Eu transmigrei e ganhei um marido e um filho! - Capítulo 1176

Capítulo 1176: O primeiro contato de Charlotte com o mundo exterior

[De: Axel Zhu

Não fale para ela que meu nome é Axel. Eu meio que a enganei fazendo ela acreditar que sou meu irmão.]

Ivy revirou os olhos, praguejando mentalmente contra Axel por tomar essa decisão sem ao menos perguntar para ela. Ela não se importaria se fosse Sebastian ou Milagre. Esses dois eram um prazer para os olhos e traria alegria a ela porque olhar para os rostos adoráveis deles era o suficiente para fazer alguém esquecer todos os problemas do mundo.

“Está tudo bem?”

Ivy voltou à realidade ao ouvir a voz de Charlotte. Ela moveu os olhos para o sofá, onde Charlotte estava sentada delicadamente.

“Sim.” Ivy forçou um sorriso. “Espere um pouco aqui. Eu vou preparar o quarto da convidada.”

“Você não tem mais ninguém para fazer isso?”

Ivy fechou a boca em desaprovação, mas não respondeu à pergunta de Charlotte. Pelo que ela podia ver, essa jovem era muito ingênua. Ou seriam Dominic e Axel?

“Eu volto e não toque em nada.” Disse ela antes de se dirigir ao quarto extra em sua unidade. Quando sabia que estava fora da vista de Charlotte, Ivy correu até alcançar o quarto. No segundo em que fechou a porta, ela ligou para Dominic.

“Eles chegaram?” foi a primeira coisa que ela ouviu do outro lado da linha.

“Hah!” Ivy riu ironicamente. “Eu liguei porque ia te perguntar se você sabe o que o Axel andou aprontando, mas eu não preciso mais fazer isso.”

“Mhm.”

“Agora, para a minha próxima pergunta.” Ivy tomou um fôlego profundo antes de gritar. “Você está louco?!”

Dominic, do outro lado da linha, já tinha afastado o telefone quando a ouviu respirar fundo. Felizmente, sua assistente era sua amiga de infância. Senão teria custado a ele os ouvidos.

“Como você pode sequestrar a filha do seu inimigo, hein?” Ivy continuava com os dentes cerrados. “Nós já temos problemas de sobra, Dom. Nosso prato já está cheio. Não seja ganancioso. Corra atrás de dinheiro, não de problemas.”

“Aparentemente, agora eu sou um servidor público e não corro atrás de dinheiro.”

“Exatamente! Você é um servidor público e a última coisa que deveria fazer é sequestrar alguém!”

“Eu não sequestrei ela.” Dominic franziu a testa. “Por que você não perguntou ao Axel sobre isso?”

“Deixar o Axel sequestrar alguém é o mesmo que você fazer isso.” Ivy resfolegava enquanto passava a mão pelo cabelo. “Dom, me escute. Essa garota pode parecer que nasceu ontem, mas uma vez que a mãe galinha descobrir que sua cria está desaparecida, ela vai revirar tudo de cabeça para baixo.”

“Ivy, não sou eu quem vai sequestrá-la, certo?” Dominic suspirou pesadamente. “Eu vou te explicar, então escuta.”

Desde que Dominic sabia que sem o contexto adequado, Ivy o importunaria sem fim. Ele não queria isso, especialmente porque sua esposa estava do outro lado da linha. Assim, ele detalhou tudo, reduzindo as longas explicações a frases simples. Quando terminou, Ivy ficou em silêncio.

“Você entende agora?” ele perguntou. “Nós não tínhamos escolha.”

“Você sempre teve uma escolha.”

“E eu escolhi deixar meu irmão mais novo negociar porque ele pode ser meu irmão mais novo, mas ele provou que é um maldito bom empresário e negociações são como um passeio no parque,” Dominic comentou.

Ouvindo isso, Ivy não pôde refutar porque era verdade. Perigoso como pode ser, havia mais razão para Ivy ter transmitido a mensagem de Axel aquela noite e não ter impedido Axel de encontrar a madame. Como o CEO do Grupo Lyon, Axel tinha calado todos que o subestimavam com suas habilidades e julgamento afiado no mercado.

