Escravo das Sombras - Capítulo 2470

Capítulo 2470: Torre de Vidro

O lobby da Torre Valor era tão glamoroso e silenciosamente opressivo quanto seu exterior — tanto que Sunny e Effie, as únicas duas pessoas que não estavam vestindo ternos sofisticados aqui, pareciam desoladoramente deslocados.

Effie era deslumbrante o suficiente para atrair olhares, mas seu conjunto relaxado de roupas esportivas parecia muito casual e desleixado… quanto a Sunny, suas roupas de policial baratas e indistintas pareciam claramente surradas e inadequadas nesse magnífico templo de dinheiro e poder.

No entanto, ambos se portaram com absoluta confiança, como se fossem os donos do lugar, o que só lhes trouxe mais atenção.

‘Aqui vamos nós.’

Indo até o vasto balcão de recepção, Sunny mostrou seu distintivo para a recepcionista mais próxima.

“Detetive Sem Sol e Detetive Athena do DP de Miragem. Estamos aqui para encontrar o Sr. Mordret.”

A jovem mulher olhou entre os dois com uma expressão perdida — pelo menos por um momento. Então, seu treinamento entrou em ação. Sua expressão instantaneamente mudou para a de uma parede muito educada, e ela disse com um sorriso impecavelmente neutro:

“Oh… oh, entendo. Vocês têm um compromisso?”

Sunny mentalmente traduziu suas palavras…

‘Nem chance no inferno. Sumam daqui, plebeus!’

Claro, não era qualquer um que podia encontrar o CEO do Grupo Valor. Na verdade, pouquíssimas pessoas podiam, e um par de detetives humildes definitivamente não fazia parte desse pequeno e extremamente seleto clube.

Ele respondeu ao sorriso da recepcionista com um dos seus.

“Não. Você tem perda auditiva?”

Ela piscou.

“Desculpe?”

Effie se apoiou casualmente no balcão.

“Meu parceiro estava se perguntando qual parte do que ele disse você não conseguiu ouvir. Foi ‘detetive’ ou ‘DP de Miragem’? Ou você simplesmente acha que policiais não têm nada para fazer o dia todo e procurariam seu CEO sem motivo? Temos uma razão importante e oficial para vê-lo, então agilize e coloque ele numa sala conosco.”

Sunny ergueu uma sobrancelha e balançou seu distintivo no ar.

“Ou você é cega? Talvez não tenha visto nossa identificação?”

A recepcionista manteve seu sorriso profissional.

“Não tenho certeza de que eu…”

Effie balançou a cabeça e disse em voz alta:

“Espere, não. Eles não manteriam uma menina cega na recepção — isso seria crueldade. Talvez eles simplesmente não se importem que o Niilista esteja andando por aí matando pessoas.”

Nesse momento, eles já estavam sendo lentamente cercados por guardas de segurança, que nem sequer tentavam ser sutis sobre isso.

Sunny suspirou e acrescentou em um tom igualmente alto:

“Matando pessoas, incluindo seus próprios colegas! Que pena… parece que o Grupo Valor trata os policiais com desprezo e está se recusando a ajudar a investigação. Eles são simplesmente insensíveis, ou têm algo a esconder? Deus, que triste reviravolta dos eventos…”

Ele se sentiu um pouco culpado por colocar a pobre recepcionista no centro das atenções. Deuses sabem que ela provavelmente só estava esperando passar o dia… mas, ao mesmo tempo, ela estava guardando os portões do inferno, então um pouco de tormento acompanham o território.

Os guardas de segurança já tinham cercado ele e Effie naquele ponto, olhando um para o outro com expressões preocupadas. As vozes altas também reuniram uma pequena multidão… se alguém conhecia os trabalhadores de escritório, sabiam que eles frequentemente sofriam de tédio. Então, eles não iam perder um pouco de drama para alimentar as fofocas.

Era isso o que Sunny queria. Ele sabia, é claro, que chegar a Mordret não seria fácil — na verdade, era quase impossível no curto prazo.

