Escravo das Sombras - Capítulo 113
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113: Poço Escuro 113: Poço Escuro Depois que o Santo Sombra eviscerou impiedosamente o centurião de carapaça e confirmou a suspeita de Sunny de que não seria capaz de cultivá-la dessa maneira, não restou muito a fazer.
A noite ainda era jovem, mas ele já havia alcançado seu objetivo. Agora, estava livre para fazer o que quisesse… no entanto, não havia muitas opções disponíveis na cidade amaldiçoada.
Ele poderia continuar a caçar, aproveitando ao máximo seu novo poder. Com o Santo de Pedra sob seu comando, Sunny seria capaz de banhar as ruínas com sangue de monstros. Porém, essa ideia, por mais tentadora que fosse, deixava-o inquieto.
Caçar neste lugar infernal exigia paciência e preparação. Ele só sobrevivera até então, explorando cuidadosamente os campos de batalha em potencial com antecedência e estudando suas presas das sombras para aprender seus pontos fortes e fracos, não correndo para a luta até ter absoluta certeza de que havia uma sólida chance de vitória.
Santo Sombra ou não, trair esses princípios ainda o levaria à morte. E com seu estado mental, uh… um pouco instável, Sunny não confiava em si mesmo para permanecer cauteloso depois que as vitórias fáceis se acumulassem. Ele tinha que prosseguir devagar.
Olando em volta das ruínas silenciosas, Sunny sorriu levemente. Na verdade, ele não estava tão longe da Biblioteca…
Ele realmente havia transformado a caça de Criaturas do Pesadelo em uma espécie de profissão, mas era apenas isso: um trabalho. Como qualquer jovem bem-ajustado, ele também tinha um passatempo.
Nas horas vagas, Sunny gostava de explorar as ruínas.
A agradável sensação de satisfação que ele sentira ao encontrar o ninho escondido da Ave Ladra Vil nunca deixou sua memória. Havia algo extremamente envolvente em descobrir fragmentos de uma história perdida há muito tempo e juntá-los. Talvez Sunny tenha herdado essa paixão do Professor Julius, ou talvez ela sempre estivesse adormecida no fundo de seu coração.
De qualquer forma, ele apreciava muito explorar a cidade antiga. Estava cheia de todos os tipos de mistérios, grandes e pequenos. Depois de milhares de anos, a maior parte dos vestígios do passado foram apagados pelo implacável fluxo do tempo. Mas por olhar nos lugares certos e exercitar o pensamento crítico, a intuição e a imaginação, era possível reunir minúsculos estilhaços de verdade.
Toda vez que as pistas aparentemente díspares clicavam em uma imagem coerente, Sunny sentia uma agradável corrente de emoção. Curiosamente, não importava se essa imagem estava relacionada a algo importante ou completamente inútil.
Na verdade, ele gostava mais de aprender sobre os pequenos detalhes da vida cotidiana que os habitantes da cidade antiga levavam, do que aprender sobre as possíveis origens da catástrofe que lhes acontecera – apesar de o último estar diretamente relacionado à sua própria sobrevivência.
Por exemplo, ele estava muito curioso para saber mais sobre a jovem sacerdotiza cujos aposentos particulares ele havia transformado em seu esconderijo secreto. As coisas que ela deixara para trás lhe contavam muito sobre como as pessoas da cidade se vestiam e pensavam sobre o mundo, enchendo sua imaginação com imagens coloridas de ruas lotadas e catedrais solenes. Mas ainda não era suficiente.
Seu último projeto de exploração era as ruínas de uma grande biblioteca. Claro, nenhum dos livros e pergaminhos sobreviveu a milhares de anos na escuridão amaldiçoada. Felizmente, as pessoas que viviam na cidade antes de sua queda eram muito apegadas a gravuras em pedra. Ele passou muito tempo estudando as gravações intactas na parede, bem como fragmentos de afrescos sobreviventes.
Um afresco, em particular, era especialmente grandioso e instigante, cobrindo todo o chão do salão principal da biblioteca. Infelizmente, estava quase completamente enterrado sob escombros. Sunny conseguiu limpar parte disso, mas a maioria das peças do telhado desabado eram muito pesadas para ele levantar. Talvez o Santo Sombra tivesse mais sorte.
