743: Ordem da Seren 743: Ordem da Seren Ao observar sua confusão, Drayce levantou uma sobrancelha. “Mesmo na minha presença, você parece perdida. O que está em sua mente?”

Balançando a cabeça, Seren mudou o rumo da conversa. “Por que você está aqui fora no frio? Deveria estar descansando.”

“Estou cansado de descansar,” ele admitiu. “E eu queria informar que precisamos voltar ao palácio. A tropa real que partiu de Othinia chegou à capital.”

Seren franziu a testa, preocupação gravada em suas feições. “Voltar ao palácio significa que você será consumido pelo trabalho e não descansará de jeito nenhum.”

Drayce gentilmente segurou sua mão, seu toque tranquilizador. “Estou perfeitamente bem, Minha Rainha,” ele garantiu, colocando a mão dela sobre seu coração. “Sinta minha pulsação – está firme e saudável agora. Estive fora por tempo demais e não posso negligenciar meus deveres para com nosso Reino. Você entende, não é?”

Seren assentiu relutantemente. “Mas você deve prometer dar atenção aos meus pedidos para descansar.”

“Eu vou, prometo,” Drayce afirmou.

Com a chegada da noite, Drayce, Seren e Slayer partiram do Palácio de Cristal, deixando Yorian com acomodação arranjada dentro de seus muros.

“Não vejo o Senhor Yorian?” Seren perguntou enquanto se preparavam para partir.

“Ele foi visitar Oriana. Ele voltará em breve,” Drayce a tranquilizou.

Ao chegarem ao palácio do Rei e da Rainha, foram calorosamente recebidos pelos servos, que pareciam aliviados com o retorno de seus senhores.

Nos dias que se seguiram, Drayce imergiu-se em seus deveres, atualizando-se sobre os assuntos que exigiam sua atenção pessoal após sua prolongada ausência. Muitos senhores e nobres de alta posição tinham questões importantes para discutir com ele, o que o mantinha ocupado na maior parte do tempo. Sem esquecer das questões relacionadas à fronteira de Thevailes, onde os problemas estavam surgindo recentemente.

Enquanto isso, Seren se encontrava perdida em seus próprios pensamentos, passando seus dias na companhia de seus servos. Ela só via Drayce de passagem – brevemente pela manhã, ocasionalmente durante a refeição da tarde e tarde da noite quando se recolhiam para dormir juntos.

“Minha Rainha, peço desculpas por estar ocupado nesses dias. Compensarei você em breve,” Drayce murmurou suavemente enquanto se aconchegavam na cama.

“Eu entendo,” Seren respondeu calmamente.

Drayce ficou sabendo pelos servos que Seren estava incomumente quieta desde o retorno ao palácio.

“Minha Rainha, se você tem alguma preocupação, por favor, compartilhe comigo,” ele incentivou.

“Não é nada,” ela o tranquilizou, sua voz firme.

Após um momento de silêncio, Drayce abordou um assunto delicado. “Você ainda é assombrada por aquele incidente? Ele ainda te perturba?”

Seren sacudiu a cabeça enquanto se aconchegou contra seu peito, mas então sua voz, fraca e abafada, quebrou o silêncio. “Estou com medo de perder você.”

Drayce a segurou perto, seu abraço reconfortante. “É natural sentir dessa forma,” ele compreendeu em vez de pedir para ela não se preocupar, “Tudo bem ter medo e se preocupar. No fim, não somos pessoas invencíveis e sem coração, mas sim seres com várias emoções e vulnerabilidades.”

Seren levantou a cabeça para encontrar o olhar dele. “Você também sente medo?”

“Sim,” Drayce confirmou, encontrando seu olhar com sinceridade. “Perder você é o meu maior medo. É meu pior pesadelo. Aquele momento em que fui derrotado por eles e eles quase conseguiram te levar, me encheu de arrependimento. Senti medo e impotência, me culpando por não ter conseguido te proteger. Eu me desprezei mais do que nunca. Estava disposto a fazer qualquer coisa para mantê-la segura. Até agora, sempre que estou sozinho, me vejo assombrado por essas memórias, consumido pelo arrependimento, me sentindo completamente inútil por ter deixado acontecer.”

