Esperta esposa dos irmãos Lin - Capítulo 392

Capítulo 392: Culpado

Su Wan olhou para cima quando ouviu uma batida na porta. Mãe Lin. Ela sabia que mais cedo ou mais tarde ela viria visitá-la, e na verdade Su Wan esperava que ela viesse. Desde que acordou, todos vieram vê-la, até mesmo Pai Lin, mas Mãe Lin não aparecia.

Su Wan queria acertar as coisas com Mãe Lin, mas não sabia como. Ela tentou dizer para Mãe Lin parar de se culpar. Ainda assim, nunca teve a chance para isso. Mãe Lin era uma mulher de coração tão frágil que acreditava ser culpada apenas porque escondeu os fatos que sabia.

Su Wan sentou-se ereta. “Mãe-”

Então, antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, Mãe Lin envolveu os braços ao redor dela com tanta força que Su Wan não conseguiu nem dizer as palavras que queria. Ela estava abraçando-a tão apertado que Su Wan mal podia respirar.

“Me desculpe,” disse Mãe Lin. Su Wan não a interrompeu; ela sabia que Mãe Lin precisava tirar aquele peso do coração, ou acabaria acumulando tudo dentro de si até explodir.

Su Wan reparou nas lágrimas não derramadas nos olhos de Mãe Lin quando ela se afastou e sentiu seu coração quebrar um pouco. Mãe Lin não precisava chorar. Não importava se ela havia contado ou não. Sim, doeu um pouco perceber que Mãe Lin escolheu Lin Yan em vez dela, mas, na verdade, até ela mesma teria escolhido Lin Yan no lugar de si própria.

Então não havia nada pelo que Mãe Lin precisasse se desculpar.

“Você não precisa se desculpar. Eu teria ido mesmo que você não tivesse me contado.”

Mãe Lin inspirou profundamente e depois soltou uma respiração trêmula enquanto balançava a cabeça. “Não é isso. Não é sobre ir ou não ir. A questão é, foi minha culpa. Eu deveria ter lhe contado a verdade, mas não o fiz. Eu deliberadamente escondi informações que deveria ter lhe contado. Se você quisesse ir, então, teria sido sua escolha. Mas eu não contei, eu escondi porque… porque eu estava -”

“Com medo?” ajudou Su Wan gentilmente.

Mãe Lin assentiu, enquanto lágrimas escorriam descontroladamente pelas suas bochechas. “Eu… Eu pensei que, se você descobrisse o que estava em jogo, não iria e eu… eu perderia meu filho. Eu estava com medo de perder você, mas estava ainda mais com medo de perder meu filho… Eu sei que não deveria ter feito o que fiz, porque essa decisão era sua de tomar, mas eu não queria assustá-la. Estava com medo de que, se você descobrisse, desistisse e então… E então eu perderia Ah Yan. Fui egoísta, eu sei… Você pode me odiar se quiser. Meus filhos me odeiam também. Mas o que… o que eu poderia fazer? Eu não podia simplesmente assistir meu filho morrer. Eu sei que fui mesmo insensível, mas não tive outra escolha!”

Su Wan suspirou e ajudou Mãe Lin a se sentar ao lado dela antes de entregar um lenço para que Mãe Lin enxugasse as lágrimas. Ela esperou Mãe Lin terminar de enxugar as lágrimas antes de começar. “Você está certa, mãe. Você foi egoísta. Você foi realmente egoísta. Eu fiquei muito machucada quando percebi que você deliberadamente escondeu algo tão importante de mim. Até mesmo comecei a pensar se você realmente me amava, como uma filha, como você afirmava-”

“Claro que eu-”

“Não minta, mãe,” disse Su Wan calmamente, como se não estivesse magoada. Na verdade, ela não estava. Ela sempre manteve Mãe Lin e Pai Lin à distância. Se alguém perguntasse a ela se tratava Mãe Lin e Pai Lin bem porque os amava, a resposta seria não. Ela não os amava – ela estava disposta a servir a eles porque amava seus maridos. Era mais pela forma de amar a eles e valorizá-los como se fossem sua espécie de cachorro.

Ela nunca teve expectativas em relação a eles, esperava ser aceita e amada, mas não antecipava isso. Ela sabia que, mesmo sendo gentil e eles sendo gentis com ela, ela, no final, era uma estrangeira.

Não era difícil esperar. Se Su Wan estivesse no lugar deles, ela também teria escolhido seu filho no lugar do cônjuge deles. Era cruel e egoísta, mas também era amor de mãe. Algo que ela nunca teve.

Ela não conseguia entender o amor de uma mãe, mas sabia que para uma mãe, seu filho era o tesouro mais precioso. Ela não conseguia entender, então não podia culpar Mãe Lin, mas isso não significa que ela esqueceria. Ela nunca culpará Mãe Lin, mas também nunca a perdoará.

Mãe Lin encarou Su Wan, seus olhos ficando vermelhos enquanto seus lábios se curvavam em um sorriso de escárnio. “Teria doído menos se você me culpasse,” disse ela, olhando para suas mãos. Então ela suspirou e voltou a olhar para Su Wan calmamente. “Você pode ser realmente cruel às vezes, Wan Wan. Mas eu não te culpo. Se eu fosse você – se você não tivesse salvado meu filho. Eu teria feito algo como isso também, eu nunca te culparia, mas eu também nunca te perdoaria. Eu te deixaria viver para sempre em culpa. Você e eu somos iguais, não somos?”

Su Wan não disse nada e deixou que Mãe Lin continuasse a dizer o que queria. Ela sabia que Mãe Lin não estava ali apenas para pedir desculpas.

“Eu gostaria de ter feito melhor do que fiz,” disse Mãe Lin com a voz trêmula. “Eu sei o quanto você é importante para meus filhos, e não os culpo porque você os salvou quando o pai deles e eu não conseguimos dar a eles uma nova identidade e uma chance de viver uma vida melhor. Eu entendo a raiva deles de uma forma ou de outra, mas a verdade é que eu não me arrependo.” A voz de Mãe Lin ficou determinada ao acrescentar, “Eu não me arrependo, mas isso não significa que eu não me sinta culpada.”