Fera Alfa e Sua Luna Amaldiçoada - Capítulo 27

27: Pelagem manchada 27: Pelagem manchada PONTO DE VISTA DE VALENCIA
Ele trabalhou duro. Eu estava lá sentada, assistindo-o espalhar os documentos na cama um a um antes de ligar o ventilador na velocidade baixa para secá-los e limpar a bagunça que eu fiz.

Por que ele estava fazendo tudo isso sozinho? Ele poderia simplesmente chamar uma empregada ou faxineira, certo?

‘Ei, cuidado!’ Eu gritei para chamar sua atenção enquanto observava o frasco de tinta que estava rolando para a borda da mesa, no entanto, o que saiu da minha boca foi apenas um ‘miau!’
Vendo-o ocupado juntando os documentos e o frasco de tinta prestes a cair em sua cabeça e manchar seu rosto bonito, eu pulei da cama e usei meus instintos de gato para chutar o frasco para longe.

Sombra olhou para cima quando eu aterrissei em sua cabeça como uma tola com meu tralala bem na cara dele e minhas patas agarrando seu cabelo para me impedir de cair antes dele suspirar ao olhar para o frasco de tinta que respingou na parede.

“Então agora você está sentindo um senso de responsabilidade e salvando minha pele?” Ele perguntou, me levantando de novo, e eu notei como suas mãos tinham sido manchadas pela tinta antes.

“Você deve estar com fome,” ele sussurrou antes de ir ao banheiro.

Eu estava tentada a fugir, eu juro que estava, mas então eu parei.

Não. Não era por culpa ou qualquer compaixão pelo homem.

Era por causa da comida de graça. E assim, eu me sentei ali como uma gata obediente.

Logo ele saiu do banheiro, vestindo apenas uma toalha, fazendo meu coração palitar. Ele era bastante musculoso e poderoso para um beta.

Honestamente, se ele não tivesse me dito que era o beta, eu teria adivinhado que ele era o alfa. Mas de novo, um Alfa não pode ser tão suave quanto ele agiu comigo mesmo depois de suspeitar que eu estivesse envolvida com Valência.

Eu desviei o olhar quando o vi segurando uma ponta da toalha, provavelmente para tirá-la, fazendo-o rir, seu sorriso e voz aveludada e profunda, fazendo-me ficar ainda mais tímida.

E eu sei que se eu estivesse na minha forma humana, eu teria ficado completamente vermelha de constrangimento.

“Vamos ver se você deixou alguma roupa boa para mim ou se preciso pegar emprestado dos meus subordinados,” ele sussurrou.

‘Eu não estraguei todas as roupas,’ eu disse, mas então mais uma vez, o que saiu da minha boca foi…

“Miau, miau, miau!”

Ouvindo minha própria voz, eu olhei para minhas patas enquanto ele ria novamente.

“Sim, gatinha, eu posso ver isso. Você não destruiu todas as minhas roupas,” Ele brincou enquanto eu mantinha meu olhar nas minhas patas, um pouco envergonhada.

Sério, como ele poderia entender minhas palavras assim tão facilmente sem eu sequer dizer nada sobre elas?

“Você sabe, você me lembra muito a sua chefe, se ela for sua chefe mesmo. Ela tem esse mesmo zelo nos olhos que você tem, tão expressivos e inocentemente travessos. Não é à toa que vocês dois se dão tão bem,” ele comentou, e eu me virei para olhá-lo, desviando rapidamente o olhar quando o vi vestindo suas calças sobre os shorts.

O que posso dizer? Claro que ele me acharia e a este gato a mesma coisa. Afinal, nós somos a mesma pessoa, um segredo que para mim é tanto uma dádiva quanto uma maldição.

‘Ei, você está bem?’ Aurora me perguntou, e eu percebi que minhas emoções estavam tentando tomar um rumo negativo novamente, fazendo-me suspirar.

‘Estou bem,’ eu disse a ela, e ela assentiu com um olhar não convencido.

‘Vamos lá, você sabe que eu não posso esperar tanto tempo. Este homem está me fazendo esperar pela comida por muito tempo. O que está demorando tanto para ele se vestir?’ Eu resmunguei.

Aurora revirou os olhos para mim.

‘Eu realmente não posso estar com você e suas emoções,’ Ela disse, e eu sorri, fazendo-a sorrir também.

‘Vamos arranjar algo para você comer,’ Ele sussurrou antes de caminhar até mim e olhar para mim cuidadosamente.

‘Precisamos limpar suas patas primeiro. Farei isso em casa,’ Ele disse e pegou uma toalha aleatória antes de me envolver nela.