Seren o silenciou colocando gentilmente a palma de sua mão sobre sua boca. “Você não é inútil. Se há alguém a culpar, sou eu por não ter conseguido utilizar meus poderes.”

Drayce removeu a mão dela, sua expressão carinhosa. “Você não tem motivos para se culpar. Você é meu tesouro mais precioso e é meu dever protegê-la sempre. Ambos sabemos por que você não pode acessar seus poderes. Não há necessidade de arrependimento. Estou aqui para nos proteger ambos.” Ele plantou um beijo em sua testa. “Minha Schatzi.”

“Hmm? O que isso significa?” Seren perguntou, desconhecendo o termo.

“Significa Tesouro.” Drayce explicou. “Eu aprendi isso durante minhas viagens por outro continente no oeste.”

Isso surpreendeu Seren, “Você visitou outros continentes? Só ouvi dizer que existem outros continentes além do vasto mar, mas nunca pensei que alguém pudesse chegar lá.”

“Apenas um pouco de viagem casual, usando meus poderes.”

A curiosidade de Seren foi aguçada. “Você poderia me ensinar algumas palavras daqueles lugares?”

Drayce concordou, compartilhando algumas palavras aleatórias com ela, despertando seu interesse.

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No dia seguinte, depois que Drayce partiu mais uma vez, Seren voltou à sua rotina familiar de solidão.

Ao observar sua melancolia, os servos decidiram levantar seu ânimo.

“Parece que Sua Majestade já está sentindo falta de Sua Majestade,” Eva comentou com um sorriso compreensivo.

“Você está se tornando bastante perceptiva, Eva,” Marie acrescentou. “De quem mais Sua Majestade sentiria falta se não de Sua Majestade?”

“Queria ter alguém que sentisse minha falta, ou alguém a sentir falta,” Eva lamentou saudosa.

“Leva tempo para se apaixonar e ansiar pela presença de alguém,” Xena interrompeu. “Você ainda está na jornada para encontrar aquela pessoa especial, Eva.”

Seren olhou para Xena, intrigada com suas palavras. “O que você disse?”

“Eu estava apenas comentando sobre o quanto Sua Majestade ama e sente falta de Sua Majestade, sugerindo que Eva poderia experimentar o mesmo um dia,” Xena esclareceu.

“Você acredita que estou apaixonada por Sua Majestade?” Seren perguntou, sua curiosidade aguçada.

As outras servas trocaram olhares antes de irromperem em risadas. “Sua Majestade, você está nos provocando?” Marie brincou.

“Estou falando sério,” Seren insistiu.

Nos últimos dias, Seren vinha lutando com suas emoções, esforçando-se para entender seus sentimentos e chegar a uma decisão para si mesma e para Drayce. Apesar da crescente confiança em seu coração, ouvir afirmações dos outros solidificou sua resolução—primeiro da Grande Dama Teodora, e agora de seus leais servos.

“De fato, Sua Majestade. Todos nós reconhecemos a profundidade do amor entre vocês dois,” Xena afirmou. “Eu nunca testemunhei um casal tão profundamente conectado, amoroso, carinhoso e respeitoso um com o outro. Vocês são verdadeiramente abençoados, Sua Majestade, assim como é Sua Majestade.”

Seren voltou sua atenção para Marie e Eva, que falaram em uníssono. “Completamente de acordo, Sua Majestade. Você e Sua Majestade são um par feito no céu.”

Um momento de silêncio se abateu sobre a sala enquanto Seren olhava pensativa pela janela, pegando suas servas de surpresa com sua súbita quietude. Elas trocaram olhares incertos, sem saber se tinham dito inadvertidamente algo errado.

Quebrando o silêncio, Seren se dirigiu a Xena. “Xena?”

“Sim, Sua Majestade?” Xena respondeu, atenta.

“Hoje à noite, quero que você prepare minha câmara da mesma maneira que estava na noite do meu casamento,” Seren declarou, seu olhar ainda fixado na paisagem lá fora.

As três servas não puderam esconder o seu deleite com o pedido dela. “Pode deixar, Sua Majestade,” elas disseram em uníssono, ansiosas para cumprir seus desejos.