Escravo das Sombras - Capítulo 2399
Capítulo 2399: Atado
Sunny não sabia se o Marionetista havia lhe contado a verdade ou tecido mentiras intrincadas, moldando-as para se adequar à mente de sua presa. Talvez fosse ambos, com fragmentos de verdade misturados entre enganos para tornar tudo muito mais crível e tentador.
Uma coisa era certa, porém… Sunny não acreditou nem por um instante que o Marionetista estava acima da loucura malévola que todas as Criaturas do Pesadelo pareciam sofrer.
Talvez as abominações fossem de fato enlouquecidas pelo Chamado da Chama, assim como os Despertos lutavam para manter sua sanidade quando expostos ao Chamado do Pesadelo.
Talvez a enorme mariposa negra fosse realmente hábil em suprimir sua malícia, de certa forma… mas não porque estivesse verdadeiramente livre da compulsão frenética de destruir e devorar qualquer um e qualquer coisa não torcida pelo Vazio. Em vez disso, era apenas para atrair suas vítimas para uma falsa sensação de segurança — assim como o Marionetista havia tentado atrair Sunny.
Ele sempre teve a intenção de consumir Sunny — na melhor das hipóteses. Na pior, sua intenção era transformá-lo em uma marionete, infectá-lo com Corrupção e torná-lo seu escravo.
Se fosse assim, Sunny não estava inclinado a acreditar no restante do que a gigantesca mariposa lhe disse também.
Mas ainda assim, ainda assim…
E se o resto fosse realmente verdade?
E se parte disso fosse?
E se o mundo como Sunny o conhecia — a própria existência — fosse nada além de uma fornalha onde todos eles estivessem condenados a queimar? Se o propósito de todos os seres vivos fosse apenas ser combustível?
O universo era uma jaula construída para conter o Vazio. Mas não estariam todos eles presos dentro dela também?
Era um pensamento tão arrepiante.
Sunny sentiu que havia algo errado com essa linha de pensamento. Mesmo que o Marionetista lhe oferecesse alguma versão da verdade, no entanto, tinha de ter omitido algo, mudando o contexto e distorcendo o significado de tudo.
Mas Sunny…
Não tinha certeza.
Ele não podia ter certeza, porque as sementes da dúvida já haviam sido plantadas em sua mente.
‘Danação!’
Mesmo depois de perceber o que estava acontecendo, Sunny não conseguiu fazer nada.
Tudo o que ele podia fazer era matar o Marionetista antes que essas sementes brotassem em algo que não pudesse ser contido.
Felizmente, o tempo perdido não beneficiava apenas a mariposa sinistra. Com cada minuto que passava, Sunny estava ficando mais forte — a Estrela Vespertina queimava nas profundezas escuras do Armamento do Submundo, concedendo-lhe poder feroz.
Claro, também estava consumindo sua essência e vontade vorazmente. Mas essa era uma troca que ele estava disposto a fazer.
Sunny havia sido anestesiado pela conversa com o Marionetista, mas agora, ele sacudiu esse encantamento.
E quando ele o fez, sentiu um frio percorrer sua espinha, percebendo que o tempo passado não era a única coisa que ele estava negligenciando.
Na verdade, Sunny não havia notado muitas coisas também.
Pensando bem, ele havia se comportado de maneira estranha desde o momento em que seu pé pousou na encosta do Castelo da Neve. Iniciando uma conversa apesar de saber que era melhor, indo de encontro às alegações suspeitosamente convenientes do Marionetista, deixando de prestar atenção a qualquer coisa sobre seus arredores — exceto pelas tramas ondulantes de seda preta.
Mais do que tudo…
Esquecendo que Kai e Assassina existiam.
‘O-o quê? Como eu…’
Por que Sunny nem mesmo pensou em questionar o que seus companheiros estavam fazendo enquanto conversava com o Tirano Amaldiçoado?
‘Maldição!’
