Escravo das Sombras - Capítulo 2372
Capítulo 2372: Deuses Distantes
Sunny acordou sobressaltado — ou melhor, ele recuperou seus sentidos depois de receber a verdade. Assim como das vezes anteriores, o presente que recebeu não foi exatamente uma visão, mas também não foi exatamente uma memória. Em vez disso, foi como se o conhecimento do que havia acontecido fosse colocado diretamente em sua mente, vago e fragmentado, mas de alguma forma fácil de entender.
O mundo do Jogo de Ariel era o mesmo. O Santuário se erguia atrás dele, enquanto o lago de lava irradiava um calor insuportável à sua frente. O céu estava obscurecido por fumaça e cinzas.
No entanto, Sunny estava diferente de como havia sido antes de lançar a figura de jade no lago. Havia uma expressão atordoada e incrédula em seu rosto, e seu coração estava batendo descontroladamente.
Seus olhos estavam abertos, mas ele não parecia completamente ciente de seu entorno ainda, sobrecarregado pelo que havia aprendido.
“Não pode ser…”
Sunny levantou-se de um salto.
Ele estava muito abalado, sua mente muito cheia de pensamentos caóticos para se acalmar facilmente. Permaneceu imóvel por um tempo e depois começou a andar de um lado para outro, chutando pedaços de entulho com os pés.
“Não, sério. Não pode ser!”
Finalmente, Sunny parou e olhou para as montanhas distantes com os olhos arregalados.
“Que inferno eu acabei de testemunhar?”
A magnitude da revelação que ele havia recebido como recompensa por matar o Lobo era vasta demais para ser compreendida. Deuses, demônios, o destino do mundo, Tecelão…
E os Nove.
O misterioso grupo de pessoas cujas tênues marcas ele descobriu de tempos em tempos. Sunny sempre suspeitara que os Nove tinham sido importantes — a ponto de sua gloriosa avaliação no Primeiro Pesadelo poder muito bem ter sido principalmente devido ao fato de que ele conseguiu matar Herói… Auro dos Nove.
O jovem rapaz de vibrante cabelo vermelho que havia aparecido em duas das verdades que Sunny aprendeu no Jogo de Ariel.
Mas pensar que os Nove foram responsáveis pela morte dos deuses!
…Tiveram a determinação de matar os deuses, pelo menos.
Não havia como dizer se eles haviam sucedido.
Mas, de alguma forma, Sunny estava inclinado a acreditar que eles tinham.
Quando jogou essas duas figuras de jade na lava, a questão que ele havia feito era sobre o fim do mundo. Em vez de uma cena de total devastação em um campo de batalha entre os deuses e os demônios, ele foi mostrado um aparentemente banal acontecimento de homens mortais chegando a uma bela ilha para informar uma caçadora que vivia lá que uma Besta Suprema estava devastando a fronteira de seu reino.
Sunny assumiu que tinha visto um momento do passado da Assassina então… e ele havia.
Mas e se aquele momento também foi a resposta à sua pergunta?
E se… foi a hora em que o destino do mundo havia sido selado?
Sunny agarrou sua cabeça e tentou se acalmar.
‘Então… vamos… vamos pensar sobre isso devagar.’
Havia um império fundado pelo Deus da Guerra… por um dos vasos mortais do Deus da Guerra, provavelmente. No crepúsculo da Era Dourada, os deuses tornaram-se distantes e alheios, prestando cada vez menos atenção aos reinos mortais. E em sua ausência, o Império da Guerra embarcou em uma conquista sem fim.
Devorou incontáveis reinos, subjugou incontáveis pessoas, queimou os templos do Deus das Sombras… tudo para a glória de seu negligente deidade.
Glória, glória, glória…
Sunny havia experimentado o tormento de ser um escravo imperial ele mesmo, durante seu Primeiro Pesadelo. Ele experienciou a selvageria dos fanáticos da Guerra também, no seu Segundo — concordado, aqueles haviam sido enlouquecidos por Esperança, seus mais ferventes desejos incendiados por sua influência venenosa.
O Império continuou a crescer, conquistando mais e mais terras até encontrar um reino particular. Era um reino belo e pacífico… mas também era um muito especial.
Porque as pessoas daquele pacífico reino não veneravam nenhum deus, e eram governadas por um Oráculo em vez disso.
Na revelação que Sunny recebeu, o Oráculo mencionou que seu reino era especial de passagem. Mas ele sabia que tinha de ser verdade — não apenas por causa dos três videntes em si, mas também porque haviam nove pessoas vivendo naquele reino que todos possuíam o Atributo [Destinado]… assim como ele possuíra uma vez.
‘Isso por si só é loucura! É completamente insano!’
Os Nove — todos eles — haviam sido Destinados, assim como Sunny foi. Atributos não são únicos para pessoas, então pode haver alguém por aí compartilhando este com ele, mesmo se [Destinado] pareça algo extremamente, senão inconcebivelmente, raro.
Sunny teria aceitado que um dos Nove fosse Destinado, mas todos eles? Nove pessoas, vivendo no mesmo reino, e ao mesmo tempo além disso?
Isso… isso soava como se sua própria existência tivesse sido predestinada. Como se tivesse sido um dos nós mantendo o grande tecido do destino juntos.
Aquele pequeno reino deles de fato fora especial.
E quando o olhar faminto do Império recaiu sobre ele… o Oráculo enviou nove campeões destinados para destruir o Império. Não para salvar sua terra natal, que não poderia contender contra a Guerra, mas para vingar sua destruição. Para vingar seu povo, que estava destinado a ser massacrado e escravizado.
Havia apenas um problema, porém… o Império tinha um deidade guardião. Um dos seis grandes deuses.
E então, os Nove foram jurados a matar os deuses.
‘Eles… eles não poderia ter sucedido, poderiam?’
Só eles podiam. Os deuses estavam mortos, afinal. O Império havia sido destruído. Os pecados que cometera trouxeram uma retribuição verdadeiramente irada — tanto no Império quanto no resto do mundo.
Sunny abaixou suas mãos lentamente.
‘Pode… pode realmente ser a razão?’
Poderia o mundo ter sido destruído por nove meros mortais e sua sombria determinação?
Se havia sido… então seria bastante poético, se um pouco assustador. Faria com que os deuses condenassem-se por negligenciar o mundo que haviam criado, e permitir que aqueles que clamavam exercer sua autoridade devastassem através dos reinos mortais.
Os grandes deuses teriam sido desfeitos por pequenos, insignificantes mortais, cujo sofrimento haviam ignorado.
Mas como os Nove poderiam ter matado os deuses? Isso era o que Sunny não entendia.
As pistas já estavam em suas mãos, porém…