Enredado ao Luar: Inalterado - Capítulo 50
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- Capítulo 50 - 50 Ava A Garota Cinza 50 Ava A Garota Cinza Bom dia Clayton
50: Ava: A Garota Cinza 50: Ava: A Garota Cinza “Bom dia,” Clayton diz com um sorriso, e eu dou um passo atrás para deixá-lo entrar no apartamento. Ele pausa por apenas um momento quando vê Selene, e eu espero pelas perguntas — mas ele não faz nenhuma.
Ele é educado assim.
Honestamente, tirando minha paranoia e o fato de não querer depender dele, ele parece um cara bastante legal.
Clayton avança para a cozinha como se fosse o dono — o que, quero dizer, ele é — enquanto eu fico por perto me sentindo deslocada e fora de lugar neste apartamento chique. Ele parece tão à vontade aqui, como se pertencesse.
“Tudo bem com o telefone?” ele grita da cozinha. “Você não me mandou mensagem esta manhã.”
“Ah, uh, sem problemas,” eu respondo, olhando para o novo dispositivo elegante na mesinha. “Eu só acordei há pouco tempo e ainda não o configurei.”
Há uma breve pausa, e então o som de uma panela sendo colocada no fogão. “Você já comeu?”
Eu balanço a cabeça, mesmo que ele não possa me ver. “Não, ainda não.”
“Bem, então vá relaxar. Eu vou preparar um café da manhã.”
Antes que eu possa protestar, ele sai da cozinha, aqueles intensos olhos verdes me fixando com um olhar que não aceita argumento. Segurando meus ombros, ele me vira em direção ao sofá macio e me dá um leve empurrão para lá.
“Vai lá, eu cuido disso.”
Abro a boca para argumentar, mas um olhar para sua expressão resoluta me faz fechá-la novamente. Em vez disso, eu apenas aceno com a cabeça e sigo em direção ao sofá, afundando nas almofadas macias com um suspiro.
Selene, sempre minha fiel companheira, se encosta em mim enquanto se concentra em seu programa, repousando a cabeça no meu colo. Eu passo os dedos absorta por sua pelagem macia, tentando ignorar o som de Clayton mexendo na cozinha.
É estranho, ter alguém cozinhando para mim. Cuidando de mim. Estou tão acostumada a ser aquela que faz todo o trabalho, todo o cozinhar e limpar. Ter alguém ocupando esse papel me faz sentir desconfortável. Preguiçosa.
Mas ao mesmo tempo, há uma parte de mim que se sente aliviada por ter outro alguém assumindo esse fardo por um tempo. Ser cuidada, em vez de ser eu a cuidar. É só um café da manhã, mas ele simplesmente entrou e tomou conta, como —
Como um alfa que acha que é meu companheiro.
Eu balanço a cabeça, tentando expulsar esses pensamentos. Não posso me dar ao luxo de ficar muito confortável aqui, de me acostumar demais com a presença de Clayton. Isso não é permanente, não importa o quanto ele queira que seja.
O chiado do bacon numa frigideira quente me faz ficar atenta — de Selene também — e o cheiro chega ao meu nariz alguns segundos depois. Meu estômago dá um ronco involuntário.
Ok, talvez eu possa deixar ele cuidar de mim só mais um pouquinho.
Não é pecado se acomodar um pouco, certo? Já que não posso sair de qualquer jeito?
* * *
Café da manhã com Clayton é confortável.
Ele não tenta me tocar. Sem mais beijos na testa. Ele só está lá, educado e amigável, garantindo que estou sendo cuidada.
Selene parece aprovar, porque ela está absorta em seu programa em vez de vigiar cada movimento dele. É claro que ela não tem nada contra Clayton em primeiro lugar. Ela não gosta da ideia de estar presa aqui, mas não tem nada contra ele.
Não é como os comentários mordazes que ela faz sobre Lucas toda vez que ele surge.
Não querendo pensar nele, eu me concentro na minha xícara de creme com um toque de café, adicionando mais uma colher de açúcar. Eu vejo Clayton lançando um olhar furtivo para minha bebida, mas eu já estou acostumada.
Não gosto de café sem muito sabor para mascarar seu gosto real.
Clayton me acena de volta para o sofá para curtir enquanto o telefone dele toca. Tento me acomodar no meu papel de uma pessoa que fica no sofá, mas meus ouvidos não ajudam, captando o lado dele da conversa.
A doce e enjoativa confeição é pura satisfação, e eu sorvo, deixando o gosto açucarado permanecer na minha língua enquanto tento ignorar os pedaços da conversa de Clayton que chegam aos meus ouvidos. Sua voz profunda e ressonante é difícil de ignorar, mesmo com as conversas inconsequentes da televisão fazendo barulho de fundo.
“…a situação com Blackwood está escalando…”
As palavras me enviam um arrepio pela espinha, e eu seguro minha caneca um pouco mais forte, o calor penetrando em minhas palmas.
“…Westwood enviou suas exigências, mas eles estão recusando…”
Meu coração afunda à medida que as implicações de suas palavras começam a se delinear.
Blackwood e Westwood? Será que uma guerra está vindo afinal?
“…a Menina Cinza parece estar no centro de tudo…”
A caneca quase escorrega dos meus dedos, e eu mal consigo pegá-la antes que o líquido escaldante derrame no meu colo. Eu prendo a respiração enquanto processo essas últimas palavras.
A Menina Cinza. Eu?
Pânico começa a subir pelo meu peito, apertando meus pulmões. Eles estão procurando por mim? Eles me encontraram? É por isso que Clayton me mantém aqui trancada, sob o pretexto de proteção?
Meu olhar dispara em direção ao corredor, meio-expectante de ver um esquadrão de executores invadindo a porta para me arrastar de volta para aquela existência miserável. De volta para a alcateia que nunca me quis, a família que me tratou como um fardo.
Claro, eles não vêm. Clayton não sabe o meu sobrenome; ele não faz ideia que eu sou a garota de quem ele está falando.
Certo?
Porque se ele soubesse, ele teria que me mandar de volta para minha alcateia.
Selene deve perceber meu nervosismo porque ela lambe meu rosto, seu corpo quente se pressionando contra minha perna em um silencioso gesto de apoio. Passo os dedos pela sua pelagem macia, tirando força de sua presença enquanto a voz de Clayton continua a retumbar.
“…precisa lidar com isso assim que o fizer, não importa o quê…”
Lidar com quem? As alcateias? Comigo? Guerra? As perguntas giram na minha cabeça como um redemoinho, ameaçando me sobrecarregar.
Uma parte de mim quer confrontar Clayton e exigir respostas, mas eu não quero entregar o jogo. Eu não acho que ele saiba quem eu sou. Também não tenho ideia de como ele agirá quando descobrir. Então eu só preciso garantir que ele nunca tenha uma pista.
Eu observo Clayton terminando sua ligação, a testa franzida de um jeito que faz as linhas em sua fronte se destacarem mais. Ele passa a mão pelo rosto, e posso quase sentir o estresse irradiando dele.
Fazendo o meu melhor para agir casualmente, eu engulo o resto do meu café e vou para a cozinha, fingindo que só precisava guardar minha xícara. Clayton já está se preparando para lavar a louça.
“Ei,” eu digo, e não consigo tirar a preocupação da minha voz.
Clayton olha para cima. “O que há de errado, Ava?”
“Eu preciso me preocupar com essa guerra entre as alcateias?” eu pergunto, decidindo manter uma abordagem direta e prática.