Eu transmigrei e ganhei um marido e um filho! - Capítulo 942

Capítulo 942: Quem é você?

“Eu não quero xingar, mas, fodasse, sinto vontade de descolorir meus olhos. Essa vergonha alheia tá me matando. Isso é a pior tortura que existe.”

Uma das coisas de que o Dragão se orgulhava era sua excelente memória. Ele se lembrava até dos menores detalhes, e essa habilidade o salvara inúmeras vezes durante seu tempo nos Ceifadores até o presente. Em outras palavras, no segundo em que viu o par de olhos pelo espelho retrovisor, ele soube exatamente quem era essa mulher.

Ele já a tinha visto antes, e, para ser honesto, aquele par de olhos ardentes o tinha encantado na primeira vez que os viu. Se não fosse pela Hera, Dragão teria gastado sua energia e tempo conhecendo essa mulher intimidadora, que saltou destemidamente do telhado para o helicóptero só para lutar contra ele.

Dragão quase esqueceu dessa mulher, mas agora que estava olhando pelo espelho retrovisor, todas as memórias e informações que ele coletou sobre essa mulher voltaram correndo para ele.

Heaven Liu.

“O que você está fazendo aqui?” Dragão instintivamente ergueu seu rifle e apontou para o assento do motorista. Para seu desgosto, Heaven nem sequer se assustou e simplesmente manteve seus olhos na estrada.

“Estou tirando você daqui,” ela respondeu indiferentemente. “Não é óbvio?”

Seus olhos ardiam e ele estava em alerta máximo. Ele estava ferido, e considerando que essa mulher poderia lutar de igual para igual com ele em seu estado íntegro, isso o colocava em desvantagem no momento.

“Para onde você está nos levando?” Dragão questionou, deslizando o dedo para o gatilho. “Me diga ou eu atiro em você.”

“Atirar em mim, é?” Heaven piscou seus cílios lentamente, pegando um pequeno aparelho em seu colo e jogando-o no banco traseiro. “Vá, atire.”

“O quê?” Hera olhou para o dispositivo que pousou no seu colo, que depois caiu no chão do carro. Ela estreitou os olhos, captando esse pequeno dispositivo quadrado que não parecia muito suspeito à primeira vista.

“Esse é um dispositivo de monitoramento,” explicou Heaven indiferentemente. “Ele rastreia meus batimentos cardíacos e sinapses cerebrais. Assim que meu coração parar de bater ou minha cabeça for destruída, este carro inteiro vai explodir no mesmo segundo.”

Hera congelou e se arrepiou, com os olhos bem abertos, enquanto olhava para o assento do motorista. Dragão, por outro lado, abriu a boca, mas a voz ficou presa em sua garganta.

“Atire em mim e ambos vão morrer,” Heaven continuou no mesmo tom apático. “Meu marido pode ficar triste por um tempo, mas, para ser honesta, se nós três morrermos juntos, eu ficarei mais em paz. Atire em mim, Dragão.”

Dragão cerrou os dentes, agora hesitante em apertar o gatilho e estourar sua cabeça. Avaliando o perfil lateral de Heaven, ele podia dizer que ela não tinha motivo para blefar. Essa mulher era verdadeiramente insana. Sem dúvida.

“O que você quer?” Dragão perguntou em um sussurro. “Não acho que você tenha assuntos suficientes comigo. Eu te deixei ir naquela época, e não me lembro de ter me metido em seus assuntos. Então, presumo que isso não seja um ato de vingança.”

“Huh.” Heaven balançou sua cabeça. “Leo Wu é meu amigo. No dia em que ele desapareceu, eu fui apenas checar nele. Sem mencionar a recompensa na cabeça do Tigre que colocou minha querida Ivy em perigo várias vezes. Isso é o que você chama de não se meter nos meus assuntos?”

“Ela —” Hera mordeu a língua, ainda atônita com a reviravolta dos acontecimentos. “Você… você o quê…”

“Hera Cruel, você fica quieta.” Heaven parou-a antes que ela pudesse terminar o que queria dizer. “Ouvir sua voz me irrita pra caramba. Você não quer que eu bata de propósito com este carro só para te calar, quer?”

Hera pressionou os lábios, segurando a respiração. Ela engoliu nervosamente e ouviu o eco em seu ouvido. Ela já tinha visto Hera em seu corpo antes, e sabia exatamente do que essa mulher era capaz, mesmo sem as memórias que ainda a assombravam de olhos abertos.

A verdadeira Hera provavelmente ficaria decepcionada ao ver seu próprio rosto lutando pateticamente contra alguém que poderia derrotar facilmente. Lembrando-se do que aconteceu no carro minutos atrás, Hera olhou para baixo e mordeu sua língua.

Agora, isso é que era embaraçoso.

A verdadeira Hera nunca faria aquilo.

“Bom.” Heaven respirou fundo, se recostando relaxada como se tivesse todo o tempo do mundo para relaxar. “Finalmente temos algum silêncio. Além disso, tire esse brinquedo de perto de mim. É assustador.”

“Você está zombando de mim agora?” Dragão rosnou. “Você acha que eu me importo se atiro em você ou não?”

“Não acho que você se importe comigo ou com aquela mulher,” Heaven respondeu calmamente. “Mas eu sei que você se preocupa com o seu bem-estar. Alguém egoísta e covarde como você ironicamente valoriza sua vida patética, afinal.”

Dragão cerrou os dentes, mantendo seu dedo no gatilho. Seu olhar permaneceu no perfil lateral de Heaven, irritado com quão relaxada ela estava e como sua falta de reação o fazia parecer impotente. Essa situação o fazia lembrar o que geralmente sentia no auge da Hera.

“Como você se atreve —”

“Atire se tiver coragem, mas se não tiver, desista,” Heaven comentou, interrompendo-o no meio da frase. “Francamente, quanto mais você luta, mais patético você parece. Você está ferido, mas não é burro. Você deveria saber quão patético você aparece quanto mais tenta me intimidar. Ou será que você perdeu todo auto-respeito e dignidade que não pensa mais nessas coisas?”

O aperto dele na arma se intensificou e seus dentes se cerraram até as gengivas quase sangrarem. Quando ele olhou discretamente para baixo, ele podia sentir o olhar de Hera ao seu lado.

“Só… escute ela,” Hera sussurrou, ganhando um olhar de descrença de Dragão. “Ela tem um ponto.”

Foi então que Dragão teve essa ridícula percepção. Hera, que alegava ter se lembrado de tudo, estava agindo como uma pessoa completamente diferente. Se Hera realmente soubesse de tudo e que apagar suas memórias falhou, então seria natural mostrar suas presas no momento em que ela revelasse a verdade.

Mas não era o caso. Hera continuava a agir como tinha agido nos últimos meses. Fraca, patética e assustada.

“Você…” Dragão hesitou antes de falar sem pensar. “… quem é você?”