Fera Alfa e Sua Luna Amaldiçoada - Capítulo 75

75: Seu comportamento frio 75: Seu comportamento frio PONTO DE VISTA DE VALENCIA
Essa não é uma bela manhã? Eu perguntei para Aurora, que revirou os olhos para mim enquanto eu ria sem graça.

Sim. Acabei de ter uma tentativa falha de melhorar o humor dela. Por quê? Porque acabei de sair do hospital.

O médico disse que eu teria que me cuidar e me manter afastada de qualquer atividade extenuante. E como ele não podia dizer se eu tinha um lobo ou não, ele claramente exclamou que eu deveria me abster de me transformar em meu lobo.

E adivinha? Aurora está ótima desde então. Não se transformar em lobo significa também não se transformar em gato.

‘Vamos lá. Olhe pelo lado bom. Salvamos a vida de alguém,’ eu fiz bico para ela e ela revirou os olhos.

‘Você poderia ter feito de um jeito muito melhor mas não, você tinha que se fingir de heroína. Poderia ter desviado facilmente daquele golpe se estivesse concentrada,’ Aurora me acusou dramaticamente.

Era engraçado como era eu quem tinha que passar por toda a dor e tudo mais, e ainda era eu quem estava tentando acalmá-la para não ficar zangada e mal-humorada.

“Valência? O que você está fazendo aqui? Saindo do hospital?” Ouvi uma voz familiar e me virei para olhar para Angela.

“Eu? Só vim para um checkup de rotina por causa do acidente com fogo. O médico recomendou que eu voltasse aqui para garantir que eu não estou com nenhum TEPT. E você?” Perguntei a ela, desviando casualmente de qualquer suspeita.

Sim. Estou me tornando uma profissional em mentir.

“Nada demais. Só vim pegar meus exames de rotina,” disse Angela.

Fomos juntas para a Universidade depois disso.

Não pude deixar de olhar para Sombra por alguns segundos assim que ele entrou na sala, fazendo-me pensar imediatamente na noite que passamos juntos.

‘E isso soou tão quente na nossa cabeça,’ Aurora piscou, um rubor subindo às minhas bochechas enquanto desviava o olhar rapidamente antes que ele me pegasse olhando para ele.

“Quer ir às compras mais tarde? Para os vestidos,” Aiden sussurrou no meu ouvido.

Me virei para ele antes de murmurar vagamente.

Vamos lá, cara. Você é tipo meu melhor amigo, mas deixa eu babar nesse pedaço gostoso de carne que está andando pelo pódio como se estivesse caminhando até o altar… eu pigarreei para tirar o pensamento da minha cabeça.

“Vamos alugar. Eu realmente não acho que vou precisar disso ou de qualquer tipo de vestido no futuro próximo, e não tenho nenhuma vontade de encher meu armário com roupas inúteis,” eu disse e ele concordou.

“Isso é realmente sustentável. Vou fazer o mesmo então,” ele disse.

Surpreendentemente, Sombra nem sequer olhou na minha direção uma vez, e eu apertei os lábios em uma linha fina, não gostando do rumo que as coisas estavam tomando. Normalmente, ele já teria me olhado umas dez vezes, mesmo que fosse para me fulminar com o olhar.

Estava algo incomodando ele?

Não consegui me concentrar em toda a aula.

Não sei por que ele estava agindo dessa forma, mas o fato dele estar me incomodando tanto começou a me incomodar ainda mais.

Uhh… O que diabos eu estava dizendo mesmo?

Eu apertei mais forte a caneta na minha mão enquanto anotava, achando difícil aguentar mais.

“Você está bem?” Aiden sussurrou no meu ouvido, e eu estava prestes a responder quando Tracy se virou.

“Angela me disse que você foi ao hospital por causa do acidente com fogo. Está tudo bem?” Ela perguntou.

Foi como se ela tivesse soltado uma espécie de bomba-relógio. Assim que Aiden ouviu aquelas palavras, ele segurou minha mão para que toda minha atenção ficasse nele.

“Hospital? O que aconteceu? Por que você não me disse? Por causa da festa? Que se dane e -” ele começou a disparar as perguntas uma após a outra, e eu suspirei.

“Aiden, está tudo -” eu comecei, mas não consegui terminar a frase quando a voz fria de Sombra soou.

“Os alunos conversando atrás, saiam da sala,” Ele disse.

Desviei o olhar de Aiden para Sombra, mas ele não estava olhando para mim de novo.

“Mas senhor-” Aiden começou, provavelmente para explicar em meu nome porque ele sabia o quanto créditos eram importantes para mim, mas honestamente, eu não me importava tanto assim.

Não no momento, pelo menos. Ele estava agindo como um completo idiota hoje. Provavelmente seu alfa fez algo com ele, mas ele não precisava descontar em mim.

Sem dar nenhuma explicação ou implorar, levantei do meu assento e saí da sala.

Doía.

Não. Sua indiferença não estava me machucando.

Meu abdômen estava me machucando porque eu levantei abruptamente, e olhei ao redor tentando encontrar um banco ou algo para me sentar novamente, porque ficar em pé assim estava me sobrecarregando.

“Valência, o que está acontecendo com você? Você poderia ter explicado -” Aiden começou, mas ele provavelmente viu a expressão no meu rosto porque ele parou imediatamente enquanto suas pupilas se dilatavam.

