Escravo das Sombras - Capítulo 125
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125: Um Banquete em Tempo de Peste 125: Um Banquete em Tempo de Peste Nem Nephis nem Sunny queriam descer da parede, porque isso os deixaria sem caminho de retirada caso algo terrível acontecesse. Sem a necessidade de discutir isso, decidiram explorar a torre mais próxima e verificar se havia uma maneira adequada de descer pela parede dentro dela.
Seguiram a parede levemente curvada para o norte, mantendo os olhos nas ruínas abaixo. De vez em quando, Sunny conseguia perceber as formas das criaturas se movendo pelas ruas desoladas da cidade antiga. No entanto, nada parecia interessado em escalar seu alto baluarte de granito.
Por enquanto, estavam seguros.
Entretanto, ele não se sentia seguro. Em vez disso, ele continuava olhando para o eixo distante da Espire Carmesim e se arrepiando.
Aquilo era seriamente muito sinistro.
‘Ainda bem que sairemos daqui em breve…’
Esse era o único pensamento que o impedia de entrar em pânico irracional. A jornada pela Costa Esquecida estava prestes a terminar. Eles haviam suportado muito e sobrevivido a muitas adversidades. Às vezes, ele nem tinha certeza de que conseguiriam sair daqui vivos. Mas agora, todo o sofrimento estava prestes a ser recompensado. O caminho para a liberdade já estava à vista… eles só precisavam superar este último obstáculo para retornar para casa em glória.
… Logo, eles se aproximavam de uma das poderosas torres construídas na parede. A estrutura era redonda, elevando-se acima da muralha principal por bons doze metros. Havia um portão largo de madeira que levava até a torre, que fora quebrado há muito tempo, com apenas alguns estilhaços restantes nas antigas dobradiças de ferro.
Atrás da entrada, havia apenas escuridão.
Sunny achou a visão dessa entrada um pouco assustadora. Claro, a escuridão não significava nada para ele. E, mesmo assim…
De repente, Cassie puxou seu ombro, fazendo Sunny parar. Ele e Nephis se voltaram para ela, com as mãos estendidas e prontas para invocar suas espadas.
“O que foi, Cassie?” Sunny perguntou, alarmado.
Em algumas situações, a menina cega conseguia reconhecer o perigo antes que eles pudessem. Sua audição aguçada e seu olfato lhe permitiam perceber coisas que humanos normais não seriam capazes de perceber.
Agora, havia uma carranca no rosto de Cassie. Virando a cabeça levemente, ela sussurrou:
“Escute.”
Sunny prendeu a respiração e seguiu suas palavras, forçando sua audição ao limite. Logo, ele conseguiu discernir um som estranho vindo de dentro da torre.
Mastigar. Mastigar. Triturar. Mastigar…
Soava como… como se algo estivesse sendo devorado ali, carne e ossos sendo moídos por dentes afiados. O som nauseante de carne sendo rasgada e mastigada fez ele fazer uma careta.
Sunny e Nephis se olharam, então invocaram suas espadas. Como de costume, antes de avançarem, Sunny enviou sua sombra para investigar o possível inimigo.
A sombra deslizou pelas pedras, aproximando-se rapidamente da torre. Então, mergulhou na escuridão e se escondeu na vasta sombra que permeava a estrutura.
Sunny conseguiu ver dentro…
A primeira coisa que viu foram vários monstros mortos deitados nas pedras em poças de sangue. Os rastros de sangue deixados no piso de pedra sugeriam que seus corpos enormes foram arrastados até ali por algo muito poderoso. Eles foram cortados e eviscerados, como se fossem abatidos por um açougueiro entusiasmado.
Em seguida, ele viu uma grande pilha de ossos roídos nas pedras. Alguns deles ainda tinham pedaços de carne presos a eles, enquanto outros estavam partidos e vazios, até mesmo da medula.
A próxima coisa que ele viu foi… um fogo ardendo em um círculo de estilhaços de pedra, com várias espetos de carne de monstros assando sobre ele.
Ao lado do fogo, a fonte dos sons de mastigar e triturar estava sentada sobre as pedras, mastigando uma costela bem assada.
…Era uma humana.
Na verdade, era uma jovem mulher. Ela parecia ser apenas um pouco mais velha que os três.
Sunny piscou.
A jovem mulher era alta e atraente. Ela tinha olhos castanhos e cabelo castanho lindo, atualmente preso em uma trança simples. Seu corpo era extremamente atlético, com músculos magros e bem definidos rolando sob a pele oliva úmida a cada movimento. E havia… ah… muita pele à mostra, já que ela só usava uma túnica branca curta e provocante, complementada com grevas, braçadeiras de bronze e uma couraça com pteruges de couro.
Enquanto Nephis era esbelta e ágil, essa estranha irradiava vitalidade e vigor. Tudo nela era luxuoso e generoso, gritando de força, potência e poder.
A parte mais estranha, no entanto, era sua expressão absolutamente relaxada, confortável e feliz. Nos meses passados na Costa Esquecida, Sunny nunca, nem por um segundo, permitiu-se baixar completamente a guarda. Nem Nephis ou Cassie.
Até nos raros momentos de descanso, abrigados em segurança confiável, eles estavam sempre levemente tensos, esperando todos os tipos de horrores caírem sobre eles em um ataque de dentes, veneno e garras. Mesmo sob o feitiço do Devorador de Almas, sempre havia uma sombra invisível em seus corações.
Entretanto, a jovem mulher parecia completamente satisfeita por estar neste lugar amaldiçoado. Na verdade, ela parecia mais feliz do que Sunny jamais havia sido, mesmo no mundo real.
Enquanto Sunny observava, a jovem mulher devorava desajeitadamente a carne do monstruosidade infeliz. Os sucos escorriam pelo rosto e pelos dedos dela. Terminada a carne, ela mordeu o osso em si.
Os olhos dele se arregalaram.
O osso adamantino da Criatura do Pesadelo foi facilmente esmagado entre os dentes dela e, fechando os olhos de prazer, a garota passou a sugar a medula, mastigar e engolir a maior parte do osso em si.
Triturar. Triturar. Mastigar. Triturar…
Terminada a costela, ela jogou seus restos na pilha de ossos perturbadoramente grande aos seus pés, arrotou alto sem nenhum decoro, e imediatamente estendeu a mão para pegar outro pedaço de carne de monstro no fogo, afundando os dentes nele.
Sunny piscou algumas vezes mais, depois voltou sua perspectiva e olhou para Nephis.
“O que você viu?”
Ele hesitou por um instante e então disse em um tom hesitante:
“Bem… é ou uma garota humana com muita fome. Ou um demônio muito glutão.”