Filha da Bruxa e o Filho do Diabo - Capítulo 57

57: Comércio Valioso 57: Comércio Valioso Mais de um dia havia se passado desde que Drayce e sua tropa deixaram a Fortaleza de Barknor. Um mensageiro chegou ao Palácio Real de Abetha e foi urgentemente relatar ao Rei.

“Vossa Majestade,” Lorde Eudes fez uma reverência ao entrar no estudo do Rei junto com o mensageiro. “Recebemos uma mensagem de nossos espiões em Hatha.”

“Quais são as novidades?” o Rei Armen perguntou preocupado. 
O mensageiro ajoelhou-se diante dele. “Relatando a Sua Majestade, o Príncipe Herdeiro foi resgatado com sucesso, e a tropa deixou a Fortaleza de Barknor ontem à noite. Como Sir Calhoun Sanders, o comandante dos cavaleiros reais de Megaris, ficou gravemente ferido; portanto, a tropa está viajando devagar. Pelas nossas estimativas, após um ou dois dias, eles teriam entrado no território de Abetha. Nosso exército estacionado na Fortaleza do Norte, então, escoltará eles com segurança de volta à capital.”

O Rei Armen sentiu um alívio ao ouvir que seu filho estava seguro, mas então ele perguntou, “Não planejamos a fuga pelo lado de Megaris?”

O mensageiro assentiu e explicou toda a situação. Ao ouvir, o Rei Armen não pôde deixar de suspirar. Ele entendeu o preço que Megaris teve que pagar para que a operação fosse bem-sucedida, e ele sabia que era um grande favor que Abetha teria que retribuir, mas no momento, não havia nada que ele pudesse fazer exceto oferecer ajuda para a rápida recuperação do infame Slayer de Megaris quando retornassem.

“Informe a todos os médicos reais para estarem disponíveis para ver seu ferimento e permita que as preciosas ervas medicinais no Tesouro sejam usadas para o seu tratamento,” o Rei instruiu Lorde Eudes.

Seu conselheiro reverenciou. “Sim, Vossa Majestade.”

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Não só o Rei Armen, mas a Rainha Niobe também estava desesperadamente esperando para receber as últimas notícias sobre a missão de resgate do Príncipe Herdeiro Cian. Desde o momento em que ela foi informada sobre o sequestro do Príncipe, ela não conseguia ficar em paz e rezava pelo bem-estar dele.

Como Ministro dos Negócios Estrangeiros, Conde Lorde Darus também teve atualizações sobre a situação da missão de resgate através de suas fontes secretas.  Assim que terminou com suas obrigações oficiais, ele foi visitar a Rainha Niobe em sua câmara para informá-la sobre o resgate bem-sucedido do Príncipe Cian.

Lorde Darus reverenciou a Rainha, que, como de costume, sentou-se em sua cadeira depois de ordenar que sua dama de companhia e empregadas saíssem.

“Vossa Majestade, eles resgataram com sucesso o Príncipe Herdeiro.”

A Rainha Niobe suspirou aliviada. “Finalmente. Eu tinha certeza que o Rei fez de tudo para salvar o nosso filho.”

“O Rei de Megaris desempenhou um papel importante. Seus poderes e táticas são louváveis,” Conde Darus acrescentou. 
“Rei de Megaris!” a Rainha murmurou. “Tenho certeza que meu marido terá que retribuir esse pesado favor a ele, talvez à custa do reino.”

O ministro assentiu. “Com nosso reino envolvido em uma guerra com Hatha e Thevailes, Abetha não pode se dar ao luxo de aborrecê-lo se ele pedir alguma coisa, senão a aliança vai desmoronar. Pelo que eu ouvi sobre suas ações durante a missão de resgate, mostra que os rumores sobre ele ser o filho do diabo são um tanto verdadeiros.”

