579: Atividades furtivas à noite 579: Atividades furtivas à noite Toda raiva escoou de seu corpo, deixando para trás apenas um sentimento aterrorizante. Um que ele detestava tanto que uma vez jurou que nunca mais sentiria.

Medo. Puta que pariu.

Essas pinturas não eram apenas pinturas; elas eram sinais.

“Qual o significado disso, Ariana?” Nicolai girou e questionou Ariana. Sua voz estava preenchida com algo que nem mesmo ele reconhecia. “Pare de olhar para o maldito chão e olhe para mim! Qual o significado disso?”

Ela levantou a cabeça e finalmente o encarou, mas a maneira como o olhou fez seu coração doer de maneiras que ele não conseguia explicar.

“Por quê?” Nicolai perguntou novamente; sua voz era baixa, mas ainda ressoava no silêncio mortal. “O que você está fazendo criando essas pinturas? O que elas significam? O que há com esse desespero fodido?

“Não é desespero”, disse ela.

“Seu desejo mais profundo e sombrio?” Nicolai questionou. Sua voz estava tão vazia que ele mesmo não a reconheceu.

Ela não respondeu ou talvez não pudesse responder.

“Porra, Ariana. Por quê?”

“Porque eu sempre fui uma bagunça,” ela finalmente explodiu e falou em uma voz baixa e mortal. “Não sei como viver com esses sentimentos amargos e memórias. Eu sabia que algo estava errado comigo; eu sabia que eu era repugnante e desastrosa e só arruinaria aqueles que se aproximavam de mim. Eu sabia de tudo isso, e foi por isso que eu não queria ficar com você. Então por que você tinha que foder minha vida; talvez eu pudesse ter aprendido a viver com esse auto-ódio que sempre sinto quando não estou com você. Mas você me olha como se eu fosse bonita, como se talvez eu valesse algo e isso mexe comigo. Você deveria ficar longe de mim, porque só assim você poderia viver sua vida. Então por que você não me odeia?”

“Eu não sou digno de você.”

“Quem disse isso?” Nicolai a puxou para perto e a abraçou forte. “Quem diabos disse isso? Não há nada de errado com você, princesa, e eu nunca poderia pensar em te odiar.”

Um soluço escapou dos lábios dela e ela o abraçou tão forte que Nicolai achou difícil respirar. Os dedos dela cravaram em sua pele e doeu, não porque as unhas dela quase perfuravam sua pele; ele havia enfrentado dores piores do que essa, mas porque ele sabia que ela estava sofrendo mais do que isso.

O desespero de ter uma única coisa boa. Ele também já havia sentido isso uma vez e sabia quão dolorido era.

“Princesa, você está bem?”

“S–Só me segure, por favor.” A voz dela soava sufocada. “Apenas um pouco mais; está tudo bem enquanto você está comigo.”

E ele fez exatamente como ela pediu; ele a abraçou bem perto.

Parecia que Ariana estava muito mais fundo dentro dele do que ele pensava, e enquanto ela o implorava para ficar com ela, ele tinha certeza de que estava disposto a afundar se isso significasse se tornar a única âncora que ela tinha na vida.

Enquanto ela estivesse disposta a continuar viva, enquanto ela ficasse com ele—respirando e quente—ele seria qualquer coisa que ela quisesse.

Penelope saiu de seu quarto no meio da noite; seu corpo estava coberto com uma jaqueta preta fina e um boné com uma máscara. Ela não acendeu as luzes, pois sabia onde estava indo e caminhou até o quarto que pertencia a Ariana.

Quando ela estendeu a mão para a maçaneta, olhou para trás, garantindo que não havia ninguém atrás dela. Só então voltou a cabeça para frente e começou a lutar com a maçaneta.

“Essa vaca desgraçada!” Penelope exclamou enquanto dava um chute na porta.

Ela sabia que Ariana não estava dentro de seu quarto.

E onde ela estaria se não estivesse em seu quarto?

Mas logo ela se acalmou, porque Penelope sabia que isso não duraria muito; agora que estava noiva de Nicolai e destinada a se casar com ele, ela não deixaria outra mulher roubar o homem que ela desejava.

Com um resmungo, ela virou-se e saiu da casa. E em vez de usar o elevador privado, usou as escadas para sair sorrateiramente do prédio.

Ela havia planejado um passeio com suas amigas, pois queria mostrar seu status atual como noiva de Nicolai de Luca. Alguns dias atrás, essas pessoas haviam rido dela pelos rumores de que ela era a filha falsa da família Ashford que corriam soltos.

Agora que ela havia recuperado um pouco de seu status e posição antigos, ela adoraria ver o que essas irmãs de plástico dela diriam a ela.

Enquanto cantarolava uma música, ela chegou ao bar onde havia organizado o pequeno encontro. No entanto, logo quando estava prestes a entrar no bar, alguém a pegou por trás; com um lenço grosso colocado contra sua boca, o homem puxou Penelope para o beco escuro ao lado do bar.

“Mm-hmm! Mhmm!” Penelope chutou seus saltos e tentou se debater com força enquanto usava todo o seu corpo para empurrar o homem que a arrastava.

“Cala a boca, sua vadia,” o homem xingou enquanto lhe dava um puxão poderoso e a puxava para dentro do carro estacionado no beco.

“Você pegou ela?” O capanga sentado no banco do carro perguntou, olhando para Penelope, que estava um pouco mais dócil agora que a droga estava em seu sistema.

“Peguei, com certeza,” o homem que sequestrou Penelope bufou e disse ao seu parceiro, “Uma lutadora, é isso que pegamos desta vez. Mesmo usando o dobro da quantidade de drogas que geralmente usamos, essa mulher aguentou firme.”

“Eles sempre aguentam,” comentou o outro homem enquanto acelerava o motor que rugia ao ganhar vida. “Não se preocupe; uma vez que terminarmos com ela, tudo estará acabado.”