Fêmea Alfa: Superando Tudo - Capítulo 31

31: CORRIDA SEM SENTIDO 31: CORRIDA SEM SENTIDO “Levanta, levanta, buttercup.” Tara gritou, “Já que você só quis se lamentar nas últimas semanas, que tal correr até eu dizer chega? Você precisa se soltar.”

Eu suspiro e olho para a minha família buscando um salvador.

“Não adianta olhar pra eles. Ninguém vai te salvar. Você é minha pelas próximas horas. Um pouco de corrida não vai machucar. Na verdade, pode te ajudar a clarear a mente e te dar uma nova perspectiva.”

“Aff, não estou no clima pra isso. Eu realmente preciso? Não é mais divertido.” Eu reclamo
dando ao meu pai meu melhor olhar de filhote de cachorro.

Sou uma menina do papai. Meu olhar de filhote geralmente consegue o que eu quero. Agora, eu só quero voltar para o meu quarto. Eu vou lidar com tudo isso mais tarde. Eu sei que preciso voltar à terra dos vivos e planejo exatamente isso, mas nos meus próprios termos.

“Primeiro, eu nunca disse que ia ser divertido. E pare de dar aquele olhar de filhote machucado pro Tio. Não vai funcionar dessa vez.” Tara disse.

“Desculpa, filhinha.” Meu pai disse. “Isso é para o seu próprio bem. Agora pare de perder tempo e vamos nessa. Você vai nos agradecer depois.”

Bom, já que isso não funcionou, me levantei e fui para o campo de treinamento. É uma coisa boa eu ter estado vestindo camisetas e leggings ultimamente.

Quando saio, tenho que admitir, mesmo que só pra mim, que sentir o sol brilhando diretamente sobre mim é bom. Até a caminhada da nossa copa até o campo de treinamento foi gostosa. Tara e eu caminhamos em silêncio, o que foi bom porque eu ainda não estava pronta para falar. Os membros da alcatéia que passamos por também devem saber que não estou no clima para conversar. Todos eles me cumprimentaram respeitosamente e seguiram em frente. Pude ver alguns da minha faixa etária sorrindo enquanto eu passava. Esta é a primeira vez que eles me veem fora de casa desde que voltei do meu acasalamento fracassado.

“Não, Zell,” Safira disse. “Não vamos cair nessa toca de coelho de novo. Nós não fracassamos. Kosta e Emil falharam conosco. Nós não fizemos nada de errado e não temos nada pelo que nos envergonhar ou esconder. Somos um alfa. Agora erga sua cabeça e aja como o que você é.”

“Obrigada, Safira, acho que ainda preciso de lembretes.”

“A qualquer hora, minha querida humana. É pra isso que eu estou aqui.”

Depois de alguns minutos alongando, Tara e eu começamos a correr. Quanto mais eu corria, mais eu sentia meu corpo relaxar e liberar um pouco da tensão e da dor. Tudo o que eu fazia era correr e pensar. Pensava em tudo que aconteceu entre mim e Kosta. Pensava na minha amizade com Khalis. Descobri pela companheira do meu irmão que Khalis estava sabotando minhas amizades com outros da minha faixa etária. Ela contava mentiras sobre mim e dizia que eu me achava melhor do que todos eles. Ela me dizia que todos estavam intimidados por mim. Ela sempre encontrava maneiras de me manter separada dos outros. Ela chegou ao ponto de mudar sua agenda para estar em todas as minhas aulas. Ela aparentemente estava dormindo com ou chantageando administradores escolares para nos manter nas mesmas aulas. Ela realmente jogou um longo jogo. Ela sempre planejou tentar roubar minha vida. Agora que olho para trás, devia ter percebido que algo estava estranho. Eu não tinha os mesmos problemas na alcatéia da minha mãe, que agora é a minha alcatéia. Lá eu tinha vários amigos e todos me achavam muito acessível. Eu não agia de forma diferente lá. E eu não consigo entender como meu companheiro de alcatéia poderia pensar que eu os via com desprezo por serem de um rank inferior a mim. Khalis era uma loba comum. Ela ganhou acesso ao rank mais alto através da amizade comigo. Acho que é por isso que ela trabalhava tanto para me manter isolada. Admito, eu facilitava. Eu estava focada no meu treinamento e na minha educação. Treinar com os guerreiros da Elite foi minha salvação. Aparentemente, Khalis tentou espalhar rumores sobre mim e os guerreiros, mas meu irmão colocou um fim nisso e os próprios guerreiros se recusaram a permitir que ela criasse uma divisão entre mim e eles. Eles sempre me apoiaram. Me irrita reconhecer que eu poderia ter tido amizades significativas com outros lobos da minha idade se Khalis não tivesse se empenhado tanto em me alienar dos outros. Ela começou isso quando nós estávamos na escola primária. Onde alguém aprende a ser tão manipulador tão jovem? Eu não posso nem dizer que foi como ela foi criada. O irmão e a irmã dela não são nada parecidos com ela. Acredito que foi por isso que meus pais me incentivaram a me formar cedo e me deixaram ir para a faculdade mais cedo. Para me afastar de Khalis. Eu era muito jovem e imatura; não enxergava suas jogadas.

