o que isso significa, Petra?”

“Eu… Eu sei, minha Soberana… Ahh…” Outro chicotada nela.

“Essa criança encontrou um verdadeiro amor, o que significa que ela poderá usar o fogo do inferno. Uma vez que ela tome controle dele, ela se tornará o ser mais poderoso. Nunca conseguirei recuperar esse fogo do inferno dela.” A voz irritada de Ísis ecoava pela câmara. “Eu preciso matar essa criança ou aquele que ela ama,” suas mãos apertavam os apoios da cadeira, “Ou melhor ainda, que ambos morram juntos. Mas como farei isso Petra, me diga como, quando meus anjos mais poderosos e confiáveis são apenas inúteis.”

Petra soluçava, “Peço desculpas, minha Soberana… Ahh…”

“Eu confiei em você, Petra. Eu tentei não te punir, mas…” os olhos de Ísis ardiam de raiva, “… sua tolice, seu fracasso está nos trazendo problemas. Grianor vai saber de tudo e me questionar. Meu marido, que sempre confiou em mim, pode duvidar de mim pela primeira vez. Você entende o que seu fracasso custou para mim, Petra? Capturar aquela garota de olhos roxos e trazê-la para mim era tão difícil? Eu teria matado ela e recuperado o fogo do inferno. Teria governado todos os três reinos.”

“Eu… entendo… minha Soberana. Por favor, puna-me,” Petra soluçava. “Quando o Supremo Senhor te questionar, minha Soberana, me responsabilize. Eu aceitarei qualquer punição que você julgar adequada.”

Ísis respirou fundo e fechou os olhos, tentando acalmar sua raiva. “Isso é o que você tem que pagar pelo seu fracasso, mas isso não resolverá nada. Eu tenho que contar a verdade para ele.”

“Minha Soberana, você não pode—”
“A verdade que me beneficia,” Ísis interrompeu, seus olhos brilhando com um plano malicioso. “É hora de igualar as contas. Vou garantir que Grianor os elimine todos de uma vez. Ele, o Rei do Céu, é o único capaz de agir nos três reinos.”

O anjo estava prestes a golpear Petra novamente, mas Ísis levantou a mão para detê-la. O anjo se curvou e deu um passo para o lado.

“Petra, estou te dando outra oportunidade para se redimir,” Ísis declarou.

“S-Sim, minha Soberana. Desta vez, não falharei com você,” Petra respondeu, com a cabeça pendida para baixo.

“Leve-a embora,” Ísis instruiu o outro anjo.

“Sim, minha Soberana.”

Um anjo escoltava Petra para fora enquanto outro anjo entrava na câmara de punição da Deidade dos Desejos. “Suprema Senhora, o mensageiro chegou do Grande Salão. Você foi convocada pelo Supremo Senhor.”

Como esperado, seu marido, o Rei do Céu, havia a convocado. Ísis estava pronta para enfrentá-lo com seu próprio plano em mente.

Logo, ela chegou ao Grande Salão do Supremo Senhor. Um homem com longos cabelos prateados, que exalava a divindade celestial, sentado em um trono feito de cristais brancos. Grianor, o Rei dos Céus e o Senhor da Luz.

Ao entrar no grande salão, Ísis viu que não apenas o Rei, mas também outras deidades estavam presentes. Todos haviam sentido o despertar da Deidade do Fogo e estavam cientes de que o fogo do inferno estava desaparecido de seu lugar. Houve tumulto entre as Deidades, e elas buscavam respostas do Rei.

Enquanto avançava, todas as deidades sentadas de ambos os lados do corredor se levantaram e se curvaram para ela, a Rainha dos Céus.

Ela continuou graciosamente e se curvou ao seu marido. “Deidade dos Desejos, Deusa Ísis, saúda a Soberana de todos os três reinos e todas as deidades aqui presentes.”

Embora fosse esposa de Grianor, na grande sala onde o Rei governava e lidava com assuntos relacionados a todos os três reinos, ela não era nada mais do que uma de seus súditos, em vez de sua esposa ou a Rainha dos Céus.

