Filha da Bruxa e o Filho do Diabo - Capítulo 65

65: Carta Oculta 65: Carta Oculta “O poder das bruxas é muito mais do que um mero grupo de assassinos,” disse um ministro que parecia não aceitar o que o investigador havia dito.

O Rei olhou para o ministro com desdém. “Ilumine-nos, ministro. Que tipo de poderes as bruxas possuem?” 
“M-Majestade, por favor, contenha sua ira. Na noite passada, vimos o que elas podem fazer. Apenas gritando, uma bruxa causou caos dentro do palácio. Lidar com dois cavaleiros deve levar apenas um olhar maligno delas, talvez um cântico ou um feitiço de magia negra,” o ministro murmurou. “Só de me lembrar daqueles olhos roxos maliciosos me dá arrepios.”

“Se um olhar maligno funciona, por que estas bruxas altivas e poderosas até precisam usar uma espada para lutar com os guardas. Isso não é uma perda de tempo, meu senhor?” perguntou o investigador, que tentava ser educado, mas pelo seu tom de escárnio, podia-se adivinhar que ele não gostava de como o ministro duvidava dos resultados de sua investigação.

“Ouvimos dizer que elas gostam de brincar com suas presas.”

“Parece que o ministro está familiarizado com um monte de bruxas por aí para ter tanta informação sobre elas,” comentou o Rei sarcasticamente.

“Majestade, isso é conhecimento comum sobre as bruxas que todos estão cientes,” o ministro retrucou.

“Quando você não tem nenhuma prova sobre o que exatamente aconteceu dentro das dependências da torre, então você deve se abster de afirmar qualquer informação como um fato. A corte real não precisa de um ministro que faz conclusões baseadas em mero conhecimento superficial de boatos, muito menos alguns livros obscuros.”

O ministro empalideceu com a ameaça velada. “As informações sobre as bruxas nos livros e o que as pessoas falam e ouvem são baseadas nos fatos que aconteceram no passado.” 
“Alguém presenciou isso pessoalmente?” perguntou o Rei enquanto olhava fixamente para o ministro que acabara de falar. “Ministro da Receita Interna, da última vez que você foi acusado de corrupção, a corte real não o poupou justamente porque eram baseados no que ouvimos e não havia provas? Devo considerar que esses boatos eram baseados nos fatos que aconteceram por trás das cortinas?”

O ministro ficou surpreso e o Rei lançou um olhar severo para o resto dos ministros que se posicionaram contra a Terceira Princesa. “Tenho algo para todos vocês. Eudes!”

O Lorde Eudes entregou ao Rei um pergaminho. Ele o desenrolou, com o conteúdo do longo pergaminho voltado para todos. “Aqui está a lista de pessoas sobre as quais venho ouvindo muitas coisas, mas tenho poupado devido à falta de evidências que em breve obterei. Como rei, estou pensando se devo apenas confiar nesses boatos, ou devo esperar pela prova antes de punir os culpados?”

Um silêncio pesado preencheu o salão.

O Rei Armen pode não ser um bom pai, mas é um governante capaz. Dentro do reino, sua rede de inteligência é insuperável. Embora ele geralmente mantivesse seu silêncio sempre que ouvia nobres e oficiais cometendo delitos menores, ele nunca deixou de coletar as fragilidades dessas pessoas, mantendo-as como cartas escondidas para dias como hoje. Assim como essas facções pensavam que poderiam encurralar o rei, ele as suprimiria novamente.

O Lorde Darus lançou um olhar de esguelha para a Rainha Niobe, que permaneceu em silêncio durante toda a sessão. Embora ele tenha cruzado com os olhos dela, a Rainha permaneceu impassível, como se não estivesse preocupada com o que estava acontecendo. Lorde Darus tinha a responsabilidade de provar que Seren era culpada e fazê-la terminar sendo queimada como aconteceu com as bruxas no passado ou jogada para fora do reino como um membro real banido, despojado de seu título. Mas olhando para o cenário atual, qualquer uma dessas propostas parecia difícil de implementar.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros deu uma tossida constrangida. “Vossa Majestade, podemos por favor voltar a discutir o incidente da noite passada? Todo o palácio foi virado de cabeça para baixo—”
“É sobre isso que estamos discutindo aqui, Ministro Conde,” O Lorde Eudes o interrompeu, ainda ostentando um sorriso cortês enquanto acrescentava. “A preocupação do ministro é o grito em si que trouxe o caos para o palácio enquanto a preocupação da família real é descobrir a raiz do incidente. Quem planejou tal incidente horrível dentro das dependências da torre para assustar a Terceira Princesa? Sua Majestade está mais preocupado com toda essa situação do que qualquer outra pessoa aqui. O incidente não afetou apenas Sua Alteza a Terceira Princesa, mas todo o palácio, prejudicando a casa real. Garantimos-lhes, ministros, que assim que a investigação estiver concluída, o culpado receberá exatamente o que merece—ser decapitado após um julgamento público.”

Com essas palavras, ninguém se atreveu a trazer o assunto à tona novamente. 
O Rei Armen fez um gesto em direção ao investigador. “Descubra quem são esses assassinos e quem os enviou.”

“Sim, Vossa Majestade.”

“Depois que tivermos prova, veremos o culpado devidamente punido,” o Rei assegurou enquanto deixava seu olhar vagar pela corte real.

Com o assunto suspenso, embora temporariamente, a corte real continuou sua sessão tratando dos outros assuntos remanescentes em sua agenda, como o resgate bem-sucedido do Príncipe Cian, a última atualização sobre o estado da guerra e a praga que se espalha na parte oeste do reino.

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Dentro dos quartéis militares do Exército Real de Abethan, as coisas estavam muito mais calmas em comparação com o palácio principal. O incidente da noite passada acordou os soldados, mas não os prejudicou. Os alojamentos dos soldados eram em sua maioria de arquitetura de pedra e madeira, sem janelas de vidro. Como cada quarto foi projetado com simplicidade e conveniência como seu núcleo, eles não tinham grandes ornamentos ou figuras que pudessem causar grandes lesões em alguém se estilhaçassem. Os pequenos itens que os soldados mantinham, como garrafas de água e copos, só causaram alguns cortes em alguns soldados azarados que aconteceram de estar sentados ou dormindo perto deles. 
Para os soldados de Megaris deixados para trás por Drayce na capital de Abetha, a maioria deles estava perplexa com o caos que observaram entre os soldados abetanos durante a metade da noite. Inicialmente, eles pensaram que havia um ataque inimigo, mas os soldados abetanos lhes disseram que não era esse o caso. Como convidados, a ajuda deles foi recusada pelos guardas e servos que estavam ocupados correndo pelo terreno do palácio, e assim, eles não estavam cientes dos detalhes que causaram alvoroço dentro do palácio.