Quanto mais eu corria, mais eu percebia que eu facilitava para Khalis me manipular e para Kosta me usar. Eu era socialmente imatura e vivia com a cabeça nas nuvens e nos livros. Eu era um prodígio e considerada um gênio. Eu não sabia como me relacionar com os outros quando eu era filhote, mas como outros lobos, eu precisava me sentir conectada. Khalis viu essa necessidade e a explorou. Não percebi o quão atrofiada eu estava vivendo à sombra de Khalis. Eu floresci longe dela. Deixei ela me convencer de que ela era minha única amiga na alcateia e de alguma forma me convenceu de que eu precisava da amizade dela, mesmo estando muito mais realizada e prosperando longe dela. Na minha alcateia, eu sou respeitada como uma alfa, mas também tenho amizades genuínas. Tara é verdadeiramente a minha melhor amiga, e não apenas minha Beta.

Não importa o quanto eu pense nisso, não consigo entender por que eu era tão obcecada por Kosta. Decidi que ele era o único desde muito jovem e nunca desviei disso. Fiz de tudo possível para que ele me amasse. Entendo que estava sentindo a ligação de companheiros mesmo sem compreendê-la. É normal para um lobo abençoado com sangue alfa sentir a ligação mais intensamente do que os outros, mas normalmente é sentido por ambas as partes. Refletindo sobre minha companhia com Kosta, está claro para mim que ele sempre foi o meu único, mas eu nunca fui a única dele. Ele se contentou comigo porque eu era sua companheira. Ele sabia que eu era sua companheira por anos antes de decidir tornar nosso relacionamento oficial. Ele literalmente queria todas as outras lobas além de mim. Ele esperou para me reivindicar até que meu lobo o cheirasse e ele não pudesse mais adiar. Gostaria de pensar que teria feito escolhas diferentes se soubesse que ele sabia que eu era sua companheira enquanto ainda transava com todas aquelas outras lobas. Eu realmente queria ter sabido que as dificuldades emocionais e dores aleatórias que eu sentia se deviam a ele estar com outras depois de saber que eu era sua companheira. Eu estava caminhando pela vida com óculos cor-de-rosa, vivendo na fantasia de que eu e Kosta éramos perfeitos.

Depois que Kosta me reconheceu como sua companheira, tomei tantas decisões apenas para fazê-lo feliz sem considerar o que eu precisava. Eu nem mesmo tinha um Plano B. Companheiros são para sempre. Mesmo depois de saber que ele continuou dormindo com outras, sabendo que eu era sua companheira, eu nunca pensei que seria possível que ele fosse contra a ligação de companheiros. Percebo que meu processo de pensamento foi falho, já que ele tinha ido contra a ligação desde o início. Ele resistiu à ligação por anos. Lembro de como deixei ele ignorar meus pensamentos e sentimentos desde o primeiro dia. Desisti da grande cerimônia de acasalamento porque ele disse que não precisávamos dela, uma vez que eu já estava agindo como Luna mesmo antes de Safira cheirá-lo. Ele sabia que eu sonhava com minha cerimônia de acasalamento desde filhote. Ele me fez sentir tola por querer uma cerimônia, então cedi e fiz o que ele queria. Ele nunca reconheceu que eu era uma alfa por direito próprio. Toda vez que eu tentava falar com ele sobre segurança e melhorias nos horários de patrulha, ele simplesmente me ignorava. Ele não reconhecia que eu era uma guerreira da Elite e desconsiderava qualquer coisa sobre mim que não fosse sua definição de uma Luna. Ele nunca chegou a me conhecer como pessoa. Ele não queria me conhecer. Ele só queria que eu cumprisse um papel e fizesse dinheiro para ele. Eu me diminuí, permiti que parecesse mais fraca do que era, e escondi minha aura para fazê-lo feliz, ou mais especificamente, para não balançar o barco para que ele me amasse.

“E como isso funcionou para a gente?” Safira perguntou.

“Não funcionou nada e agora estou percebendo que nunca fomos felizes lá. Nunca fomos verdadeiramente aceitos e nunca alcançaríamos nosso potencial máximo aqui com Kosta.”

“Agora sim, essa é a Zell que eu conheço e amo.”

Tara estava certa. Eu precisava disso. Tudo o que fiz foi correr, mas estar ao sol, sentir a brisa enquanto corria, é muito catártico. Nem sei há quanto tempo estamos correndo e, honestamente, agora, nem me importo. Isso era exatamente do que eu precisava. O ar puro me ajudou a limpar minha mente. Eu precisava do esquecimento físico que a corrida sem fim me proporcionava. Temos o campo só para nós, então tudo o que eu precisava fazer era correr e pensar. Eu podia me perder nos meus pensamentos sem me preocupar com mais nada. Tara me conhece o suficiente para saber que era isso que eu precisava, mesmo que eu não soubesse que precisava disso.