“Então, o que nós fazemos agora?” Ivy se acalmou, descansando a mão na cintura. “Nós não podemos simplesmente mantê-la conosco porque eu posso estar fora do radar das pessoas por enquanto, mas logo estarei naquela lista ao lado dos Zhu.”

“Apenas deixe-a ficar por uma noite. Alguém virá buscá-la amanhã.”

“Quem?”

“Alguém dos Ceifadores.”

“O quê?”

“Hera já sabia sobre a Charlotte e como ela já enviou alguém para pegar o assassino da Avó, ela disse para enviar a prima dela junto.”

Ivy pressionou os lábios, enquanto andava de um lado para o outro, mordendo o polegar. “Dom, isso é perigoso.”

“Eu sei.”

“O que eu estou dizendo é que se você fizer qualquer contato com ela, não será bom,” ela ressaltou em voz baixa. “Nós todos sabemos que muitos olhos estão em você. Então, mesmo que um desvie o olhar não importa.”

“Ivy, eu sei.” Dominic concordou mesmo ela não podendo vê-lo. “Eu entendo o que você está dizendo, mas sou cuidadoso. Você confia em mim?”

Ivy parou de andar e bufou. “Eu só estou te lembrando, mas se você diz assim, eu confio em você. Se eu não confiasse, você não teria visto minha aplicação em sua mesa.”

“Então cuide dela pela noite.”

“Tudo bem.” Ivy suspirou mais uma vez, mas antes que ela pudesse desligar, Dominic a chamou. “O quê?”

“Obrigado.”

Um sorriso irônico surgiu em seu rosto. “Eu não estou fazendo isso por você e você sabe disso. Eu quero ele de volta — seguro e são, só isso.”

“Mesmo assim, obrigado.”

“De nada.”

Com isso dito, Ivy olhou para o telefone e suspirou pela enésima vez. Ela então mal endireitou a cama no quarto só para parecer que fez algo antes de voltar para a área de estar.

Quando Ivy chegou, ela pegou Charlotte com as mãos atrás do corpo, olhando algumas fotos no porta-retratos no canto.

“Seu quarto está pronto,” Ivy anunciou, observando Charlotte pular de surpresa.

“Oh!” Charlotte olhou para ela e disse, “Eu não toquei em nada! Eu só estava olhando.”

“Tudo bem.” Ivy assentiu. “Você deveria descansar, já que está tarde.”

Charlotte mordeu o lábio, sem se mover do lugar. Vendo que ela estava apenas parada congelada, Ivy franziu a testa.

“Há algo errado?” Ivy perguntou, só para ouvir o repentino ronco do estômago de Charlotte.

“Hehe.” Charlotte riu desajeitadamente, escondendo o estômago com seus braços frágeis. “Desculpe. Eu não comi nada o dia todo.”

“…” Ivy piscou lentamente, incrédula pelos irmãos Zhu nem mesmo tratarem direito a pessoa que poderia matá-los. Ela balançou a cabeça em descrença e suspirou. “Você come sobras?”

“Eu nunca comi nada que não fosse preparado pelo Chef Roy e meu nutricionista, mas qualquer coisa está bom! Eu só estou… faminta.” Charlotte parecia conflituosa enquanto segurava o estômago. “Por favor, não me considere um peso.”

Como essa jovem senhora era filha de uma mulher tão insana?

Ivy sentiu uma leve pena dela e ofereceu um sorriso tímido. “Eu não te considero um peso, mas se você está bem com qualquer coisa, então considere essa noite a sua primeira vez comendo algo que não foi preparado pelo seu chefe particular.”

Os olhos de Charlotte brilharam, tornando difícil para Ivy sentir hostilidade em relação a ela. Dito isso, Ivy reaqueceu a comida que fez naquela noite para alimentar a filha faminta da provavelmente mulher mais poderosa do mundo.