Grianor a olhou e ofereceu um leve aceno de cabeça, e ela caminhou para o lado para sentar-se em sua cadeira. Seu trono estava colocado no lado direito do Rei, mas alguns degraus abaixo do dele, significando seu poder supremo e o fato de que ninguém era igual a ele naquela sala do trono.

“Você pode começar.” A voz digna do Rei ecoou na sala do trono.

Solon, que tinha a responsabilidade de apresentar os assuntos a serem discutidos, levantou-se de seu lugar, curvou-se ao Rei e, em seguida, virou-se para enfrentar todas as deidades.

“O Supremo Senhor está ciente de que todos vocês, como nós, estão preocupados. Todos vocês sentiram o despertar da Deidade do Fogo, e o fogo do inferno está desaparecido de seu lugar. No entanto, asseguro-lhes que hoje chegaremos ao fundo dessa questão, pois nossos anjos capazes já investigaram isso a fundo.”

As deidades acenaram com a cabeça, enquanto Ísis permanecia calma e composta.

Solon se voltou para Ísis. “Deidade do Desejo, ficamos sabendo que no momento em que a Deidade do Fogo foi despertada, os anjos a seu serviço estavam presentes no reino humano. Eles têm feridas ditas ser causadas pelo fogo do inferno, o mesmo elemento que os céus estão se esforçando para suprimir. Você gostaria de nos esclarecer sobre esse assunto? Você estava ciente de que o fogo do inferno estava desaparecido e sabe quem o levou?”

Ísis graciosamente se levantou de seu lugar e virou-se para o Rei. “Supremo Senhor, hoje desejo revelar tudo o que sei, incluindo por que anjos trabalhando para mim estavam no reino mortal.”

Grianor lhe deu um leve aceno, permitindo que ela falasse.

“Eu soube por algum tempo que o fogo do inferno estava desaparecido, e também sei quem o roubou,” Ísis começou. “Foi levado por ninguém menos que Sierra, aquela que já foi a Deidade da Terra,” ela se virou para o Rei, “aquela que o Supremo Senhor considerava sua querida irmã e mostrou misericórdia poupando sua vida apesar de seus graves crimes.”

Houve um alvoroço chocado entre os deuses.

“Foi a Deidade da Terra que fez isso?”

“Ela não é mais uma deidade. Foi banida dos céus e destituída de seus poderes.”

“Como ela conseguiu fazer isso? Ainda tinha poder suficiente para roubar o fogo do inferno?”

O Rei, tão dignificado quanto era, manteve a sua compostura apesar de sua surpresa. “Se você sabia disso, por que não me informou?” Sua voz era fria e firme.

“Eu queria informá-lo, Supremo Senhor, mas você estava em reclusão, recuperando-se do seu confronto com o fogo do inferno. Não quis incomodá-lo. O motivo pelo qual não informei as outras deidades é que temia que isso causasse um alvoroço entre eles, como estamos vendo agora. Como a Rainha dos Céus, é minha única responsabilidade cuidar deste reino na ausência do Supremo Senhor. Você retornou recentemente, e eu pretendia lhe contar, mas antes que pudesse, algo aconteceu que agora fez com que todos ficassem cientes. Acreditei que eu poderia recuperar o fogo do inferno e trazê-lo de volta…”

“Como você planejava trazê-lo de volta?” Grianor questionou. “Ninguém pode controlar o fogo do inferno. Além disso, como Sierra conseguiu levá-lo? De onde ela tirou tal poder?”

“Para responder isso, preciso explicar o que aconteceu desde o dia em que Sierra roubou o fogo do inferno,” Ísis disse.

“Prossiga,” o Rei ordenou, pronto para ouvir tudo o que havia acontecido em sua ausência.

Ísis acenou com a cabeça e virou-se para os outros deuses. “Devo avisá-los que o que estou prestes a revelar pode chocar todos presentes. Mas com o retorno do Supremo Senhor, asseguro-lhes que não há nada a temer.”

“Por favor, esclareça-nos sobre o que aconteceu, Suprema Senhora,” um dos deuses falou, e os outros acenaram com a cabeça, prontos para ouvir.