210: Desastre 210: Desastre Senhorita Hamilton se fora e mesmo assim eu ainda estava de pé, tremendo pelo choque e total descrença. Eu não esperava que a situação passasse de ruim para pior. Só de reviver o que aconteceu há momentos atrás, eu sentia calafrios na espinha.

A horrível máscara de raiva que iluminou seu rosto me mostrou que, se ela estivesse segurando uma arma, poderia ter me atirado na cabeça e não sentir remorso depois. Não que eu pudesse dar uma desculpa para me defender, eu sabia muito bem que merecia ser punido após a ruína que ela enfrentou sozinha por causa do meu plano.

Minha força fugiu do meu corpo e eu desabei no sofá ainda atordoada. Talvez a Senhorita Hamilton estivesse certa, eu me disse com relutante resignação, eu havia sido uma tremenda vagabunda, uma cadela vilanesca e aquele conjunto de adjetivos não era suficiente, nem mesmo, para resumir minha desgraçada falta de santidade que enviou inúmeras vidas ao abismo.

Eu ainda estava lá no sofá contemplando minha vida desastrosa quando uma batida urgente soou na porta. Depois, uns segundos depois, ela se abriu e Thompson entrou, limpando gotas de suor em suas têmporas com um lenço nas mãos.

Seus dedos trêmulos não escaparam aos meus olhos observadores. “Thompson, há algum problema?” Eu perguntei enquanto me levantava do sofá. Eu não me mexi, apenas fiquei lá parada porque não conseguia andar sem minhas muletas.

“Er, você tem uma visita.” Thompson respondeu, não mostrando emoção no rosto, mas suas ações expressavam claramente sua agitação.

De novo? Fiz um protesto interior e passei os dedos no cabelo em exasperação. Acalmando-me, respirei fundo e voltei meu olhar para o mordomo.

“Por favo—”
Eu nem havia terminado de falar quando a porta se abriu e uma mulher entrou sem cerimônia.

Thompson escapou apressadamente da porta como se pressentisse a guerra iminente.

Desviei minha atenção para minha visitante. Ela era uma mulher atraente por volta dos vinte e poucos anos, talvez a mesma idade que eu, com cabelos castanhos e nas alturas dos ombros e traços faciais distintos. A mulher era do tipo que chamaria a atenção duas vezes.

“Deixe-me me apresentar Sra. Alexander ” Disse ela de repente, interrompendo minha análise profunda de sua aparência física. Voltei minha atenção para seus olhos e suspirei diante da quantidade de repugnância que vi. “Eu sou Emery, a esposa de Brix, o homem com quem você fugiu e que morreu instantaneamente no acidente.”

Fiquei olhando para ela com pura descrença. Suas palavras me chocaram tanto que senti como se tivesse levado um soco no rosto. Meu mundo desmoronou aos meus pés à medida que suas palavras finais afundaram na minha cabeça.

Engoli em seco e abri a boca para falar, mas não saiu nenhuma palavra. O confronto com a Senhorita Hamilton foi inimaginavelmente pior, mas ninguém me avisou que meu segundo encontro com uma esposa desprezada seria dez vezes pior. Para descrever de maneira clara, foi um desastre.

Emery estava calma e composta de pé na minha frente com seu queixo erguido e sua coluna reta como uma Rainha. Mas, por trás da superfície, ela era um perigoso vulcão ameaçando entrar em erupção completa.

O brilho perigoso de uma fúria inescapável em seus olhos castanhos não escapou aos meus olhos observadores. Sei que, se não fosse cuidadosa, tal ódio cairia sobre mim antes de eu conseguir me preparar.

“Eu só queria fazer uma visita à amante do meu falecido marido para ter certeza de que ela está se recuperando bem e me assegurar de que ela está pronta para receber toda minha ira.” Ela falou em tom firme e frio, revestido por camadas glaciais.

As palavras atingiram meu coração. Doeu, mas eu não podia culpar ninguém pelas humilhações que tive que suportar, já que fui eu quem começou tudo isso.

“Embora eu desejasse que tivesse morrido uma morte miserável no acidente, porque uma destruidora de lares como você não merece viver, percebi que é melhor você estar viva para saborear a amarga vingança de uma esposa desprezada.” Emery enfatizou cada palavra com determinação inquestionável, enquanto seus olhos perfuravam os meus.

Demasiado perdida para palavras, eu não falei nada. Apenas a batida urgente na porta me salvou.

Os olhos de Emery e, em seguida, os meus se voltaram para a porta. Ela se abriu e Thompson entrou. “Desculpe-me por interromper novamente, mas você tem outra visita”. Ele anunciou, desta vez seu rosto estava mais pálido do que alguns minutos atrás.

“Uma visita de novo?” Eu perguntei com a testa franzida de frustração.

“Um homem.” Ele respondeu.

“Ele se apresentou?” Eu perguntei, notando uma relutância em seus olhos cansados e abatidos.

“Não, Er — ele apenas disse que era seu amante.”

Antes que eu pudesse protestar, Thompson saiu pela porta para deixar minha visita entrar.

Senhor, pensei em como me meti nessa situação.

No canto dos meus olhos, vi Emery me olhar dos pés à cabeça com um sorriso arrogante no rosto. Eu não lhe dei atenção e concentrei minha atenção na porta.

Alguns segundos depois, ela se abriu e um homem vestido com um elegante terno entrou. Ele era alto e musculoso, mas não tanto quanto meu marido. Ele era bonito, mas não tão atraente quanto Lucas.

Percebendo que sua ajuda não era mais necessária, Thompson fugiu pela porta e a fechou atrás dele antes que a verdadeira batalha pudesse começar.

“Alexandria, querida.”

O homem caminhou lentamente em minha direção, mas, de repente, parou ao perceber que não estávamos sozinhos.

Os olhos de Emery se arregalaram de surpresa ao reconhecer o homem. O sorriso arrogante em seu rosto desapareceu rapidamente quando seu olhar encontrou o dele. “C-Clifford?” Ela ofegou e subitamente ficou pálida de descrença. O homem que ela chamou de Clifford também empalideceu.

Isso não é bom. Eu disse a mim mesma e recuei um passo, mas o sofá atrás de mim impediu meu movimento.

“Amante?” Emery disse amargamente, sua voz subindo várias oitavas. Lentamente ela se virou na minha direção. Seus olhos gritando um autêntico assassinato.