A Rainha deu-lhe um olhar interrogativo, e Lorde Darus explicou, “Durante a luta, houve um terremoto súbito, e todos acreditam que foi causado pelo Rei de Megaris.”

“Interessante, embora não seja crível.”

“Vossa Majestade, é muita coincidência que justamente quando o Marquês Percy machucou o mais próximo confidente do Rei Drayce, um terremoto irrompeu. Segundo minhas fontes, foi o resultado da sua ira,” o ministro adicionou. “Não só isso, durante a luta, houve várias vezes em que o Rei de Megaris mostrou habilidades inumanas.”

“Se você ouviu falar disso, tenho certeza que o Rei Armen também saberia e verificaria sua autenticidade e não tentará cruzar o caminho dele se ele pedir algo,” a Rainha Niobe suspirou. Após algum tempo, seus olhos cor de âmbar brilharam intensamente. “Em vez de prometer riquezas e terras, que tal formalizar nossa aliança temporária com Megaris com a promessa de uma amizade mais duradoura? Que tal presenteá-lo com uma das princesas de Abetha? Não é algo normal a fazer quando outro reino vem ao seu resgate?”

Lorde Darus assentiu. “Tais trocas aumentam a confiança entre ambos os reinos.”

“E aqui temos uma preciosa bruxa para essa valiosa troca, perfeita para um diabo.” A Rainha sorriu sinistramente,  seus olhos pareciam ter planejado algo perverso. 
“Com efeito, Vossa Majestade.”

“Quando eles retornarão à capital?” a Rainha perguntou.

“Eles chegarão amanhã, Vossa Majestade,” o ministro respondeu enquanto adicionava, “Se prosseguirmos com nosso plano, só temos esta noite para implementá-lo. Uma vez que o Príncipe Cian retorne, será difícil para nós agirmos.”

A Rainha concordou. “Está tudo pronto?”

“Sim, Vossa Majestade. Estamos apenas aguardando sua permissão.”

“Esta noite, realize-o a todo custo, e lembre-se, nenhum erro é permitido.”

“Fique tranquila, Vossa Majestade.”

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(POV de Seren)
Parada junto à janela, eu continuava olhando fixamente para o céu, que lentamente estava sendo envolvido pela escuridão. O sol estava prestes a se pôr por trás daquelas cadeias de montanhas distantes. 
O Tempo parecia um caracol rastejando, e embora parecesse que um ano havia passado, na realidade era apenas a terceira noite que eu passaria sozinha sem a Martha ao meu lado.

“Onde está aquela velha? Quando ela voltar, vou atormentá-la até os ossos. Ela ousou me deixar sozinha por tanto tempo.” Eu reclamei em voz alta, mas no momento seguinte, minha mente mudou. “E se ela nunca mais voltar?” 
O pensamento me assustou. Fechei meus olhos e roguei a quem pudesse ouvir meu apelo. 
“Por favor, deixe a Martha voltar logo. Serei boa com ela e ouvirei tudo o que ela diz…”

Thud!

“Ahh!” 
Algo pousou em minha janela, e por reflexo, recuei da fonte do som.  Alguns segundos depois, abri os olhos, apenas para ver a águia que sempre trazia minhas refeições.

“Você não poderia me informar antes de pousar aqui tão de repente?” Levantei a voz enquanto tentava acalmar meus batimentos cardíacos acelerados e recuperar o fôlego.

O majestoso pássaro marrom parecia não ser afetado pelas minhas palavras, e eu me aproximei dele. 
“Por que sinto que você adora me assustar? Quer que eu te queime?” Eu disse, e a águia recuou um pouco para longe da caixa de comida que trouxe.

“Alguém não te disse que eu sou uma bruxa e que posso te queimar?” Perguntei novamente, mas a águia me ignorou e virou-se, prestes a abrir suas asas para voar para longe.

“Espere!” Eu chamei, e, surpreendentemente, a águia recolheu suas asas e virou-se para me encarar. Notei algo em uma de suas garras.