Mesmo que um funcionário do Grupo Valor tivesse sido morto pelo Niilista, isso não significava que eles poderiam simplesmente ir e interrogar o CEO… eles teriam que passar por uma corrente de pessoas cada vez mais importantes primeiro, começando por algum pobre executivo e subindo a partir daí.

Então, ele estava totalmente preparado para aquele longo e árduo processo. Fazer uma cena no saguão era apenas o primeiro passo — a ameaça de uma perturbação pública forçaria alguém na hierarquia do Grupo Valor a apaziguá-los, o que seria um começo.

Effie suspirou e enfiou a mão na sua sacola de papel para pegar um sanduíche. Desembrulhando-o lentamente, ela disse:

“Bem, o que podemos fazer? Acho que não terei nada para contar à imprensa amanhã… apenas que nossas tentativas de cooperação com o Grupo Valor foram, infelizmente, recebidas com uma marcada falta de entusiasmo. Parte meu coração imaginar o que as pessoas dirão na próxima vez que o Niilista atacar… poderia ter sido evitado? O Grupo Valor poderia ter ajudado? Acho que nunca saberemos…”

A recepcionista empalideceu um pouco, então trocou uma série de olhares com uma colega sênior. Finalmente, ela sorriu fracamente.

“Oh, não… receio que você tenha entendido mal, detetives. Deixe-me entrar em contato com um superior e ver o que posso fazer. Por favor, sintam-se à vontade! Gostariam de uma xícara de café?”

Sunny mais uma vez traduziu suas palavras:

‘Cala a boca e para de fazer cena, bastardos! Vão se sentar em um canto como boas crianças enquanto encontramos um bode expiatório para entretê-los por um tempo!’

Ao mesmo tempo, uma avalanche de telefonemas provavelmente iria descer sobre o Capitão da Divisão de Homicídios, que receberia gritos de meia dúzia de pessoas para lembrá-lo de manter seus subordinados sob controle.

Sunny olhou para os guardas de segurança nervosos, depois para a recepcionista.

Eventualmente, ele deu de ombros.

“Eu não quero café. Você tem achocolatado?”

A recepcionista lhe deu um olhar muito estranho.

“O quê… eu não sei?”

Sunny franziu a testa.

“Então isso não serve…”

Mas antes que ele pudesse continuar a aplicar pressão para, com sorte, conseguir um bode expiatório mais importante, e assim economizar alguns passos até o inatingível, divino CEO do todo-poderoso Grupo Valor, uma voz agradável de repente soou por trás.

“Com licença. Talvez eu possa ajudar?”

Sunny congelou.

Effie também.

Eles se entreolharam tensamente, então se viraram lentamente.

Atrás deles, um homem impressionante em um terno impecavelmente costurado, ligeiramente extravagante, mas elegante, estava de pé em um círculo de guarda-costas.

Ele parecia ter cerca de trinta anos, alto e em perfeita forma, com pele pálida e cabelos negros como carvão. Seu rosto era mais afilado… não exatamente bonito, mas ao mesmo tempo charmoso e estranhamente belo. Tudo nele gritava riqueza e classe — o tecido esmeralda de seu terno sob medida, o esplendor sutil de seu relógio de luxo, as gemas preciosas em suas abotoaduras e no alfinete de gravata…

Mas mais do que riqueza, o homem emanava a sensação de poder.

Era um tipo de presença diferente da aura opressora que seu pai costumava possuir. Em vez disso, o homem parecia amigável e ameno. E ainda assim, qualquer um poderia dizer que ele era alguém extraordinário simplesmente por causa de quão absolutamente relaxado e à vontade ele parecia estar — como se nada no mundo pudesse lhe causar problemas.

Sua gravata estava solta, e alguns botões de sua camisa de grife estavam estilosamente ausentes. Havia um sorriso fácil e relaxado em seu rosto, e um brilho de curiosidade em seus olhos estranhos… seus olhos que se assemelhavam a duas poças de prata líquida, refletindo o mundo de volta para si mesmo.

Notando suas expressões estranhas, o homem piscou algumas vezes.

“Oh, onde estão meus modos? Permitam-me apresentar…”

Mas é claro, o homem não precisava de apresentação.

Ele era o jovem CEO do Grupo Valor…

Mordret.