“Valência? Ei, ei, o que há de errado? Por que você está suando tanto?” Ele sussurrou, e eu balancei a cabeça antes de deslizar pela parede e sentar no chão, me sentindo muito melhor.

Eu sei que Aiden estava com várias perguntas na cabeça. E ele estava tentado a fazê-las. Ele era um lutador de rua e um membro ativo da gangue do pai dele, pelo amor de Deus.

Ele provavelmente ficou desconfiado no momento em que viu os hematomas no meu braço quando eu acidentalmente subi a manga na frente dele.

Embora minhas feridas curem mais rápido e o hematoma já devesse ter desaparecido, tudo estava assim porque meus poderes de cura estavam ocupados curando meu abdômen e os músculos, então os hematomas ainda estavam lá.

“Eu não vou te perguntar com quem você brigou ou qualquer coisa, mas pelo menos deixa eu te ajudar se você está sentindo dor,” Aiden sentou ao meu lado e segurou minha mão.

Olhei para nossas mãos onde ele entrelaçou os dedos nos meus.

“Aiden, é só uma coisa pessoal,” eu sussurrei e ele murmurou.

“Eu entendo. Eu não sempre entendo? Mas pelo menos isso te ajuda um pouco. Veja isso como minha consciência culpada ou egoísta porque eu ainda quero que você vá à festa comigo,” Ele disse, olhando nos meus olhos com uma expressão suave e preocupada.

Seus olhos azuis, tão livres de qualquer malícia ou malignidade em relação a mim, me fizeram querer contar toda a verdade para que ele pudesse parar de ser tão gentil comigo e fugir se quisesse, mas eu também sabia que Sombra estava logo atrás da parede na sala de aula e se ele até mesmo desconfiasse do que eu contava para Aiden, eu acabaria nas masmorras assim que possível.

“Obrigada por sempre entender,” eu disse no final antes de colocar minha cabeça no ombro dele.

Não demorou muito até que o som dos alunos sussurrando alto viesse.

A aula provavelmente acabou, e eu me sentei direita, não querendo que as pessoas espalhassem boatos sobre nós.

“Deixe-me te ajudar,” Ele rapidamente se levantou e segurou minha mão.

Eu estava prestes a colocar minha mão na dele quando senti ele.

Sua presença estava logo ao meu lado, e me virei para olhá-lo.

“Por que você sempre acaba numa situação em que as pessoas precisam te ajudar? Você não se cansa disso?” As palavras frias de Sombra me atingiram como uma facada no coração e eu desviei o olhar rapidamente.

Se sua indiferença anterior não me machucou, sua expressão fria e palavras agora, como se ele tivesse pena de mim, definitivamente estavam me machucando.

‘O que há de errado com ele?’ Aurora perguntou, e eu peguei a mão de Aiden.

“Seja gentil,” eu lhe disse, não querendo machucar meus músculos, mas antes que Aiden pudesse me levantar, senti braços envolvendo minhas costas.

Eu suspirei com sua proximidade repentina.

“Aiden, vá ao escritório do diretor e me ajude a informar o diretor que estarei disponível para a reunião depois de uma hora,” Sombra disse enquanto me levantava sem esforço, e olhei para Aiden antes de balançar a cabeça.

Eu não queria ficar sozinha com Sombra, não quando estava sentindo que ele iria me machucar com suas palavras, e eu talvez não conseguisse disfarçar.

No entanto, diante do olhar firme de Sombra, Aiden só pôde se virar e sair.

“Sombra, me coloque no chão agora mesmo,” eu travei minha mandíbula, olhando para ele com um olhar furioso.

Ele não disse nada, seu silêncio me fazendo querer morder o inferno do pescoço dele, e eu juro, teria feito o mesmo se não estivéssemos na Universidade.

Graças a Deus os alunos já tinham saído para o intervalo do almoço e ninguém estava no corredor para ver o que ele estava fazendo.

“Eu disse para me colocar no chão!” Eu elevei minha voz, e ele finalmente me olhou nos olhos, seus olhos formando uma tempestade que fez meu coração pular uma batida.

Vendo que ele não ia responder às minhas palavras, eu virei minha cabeça e percebi que ele virou à direita.

“Ei, esse não é o caminho para a enfermaria. Para onde você está me levando?” Eu olhei para ele, e não demorou muito até que eu tivesse minha resposta.

Ele destrancou a porta de sua cabine temporária como se não estivesse carregando uma garota pesada em seus braços antes de me levar para dentro e trancar.

Olhei para ele com cautela quando ele me colocou na mesa, sem se preocupar com as folhas de tarefa que ele jogou no chão sem pensar duas vezes.

“Sombra, o que é -”
Ele se aproximou e me abraçou, enfiando o rosto no vão do meu pescoço.

“Está fora do meu controle já. Eu sei que é bastante antiético mas eu quero. Você pode me odiar por fazer isso mas eu não aguento mais,” Sombra respirou em meu pescoço pesadamente.

Ele não aguentava mais? Fora de controle? Do que ele estava falando? Ele estava me dizendo que revelou algo para seu alfa ou alguma coisa assim?

Thump. Thump. Meu coração tamborilava. Não. Estava batendo forte em meus ouvidos enquanto eu antecipava seu próximo movimento.

“Sombra, o que você está-” Antes que eu pudesse terminar minha frase, ele se afastou e colocou seus lábios no canto dos meus para me impedir de falar.

“Deixe-me te beijar. Um beijo de verdade,” Ele sussurrou contra minha pele, fazendo minhas pupilas dilatarem.