Era um plano adequado, mas, por algum motivo, Sunny sentiu-se estranhamente relutante em retornar à exploração da biblioteca naquela noite específica.
‘Hã… o que mais posso fazer?’
Ele desceu da coluna de pedra e se aproximou do centurião de carapaça morto para retirar parte da carne e dos fragmentos de alma.
Falando nisso… pensando bem, o local marcado no mapa tosco que ele encontrou no corpo do estranho líder do grupo de caça também não estava tão longe.
Talvez ele pudesse dar uma olhada.
Sunny sacudiu a cabeça veementemente.
‘Não, não… o mapa deve ser falso mesmo. Certo?’
Tentando reprimir o fogo insalubre de curiosidade que ardia em seu peito, Sunny concentrou-se na tarefa em questão. No entanto, uma vez que a carne e os fragmentos estivessem em seu poder, o desejo persistente de seguir o mapa retornou.
‘E se não for falso, é ainda pior. Quem sabe que tipo de horror esses tolos estavam procurando?’
Com certeza, não haveria nenhum tesouro ou segredos importantes escondidos lá. Essa coisa toda cheirava a nada além de perigo. Na verdade, exalava algo sinistro, aterrorizante e absolutamente malígno.
Sunny suspirou.
‘Mas, sinceramente, qual é o mal em dar uma pequena olhada? É só uma olhada… o que é o pior que pode acontecer?’
***
Pisando cuidadosamente pelos escombros de pedra, Sunny se aproximou cautelosamente do local marcado no mapa. Por algum motivo estranho, pouquíssimas Criaturas do Pesadelo pareciam escolher essa parte remota da cidade como seus territórios de caça. Era como se fossem compelidas a evitar este lugar.
Pensando bem, esse fato por si só seria suficiente para assustar Sunny. Sob circunstâncias normais. Mas com o Santo de Pedra escondido em sua sombra, ele se sentia um pouco mais corajoso.
Pelo menos ele conseguiria fugir se algo acontecesse.
Ao se aproximar de um grande edifício que já fora magnífico, Sunny escalou a parede desmoronada e se encontrou em um pátio escuro e isolado.
No centro do pátio, havia um poço. Sua boca redonda se destacava como uma ferida aberta na pedra, preenchida apenas pela escuridão vazia. O poço estava coberto por uma estranha grade de ferro ornamentada. Haja vista que devia pesar várias toneladas, como se alguém quisesse desesperadamente impedir que algo a levantasse e deixasse o poço aberto.
Sunny engoliu em seco antes de se aproximar e olhar através da grelha da grade. O silencioso poço era tão profundo que ele não conseguia ver seu fundo.
… Talvez não houvesse um.
Pegando uma pequena pedra, Sunny a soltou. A boca negra do poço engoliu a pedra, fazendo-a desaparecer.
Muitos segundos se passaram, mas não houve som da pedra batendo em nada.
Sunny estava quase pronto para tentar novamente, mas então…
O poço falou.
Uma voz melódica e estranhamente encantadora ressoou das escuridões de seu interior, enchendo os ouvidos de Sunny com doçura.
“Ah, um convidado…”
Ele cambaleou para trás, com os olhos arregalados de medo.
‘Não. Não vou fazer isso!’
Sunny queria virar as costas e correr, mas algo o impedia de seguir seu instinto. Ele sentiu que ir embora sem descobrir mais seria uma decisão errada.
E a voz soava tão… tão humana…
Era como a voz de alguém que você gostaria que fosse seu amigo.
Ele sacudiu a cabeça, libertando-se do devaneio.
‘O que esses malditos estavam tramando?! O que estão fazendo lá naquele maldito castelo?! Preciso avisar Nephis… não, espera… preciso descobrir mais primeiro. Tentarei entender o que está acontecendo aqui, mas se houver algum sinal de perigo, eu corro.’
Apertando os dentes, Sunny se forçou a ficar parado.
Um momento depois, o poço sussurrou:
“Que maravilha. Não me alimentam há muito, muito tempo…”