Espera. Não era uma toalha aleatória! Era a mesma toalha que ele tinha usado para enrolar ao redor do torso, seu negócio!!

Oh, minha deusa da lua!

‘Oh, deusa da lua,’ Aurora me imitou.

Mas por que diabos ela estava dizendo isso de maneira tão sensual? Ela estava feliz com uma coisa dessas?

‘Está refrescante,’ Ela disse defensivamente.

‘Claro, está refrescante. Está molhada e estava enrolada no seu -‘ Eu não consegui completar minha frase.

‘Pare de agir como uma virgem, Val,’ Aurora, minha loba falsa, comentou como se essa fosse a coisa mais legal para me dizer, e eu a encarei boquiaberta.

Sério? Claro que eu agiria como uma virgem. Eu era uma!

Eu tentei me debater em seus braços, mas quanto mais eu lutava, mais apertado ele me segurava em seus braços, perto de seu peito.

Com minhas patas em seu rosto, eu tentei empurrá-lo para longe, mas ele segurou minhas patas entre suas mãos antes de olhar para mim.

‘Comporte-se,’ ele sussurrou, seu olhar de tão perto me fazendo consciente de nossa proximidade e perceber como ele cheirava intoxicantemente bem depois de tomar um banho.

Ele cheira bem o tempo todo, bastante atrativo e de dar água na boca eu devo dizer.

Ele nos levou de volta para a mesma casa antes de me colocar no sofá no meio do salão.

Ele subiu para algum quarto e eu aproveitei para olhar em volta.

Era um lugar agradável. Modesto e artístico ao mesmo tempo.

Honestamente, algumas partes eram tão lindas que eu tinha medo até de caminhar em direção a elas.

Havia este quadro na sala, parecia feito à mão. Tinha um homem e uma mulher segurando dois meninos em suas mãos.

Talvez estivesse aqui só porque era fofo, ou por que estaria aqui? Sombra não tinha irmãos, isso eu já tinha percebido.

Mas novamente, por que o menino mais novo parecia tanto com Sombra?

Poderia ser algo que aconteceu com o irmão mais velho de Sombra? Algum tipo de tragédia? Ou era amigo dele? Havia tantas coisas que eu não sabia de jeito nenhum e por alguma razão, eu estava curiosa para saber todas elas.

Eu caminhei em direção a um vaso que estava bem embaixo de uma espada que parecia meio antiga como se fosse uma coisa de legado familiar. Será que era a espada da família beta que estava sendo passada através de gerações e finalmente chegou às mãos de Sombra?

Por que ele colocaria uma espada tão importante assim? Mas falando sério, quem iria querer roubar uma espada de legado normal?

Eu estava prestes a tocar o cabo da espada que parecia estar me chamando em direção a si mesma. No entanto, antes que eu pudesse tocar a espada, fui levantada no ar e miei impotente.

‘Não. É perigoso. Eu não quero que você se machuque porque quer brincar de Dora, a Aventureira,’ Sombra disse antes de colocar a toalha em seu colo e me sentar lá.

‘Me dê suas patas,’ ele disse, e eu pressionei meus lábios em uma linha fina antes de levantar minhas patas em direção a ele.

‘Me espanta como você entende perfeitamente a língua humana,’ Ele sussurrou, e eu olhei para o rosto dele antes de olhar para suas mãos musculosas e veiosas que estavam tratando meus ferimentos tão gentilmente.

‘Eu posso limpar suas patas assim, mas e o seu pelo branco? Eu não acho que a cor vai sair tão cedo,’ ele disse, e eu levantei as mãos para olhar para o meu pelo.

Como diabos meu futuro ficou sujo? Eu me perguntei antes de pausar e encarar o homem.

‘Miau!!’ Eu sibilei, me sentindo injustiçada.

Foi porque ele me segurou com suas mãos manchadas.

Como se ele entendesse meu olhar mais uma vez, ele sorriu.

‘Eu acho que estamos quites agora? Você destruiu minha propriedade e eu manchei seu pelo,’ ele brincou.

‘Miau!!!’ Você quer! Eu queria gritar antes de pular fora de suas mãos e sair da casa num acesso de raiva.

Comida grátis uma ova! Ele que pegue essa comida e enfie no seu…

Huh… Eu o salvei de ficar sujo porque eu sabia que a cor não sairia facilmente mas olhe para ele manchando meu pelo branco perfeito. E se não sair quando eu me transformar na próxima vez? É preto também.

Uhh…

Eu corri em direção à casa no lago em que eu tinha me transformado antes de vir para cá.

Angela não estava feliz com isso, mas havia realmente algo que eu pudesse fazer?