Sunny olhou rapidamente ao redor, projetando seu sentido das sombras ao mesmo tempo.
Seus olhos se arregalaram, e o medo agarrou seu coração com garras geladas.
Kai estava a centenas de metros de distância… o que parecia ser Kai, pelo menos, em sua Forma Transcendente. Uma figura gigante estava enterrada sob uma massa ondulante de seda preta, esforçando-se desesperadamente para se libertar. Sunny podia ouvir os gritos abafados de um dragão enquanto a grande besta rasgava a seda, escamas da meia-noite reluzindo através das lacunas entre as tramas escuras.
Assassina não estava em lugar nenhum, como se tivesse sido completamente engolida pela massa ondulante de seda preta.
O Marionetista ainda estava empoleirado no topo da montanha, imóvel, pairando acima deles como uma divindade inseto assustadora.
Mais perturbador de tudo…
Era o fato de que, sem que Sunny percebesse, cordas impossivelmente finas haviam se enrolado em seus membros, penetrando seu corpo e alcançando sua própria alma.
Sunny estremeceu.
‘Oh…’
Lançando um olhar assassino para cima, para a figura imóvel da colossal mariposa negra, Sunny avançou.
Ele tentou, pelo menos.
Mas as cordas negras o mantinham no lugar, controlando-o como uma marionete.
“Aargh!”
Um toque de pânico inundou sua mente como uma onda gelada. Suprimindo-o ferozmente, Sunny se esforçou contra as cordas invisíveis, sentindo-as tremer e ceder. Sua Vontade as cortava como uma lâmina, rompendo algumas.
Mas mais delas tomaram seu lugar, perfurando a carne, alma e espírito de Sunny.
Essas cordas eram tanto tangíveis quanto intangíveis. Elas o prendiam fisicamente, mas, muito mais perigosamente, o prendiam mentalmente também.
Sua mente estava infectada pela dúvida, e o Marionetista usou essa dúvida para controlá-lo. Quando Sunny queria avançar, as cordas estrangulavam sua determinação de fazer exatamente isso — e assim, ele permanecia no lugar, incapaz de forçar-se a comandar seu corpo a se mover.
‘Você… coisa vil!’
Sunny rosnou e purificou sua mente, jogando-a no estado de clareza de batalha. Ao mesmo tempo, ele fortaleceu sua determinação e se envolveu em uma armadura forjada de pura Vontade.
Ele reconstruiu sua consciência em torno de um eixo indomável…
Seu intento assassino.
Seu desejo frio, cortante e avassalador de trazer morte e destruição ao Marionetista. De despedaçar aquela mariposa vil.
Inúmeras cordas de seda preta se romperam.
Mas… ainda mais o cercavam, prendendo-o como um casulo sufocante.
Ou uma crisálida, talvez.
Sunny soltou um grito abafado, caindo de joelhos.
As cordas cortaram sua pele, fazendo escorrer gotas de sangue carmesim.
‘Mate-a… eu devo…’
Mate-a.
Mate-a.
Ele tinha que matar!
Matar!
Sorrindo maliciosamente, Sunny comandou seu sangue a fluir de volta para os cortes finos deixados em seu corpo e liberou sua forma física. Seu corpo se transformou em uma massa de escuridão informe… mas ele falhou em escapar do estrangulamento das cordas do Marionetista, ainda assim, já que elas prendiam as sombras tão facilmente quanto prendiam a carne.
A vasta sombra lutou e se esforçou, envolvida pela teia de seda preta…
Preso, capturado. Incapaz de escapar.
A uma certa distância, já não se viam vislumbres do magnífico dragão através da massa ondulante de fios brilhantes, e nenhum som dele podia ser ouvido. A figura de Kai estava completamente enterrada sob uma colina escura de seda.
A maior parte do sol estava escondida atrás do horizonte, e o esplendor ardente do pôr do sol radiante estava lentamente se transformando no crepúsculo pálido do crepúsculo.