740: Recuperação 740: Recuperação Seren se sentou na cama e declarou, “Vou chamar o Senhor Yorian para ver como você está.”

“Não é necessário. Estou bem,” Drayce interrompeu, tentando se sentar, apenas para soltar um gemido.

“Dray?” Seren exclamou, sua voz impregnada de preocupação, mas Drayce conseguiu se sentar e insistiu, “Eu estou bem.”

Ela não estava convencida, pois nunca tinha visto Drayce com dor como se fosse um homem invencível. Mesmo depois de ter lutado com anjos na noite de seu décimo oitavo aniversário e ter sido gravemente ferido, ele nunca mostrou sinal de sentir alguma dor. Mas, agora ele não podia esconder isso significa que estava seriamente ferido.

“Não, você não está,” ela disse firmemente. “Fique na cama e não se mexa.” Ela, então, chamou um servo e instruiu-o a buscar Yorian.

Depois de algum tempo, Yorian chegou à câmara, acompanhado por Slayer e pela Grande Dama.

A Grande Dama se aproximou com um sorriso alegre. “Bom ver você acordado. Você não faz ideia de quão preocupada você deixou nossa menininha.”

Drayce olhou para Seren com uma expressão de desculpas. “Isso não acontecerá novamente.”

Seren se virou para Yorian, a preocupação evidente em seu tom, “Ele parece estar com dor.”

Drayce olhou para Yorian e minimizou as preocupações dela. “Ela está preocupada à toa. Eu estou bem.”

“Isso é algo que cabe a mim decidir,” Yorian rebateu enquanto se aproximava da cama. “Eu não esperava que você acordasse tão cedo, dada a sua condição ontem à noite. Devo me perguntar se meu diagnóstico inicial estava incorreto ou se algum milagre aconteceu durante a noite.”

Drayce olhou para sua esposa, percebendo os rastros de lágrimas secas ao redor de seus cílios densos, e soube que a tinha feito chorar. Ele sempre guardava o segredo de Seren—o poder que suas lágrimas detinham—próximo ao seu coração, nunca revelando-o a ninguém.

Ele não suportava a ideia de que a tristeza dela fosse usada como remédio para outros, nem queria que alguém a visse apenas como um meio de curar suas doenças. Ela era uma pessoa, não um objeto a ser utilizado. Se estivesse dentro de seu poder, ele teria recusado suas lágrimas para sua própria cura, preferindo suportar seu sofrimento a explorar seu dom.

“Você deve ter subestimado o alcance das habilidades de autossuperação de um Dragão, Yorian,” Drayce disse. “Está tudo bem em estar errado às vezes.”

“Acredito que esse possa ser o caso,” Yorian respondeu com um sorriso maroto, pegando a mão de Drayce para examiná-lo mais de perto.

“Há algo com que se preocupar?” Seren perguntou, seus olhos cheios de preocupação.

Yorian balançou a cabeça. “Não há nada com que se preocupar. A ferida curou completamente devido a uma capacidade de cura milagrosa típica de Dragões,” ele disse, dando a Drayce um olhar ciente. Ele parecia cético quanto à recuperação natural de Drayce, mas optou por não expressar suas dúvidas. “No entanto, o aspecto divino de seu núcleo ainda está se curando e pode levar uma ou duas semanas para se recuperar totalmente.”

“Ainda não curado?” Seren perguntou.

“Rainha Seren, embora ele seja um Dragão, a cura de feridas físicas é diferente da cura das espirituais. Quando o núcleo de energia está ferido, leva tempo para regenerar completamente e recuperar sua força, mesmo para uma divindade. Rei Drayce ficará bem; apenas dê tempo,” Yorian explicou. “Você entende?”

Seren acenou com a cabeça e se voltou para Drayce, seu tom firme, mas carinhoso, “Até que você esteja completamente curado, você vai ficar bem aqui. Você precisa descansar.”

“Farei como você diz,” Drayce concordou prontamente, não querendo causar-lhe mais preocupação. Ele já a tinha feito chorar uma vez; ceder a seus desejos agora era o mínimo que ele poderia fazer para se redimir.

À medida que os dias se desenrolavam, Drayce tinha pouca escolha a não ser aderir ao cuidado vigilante de Seren. Ele passava a maior parte do tempo confinado à sua cama, ocasionalmente caminhando pelo jardim ou sentando-se à beira do lago, focando na revitalização de seu núcleo de energia sob a supervisão de Yorian.

Após duas semanas, Seren, incapaz de conter sua preocupação, perguntou, “Dray, como você está se sentindo agora? Algum desconforto ou fraqueza ainda te incomoda?”

Enquanto se preparavam para a cama, Drayce, sentado na borda, aproveitou o momento. Ele segurou a mão dela e a puxou para a cama. “Parece que é hora de eu provar para você que estou totalmente recuperado.”

Debaixo dele, Seren empurrou seu peito com as mãos, sua expressão séria—um contraste marcante com o rubor que poderia ter colorido tal momento anteriormente. “Dray, estou falando sério. Não brinque com sua saúde.”

“Nas últimas duas semanas, você usou minha saúde como motivo para me manter longe e me impedir de estar perto de você. Como posso convencer você de que estou bem se você não me deixa mostrar?”

“Esta é realmente a única maneira?” ela perguntou, as sobrancelhas se unindo num franzido profundo.

“Por enquanto, este é o único método que conheço,” ele respondeu, colocando uma expressão lamentavelmente triste. “Por favor, não me afaste hoje à noite. Eu juro que estou completamente curado.”

Seren apenas o encarou em resposta.

“Por favor, minha Rainha, minha doce Seren,” ele implorou, seu rosto se derretendo em uma expressão ainda mais lamentável.

Apesar de suas tentativas de manter uma fachada severa, Seren não conseguiu suprimir o riso que borbulhava diante da expressão exageradamente triste de Drayce. Sua risada foi uma clara derrota de sua severidade anterior.

“Vou considerar isso um sim,” Drayce declarou com um sorriso, segurando suavemente o rosto dela para acalmar a risada com sua mão e selou seus lábios.

“Umm… Eu não disse sim.”

“Conheço suas respostas mesmo sem você dizê-las.”

O brincadeira íntima deles continuou, enchendo o quarto com risadas descontraídas até que gradualmente deu lugar a um silêncio repleto de sons mais suaves e íntimos.

Já tarde na noite, enquanto Seren dormia, Drayce recebeu um sinal discreto. Com cuidado para não perturbá-la, ele saiu silenciosamente da câmara e dirigiu-se para a margem do lago.

“Por que você me chamou a esta hora?” Drayce perguntou à figura sombria que o aguardava.

“Recebi uma mensagem de Oriana,” veio a resposta.

“Do que se trata?” Drayce indagou, sua voz uma mistura de curiosidade e preocupação.

“A última vez que ela me chamou foi durante a lua cheia em Othinia, e esta noite marca outra lua cheia,” Yorian falou enquanto olhava para a lua brilhante, “Acho que o Príncipe Arlan está enfrentando o mesmo problema.”

A expressão de Drayce passou de calma para séria. “Eu irei com você.”

“Você acabou de se recuperar, e a teletransportação pode ser muito exigente para você,” Yorian aconselhou. “Eu irei primeiro para avaliar a situação e relatar. Depois podemos decidir como melhor proceder.”

Drayce acenou com a cabeça relutantemente e observou enquanto Yorian desaparecia no ar rarefeito.

Sozinho, Drayce olhou para a lua, agora luminosa e cheia no céu noturno. ‘Arlan, é melhor que você esteja seguro. Não me dê um motivo para me preocupar nessas circunstâncias.’