Enredado ao Luar: Inalterado - Capítulo 66

66: Ava: Melhores Amigos São os Melhores 66: Ava: Melhores Amigos São os Melhores A vida em casa é uma merda, mas eu encontro um pequeno consolo no fato de que, pela primeira vez na minha vida, Jessa e Phoenix estão do meu lado.

Mais ou menos.

Ainda estou um pouco preocupada que a Jessa vai me apunhalar enquanto eu durmo, mas não acho que ela queira lidar com a ira que virá com esse tipo de medida drástica. Tenho quase certeza de que ela está mantendo isso como uma opção, mas não acho que ela vá fazer isso tão cedo.

Graças à Jessa apontar o óbvio, meu nível de estresse está um pouco reduzido enquanto eu agradeço mentalmente ao Clayton por ter sucumbido às suas paixões movidas pelo cio. Até que o Alfa Renard tenha certeza de que não tenho um filhote de Aspen no meu ventre, ele não vai me tocar.

Eu sei que ele não tem um desejo verdadeiro por mim. Toda vez que ele olha para mim, é com cálculo. Não acho que o homem seja capaz de sentir desejo verdadeiro por alguém como eu.

Se nosso número fosse maior, eu acredito de verdade que ele erradicaria os humanos do mundo em vez de lutar com outras matilhas.

Isso não me mantém segura agora com essa besteira de ‘verdadeira ômega’, mas pelo menos tenho a sorte da Mãe Natureza ao meu lado…

E o celular da Jessa.

Ela não está muito contente com isso, mas se senta no sofá enquanto eu espero na cozinha, ouvindo o toque enquanto chamo o telefone da Lisa.

Elas não deveriam estar de olho nela agora que eu voltei, certo?

Mas mesmo que estejam—ela é minha única saída daqui.

“Alô?” a voz dela finalmente responde, desconfiada, depois que eu ligo para ela três vezes seguidas.

“Lise, sou eu.”

“Ava. Meu Deus. Você está viva. Você está bem. Espera, você está bem?”

Uma risada brota na minha garganta, mesmo que as lágrimas encham meus olhos. Eu amo demais a Lisa. Como eu mereci uma amiga como ela?

“Tem muita coisa para te contar, mas só escuta o importante agora. Eu fui arrastada de volta para casa. Eles me pegaram em Washington, onde—putz, você nem sabe. Eu estava com a Matilha Aspen… Tem muita coisa para desenrolar aí. Tiramos isso a limpo mais tarde. De qualquer forma, algumas coisas aconteceram e de alguma maneira eles descobriram.”

Espera. Como eles descobriram?

Preciso perguntar ao Phoenix.

Assim que eu desligar o telefone.

“Ave?”

“Desculpa. Eu me distraí. Enfim, eles me encontraram e me trouxeram para casa. Resumindo, meu alfa quer fazer filhos comigo porque ele acha que eu tenho algo especial no ventre—”
“Oh, você é uma ômega?”

Afastando o telefone da orelha, confiro o número na tela. É definitivamente a Lisa. “Um, como você sabe sobre ômegas?”

“Eu assisto TV, Ave. Tenho certeza de que não é exato, mas tipo, eu meio que entendo. Ômegas são tipo, super férteis e tal, né?”

“Bem—não exatamente… A maioria delas é apenas chamada de ômegas porque foram escolhidas para procriar, não porque foram feitas para isso. Mas enfim, isso não é o ponto.”

A voz dela soa pelos alto-falantes com toda a certeza de alguém que nunca teve que lidar com as consequências de falar mal de um alfa. “Então aquele velho quer transar com você? Não me surpreendo. Tudo que eu ouvi sobre eles é encrenca, Ava. O que você precisa que eu faça? Eu faço qualquer coisa. Que se dane este lugar. Mãe e Pai não vão se importar se eu sumir por alguns meses. Vamos desaparecer juntas. Onde eu te busco?”

Essas lágrimas que enchem meus olhos estão caindo agora, escorrendo com facilidade embaraçosa pelas minhas bochechas. “Você não pode fazer nada ainda. Eles ainda estão se preocupando comigo. Mas eles vão querer ter certeza de que eu não estou grávida antes de fazer qualquer coisa.”

“Grávida? Ava, o que diabos você anda fazendo, e com quem? Ele é legal? Ele cuida de você?”

