243: Um Pequeno Auxílio 243: Um Pequeno Auxílio A morte de alguém não deveria ser algo que eu deveria ficar feliz. Não foi minha intenção matá-lo. E se eu pudesse expressar o quanto sinto muito que ele morreu, eu daria a minha vida em vez da dele.

Arrependimentos à parte, uma parte de mim sentiu alívio ao pensar que, embora eu não tivesse querido tirar uma vida intencionalmente, isso salvou a vida de alguém, a vida de Sara Donovan em particular.

Ouvir a história dos abusos que ela sofreu e ver a angústia estampada em seu rosto miserável enquanto ela me contava tudo me deu um enorme alívio que, finalmente, o peso que ela carregava em seus ombros frágeis por tanto tempo se foi e ela pode finalmente viver sua vida em paz.

“Eu sei que não deveria estar dizendo isso, mas depois da morte dele eu nunca derramei uma lágrima. Tudo o que eu podia sentir à medida que a notícia entrava era alívio por saber que o homem que fez da minha vida um inferno havia partido.” Sara enxugou as lágrimas dos olhos. “Nem mesmo fiquei triste por ele ter ido, porque eu sei que não faria diferença, ele ainda iria morrer se não fosse pelo acidente, seria nas minhas mãos. Estou realmente feliz por não ter tido a chance de apertar o gatilho da arma, ou então estaria na cadeia agora.”

“As coisas acontecem por um motivo, Sara.” Eu disse a ela, tentando impedir que minhas lágrimas caíssem novamente. “Talvez seja vontade de Deus que você fique com seus filhos e não na cadeia.”

“Eu acredito nele… Ele finalmente atendeu às minhas preces e me libertou das correntes às quais estive presa por anos.”

Eu limpei a garganta, pronta para contar a ela o verdadeiro motivo pelo qual vim vê-la. “Sara, eu quero te ajudar financeiramente. Agora que seu marido se foi, eu sei o quanto está sobrecarregada criando seus filhos sozinha.”

“Você não precisa se preocupar comigo e meus filhos. Tudo foi pago pela companhia de seguros e eu não gastei um centavo durante o enterro. Eu economizei algum dinheiro e isso será suficiente para sustentar meus filhos por uma semana.”

“Mas depois de uma semana, você estará com problemas financeiros novamente.”

“Ficarei bem, Bella. Não é novidade para mim. Na verdade, posso administrar o dinheiro com mais liberdade agora, sem me preocupar que meu marido vá roubar para comprar bebida.”

“Quero ajudá-la de alguma forma. Vou te dar dinheiro para recomeçar. Se você aceitar, vou te ajudar a começar um novo negócio.” Eu insisti.

Sara se manteve firme em sua resolução e balançou a cabeça. “Seria demais. Estou feliz e satisfeita com minha vida agora. Não quero aceitar nada, porque sinto que é tirar vantagem de você. Só de você vir aqui me ver já é mais do que suficiente para mim.”

“Se essa é a sua decisão, então não vou insistir mais, mas, por favor, aceite este presente meu.” Abri minha bolsa e entreguei a Sara um envelope.

“Se for dinheiro, eu não vou aceitar.”

“Você tem minha palavra que não é.” Eu respondi.

Ela pegou o envelope da minha mão com relutância. Quando abriu o envelope e leu o documento com os olhos, ela deu um suspiro de surpresa.

“Eu- Eu não sei o que dizer.” Ela murmurou, com os olhos marejados.

“Como você não aceita dinheiro, essa é a única maneira de eu ajudá-la. A partir de agora, você não precisa se preocupar com a educação de seus filhos. Seus filhos — todos eles estão oficialmente sob a bolsa de estudos da minha empresa. Eles podem ir para qualquer escola que quiserem e você não precisará gastar um centavo.”

“É- É demais, Bella.”

“Não para mim. Eu quero te ajudar ainda mais.”

“Serei eternamente grata por isso.” Ela segurou o envelope próximo ao peito.

“Ouvi dizer que o dono deste prédio está te expulsando.”

“Sim, eles farão isso na próxima semana.” Sara admitiu.

“Por que isso?” Perguntei a ela.

“A dona e eu temos um desentendimento. Ela me acusou de roubar dela. Eu juro aos céus que nunca faria uma coisa horrível dessas. Prefiro ser pobre e sem um centavo do que alimentar meus filhos com dinheiro roubado.”

Que admirável. Pensei comigo mesmo, comovido pelo forte caráter de Sara. Não é todo dia que você encontra uma mulher de princípios tão elevados como ela.

“Bem, quanto a isso, resolvi os problemas para você. De agora em diante, você não precisa se preocupar em alugar um lar, porque você tem sua própria casa. Não pode dizer não para mim; a propriedade já está em seu nome e os documentos já estão em suas mãos.”

Lágrimas brotaram nos olhos de Sara. “Já é demais.”

“Não há limite quando se trata de ajudar um amigo.”

“Obrigada do fundo do meu coração, Bella. Você é um anjo enviado para mim.”

“De nada. Pessoas gentis como você merecem coisas melhores na vida…”
***
“Caramba, me demorei no apartamento da Sara. Com certeza, o Thompson deve estar enlouquecendo agora.” Resmunguei em voz baixa enquanto voltava pelos meus passos até onde estacionei meu carro.

Sara me entretinha com suas histórias, e eu não percebi o tempo passar. Inicialmente, eu planejava ir embora assim que entregasse o envelope a ela, mas gostei tanto dela que fiquei mais tempo do que havia planejado.

Quando olho meu telefone agora, percebo que além do Thompson, outra pessoa está preocupada comigo. Lucas me ligou algumas vezes, e eu não atendi a nenhuma delas porque meu telefone estava no silencioso.

Vou ligar para ele de volta quando chegar ao meu carro. Disse a mim mesma, deixando meu telefone cair dentro da bolsa e apressando-me para chegar ao estacionamento.

Finalmente chegando ao meu carro, eu procurei minhas chaves do carro no meu bolso.

“Você tem um minuto para explicar por que saiu de casa, mesmo eu tendo dito para não sair.”

Sobressaltada, a chave escorregou do meu dedo, mas meus reflexos rápidos conseguiram pegá-la antes que atingisse o chão.

Quando levantei minha cabeça, foi então que percebi que Lucas estava parado ao lado do meu carro.

Caramba… Tenho que me explicar…