“Ele é—é uma longa história. Não é o que você pensa.” Embora meu coração aperte ao pensar no Clayton e quão preocupado ele deve estar. Quanto tempo eu estive aqui agora? Parece que foram meses, mas não tem sido apenas alguns dias? Uma semana?

Tudo está se confundindo já. Acho que é isso que acontece quando você se disocia na frente da TV.

E o Lucas…

Faz muito tempo.

Ele deve estar preocupado. Ou talvez ele tenha seguido em frente.

“Ave. Ave?”

“Desculpa, estou aqui.”

“Olha, eu vou juntar minhas coisas para fugir para o pôr do sol com você. Nem tente me dizer não. Estou com saudades e não vou te deixar aqui com sua família de merda e sua matilha de merda. Que tal tentarmos Nova York?”

Nova York…

A ideia me faz sorrir.

Mas aí eu me pergunto como a Selene me encontraria lá.

Se ela chegar aqui e eu tiver ido embora, como ela vai me encontrar?

Mas, ela me encontrou no território da Matilha Aspen, então ela deve ter um jeito de me rastrear. Vai ficar tudo bem. Ela vai me encontrar.

Eu respiro fundo. “Ok. Vamos precisar de dinheiro. Você não conhece alguém que faz identidades falsas? Vamos precisar de algumas dessas também.”

“Sem problema. Você quer voltar para onde estava, ou quer ficar escondida em outro lugar?”

Eu penso na Sra. Elkins, e em todos em Cedarwood.

Eu quero voltar mais do que consigo explicar.

“Eu não posso. Não até eu saber que é seguro. Vai ser o primeiro lugar onde eles vão procurar.” Porque eles acham que eu sou companheira do Clayton.

“Então eu vou descobrir algum lugar para a gente ir. Quando vamos nos encontrar? Onde?”

“Ainda não sei. Tenho que encontrar um jeito de sair daqui. Você nunca conseguira entrar nas terras da matilha, então eu preciso achar um jeito de fugir primeiro.”

“Tudo bem. Eu vou arranjar dinheiro. Ooh, talvez eu possa convencer o Pai a me dar um carro novo. Algo que eles não possam rastrear tão facilmente.”

A Lisa está levando isso a sério, mas eu consigo ouvir a excitação em sua voz. Para ela, fugir daqui vai ser uma aventura. Ela não entende…

Ela não viu o que eu vi.

Ela não sabe o que eu sei.

Isso não é nada parecido com os livros ou histórias.

Meu irmão trouxe uma arma quando veio me buscar.

Minha irmã quer me matar.

Essas não são coisas normais com as quais bons cidadãos respeitadores da lei lidam.

“Vamos descobrir,” eu digo de novo, tentando infundir confiança em minha voz. “Esse é o telefone da minha irmã, então só salva para caso eu ligue de novo por ele.”

“Sua irmã? Eu pensei que ela te odiasse.”

“Bem, estamos temporariamente unidas em um objetivo comum,” digo secamente, hiperconsciente da presença da Jessa no outro cômodo. Tenho certeza de que ela está escutando cada palavra. “Se eu der filhos para o nosso alfa, meu irmão não vai mais ser o alfa.”

“Oh, droga. Seu irmão vai ser o alfa? Espera, então não podemos simplesmente matar o velho e deixar ele assumir?”

Cubro a boca do telefone, como se de alguma forma isso fosse impedir a Jessa de ouvir o que está saindo dele. “Shh,” sussurro. “Você precisa ter cuidado ao dizer coisas assim.”

“Só estou dizendo, provavelmente é o que eles fariam na TV.”

“TV não é a vida real, Lise,” eu resmungo.

“Ok, ok. Eu sei. Mas você está bem agora, Ava?”

“Estou bem. Estou melhor do que estava. Todo mundo está meio que me ignorando. Estou sempre sob guarda.” É bom quando a Jessa está aqui, porque eles não estão do lado de fora. Jessa é mais forte que qualquer um dos guardas que foram designados para me vigiar.

“Você vai conseguir? Sabe, sair daí?”

Olho na direção da sala de estar. Todas as minhas esperanças estão penduradas na Jessa e no Phoenix. Mesmo que eles não estejam fazendo isso por mim, tê-los do meu lado, mesmo que temporariamente, é minha melhor aposta até agora.

“Sim.”