Enredado ao Luar: Inalterado - Capítulo 480

Capítulo 480: Uma Desculpa Razoável

LUCAS

Eu me ajeito de volta nas calças, sentindo-me um pouco convencido ao ouvir Ava resmungando no chuveiro atrás de mim. Algo sobre todo mundo saber o que acabamos de fazer.

Sim. Esse é exatamente o ponto.

Quero que cada lobo neste acampamento saiba que ela é minha. Quero que sintam meu cheiro por toda ela. Dentro dela. Quero que saibam a quem ela pertence.

Mesmo quando eles já sabem, quero que saibam de novo.

Aurum resmunga em aprovação no fundo da minha mente, o lobo dourado tão possessivo como sempre quando se trata de nossa companheira.

Passo a mão pelo cabelo, tentando me fazer parecer um pouco apresentável. Não que isso importe. Qualquer um com um nariz saberá exatamente o que acabou de acontecer nesta cabana.

Mas a satisfação convencida desaparece ao lembrar o que deu início a tudo isso.

Ava quer participar da investida. Quer entrar direto no perigo, ao meu lado.

Que se dane isso.

Precisamos protegê-la, Aurum rosna.

“Eu sei,” murmuro de volta.

Mas precisamos ser inteligentes sobre isso. Dizê-la não não foi bem recebido, e mesmo minhas palavras fervorosas no calor do momento não mudaram sua opinião. Não posso simplesmente dizer que ela não pode vir porque é uma mulher, ou porque sou o Alfa, ou porque ela é minha companheira.

Preciso de um motivo que ela não possa contestar. Algo prático.

Aurum resmunga insatisfeito, dividido entre não querer Ava em perigo e não querer que ela fique furiosa conosco. Ele sabe, assim como eu, que não há resposta fácil aqui.

Aliso o cabelo mais uma vez e vou em direção à porta. É hora de lidar com Clayton, que esteve do lado de fora durante toda a nossa… conversa.

Ele se afastou alguns passos da porta, apoiando-se em uma árvore com os braços cruzados. Algo em sua expressão demonstra diversão ao me observar. Suas narinas se dilatam levemente.

Ele me dá um meio sorriso torto. “Vejo que cheguei em um momento ruim.”

Não posso deixar de rir, estendendo a mão para bater em seu ombro. “Não se preocupe com isso.”

Além disso, Ava se apertava ao meu redor de forma deliciosa toda vez que ele interrompia. É uma experiência que eu não me importaria em ter novamente, mas com o tempo a nosso favor e não contra nós. Meus lábios se contraem ao pensar em como ela coraria se eu dissesse o que estou pensando.

Mas há coisas mais importantes a serem cuidadas antes de eu me entregar a fantasias.

“O que está acontecendo?” Pergunto, ficando sério.

Clayton suspira. “É sobre o fantasma,” ele diz.

Levanto uma sobrancelha, esperando.

“Estou preocupado. Se Ava vier conosco nesta missão, sua… companheira espectral… tornará a subterfúgio quase impossível.”

Pauso, deixando suas palavras serem assimiladas.

É isso. Essa é a desculpa que eu preciso.

Nem Ava pode discutir com algo tão prático. O fantasma dela é visível para outros—canta, tagarela, e nunca cala a droga da boca.

Não faço ideia de onde está agora, mas não há dúvida de que segue Ava mais do que qualquer um.

Seria como levar um circo conosco em uma missão furtiva.

Um sorriso se espalha por meu rosto.

“Você,” digo, envolvendo um braço em torno dos ombros de Clayton, “é um salvador. Estou te devendo uma.”

Ele bufa, balançando a cabeça. “Duvido que Ava vá ficar contente com isso. Você não deveria comemorar ainda. Eu vi o rosto dela; ela não está desistindo.”

“Talvez não,” eu admito. “Mas é uma preocupação tática legítima. Ela não pode argumentar contra isso.”

Bem, ela pode e provavelmente irá. O temperamento dela ficou muito mais feroz ultimamente, especialmente quando se trata de proteger seu povo. Labaredas praticamente saem de seus olhos quando ela pensa que alguém está em perigo.

Mas o fantasma é uma realidade que ela terá que aceitar.

A expressão de Clayton fica mais séria. “Há mais uma coisa.”

“O que é?”

Ele olha em direção ao perímetro de Wolf’s Landing. “Tenho um mau pressentimento sobre essa invasão. Parece fácil demais, essa informação caindo no nosso colo dessa forma.”

Cruzo os braços, balançando para trás nos calcanhares enquanto olho para o céu que escurece. A tensão sobe pela minha espinha.

Não é como se eu não tivesse preocupações semelhantes.

“Você acha que é uma armadilha?” pergunto baixinho.

“Acho que devemos considerar essa possibilidade.” A voz de Clayton fica mais baixa. “O timing é suspeito, você não acha?”

Ava parece confiar nessa pessoa Acarus, e saber que ele é filho da Irmã Miriam torna suas palavras mais legítimas para mim também. Mas isso não significa que minha paranoia natural e natureza desconfiada não tenham pensamentos e preocupações.

“Tomaremos precauções, mas temos que assumir que é legítimo.”

“Eu sei. Mas—”

“Mas seus instintos geralmente são bons,” eu termino por ele. “Eu vou levar isso em consideração.” Alfas não duram muito ignorando seus instintos.

Ava sairá em breve, pronta para continuar nossa discussão. Preciso estar preparado.

“Alguma outra preocupação tática que eu deva saber?” eu pergunto a Clayton com um leve sorriso.

Ele levanta uma sobrancelha, sabendo exatamente o que estou fazendo. “Tentando construir seu caso?”

“Algo assim.”

Ele pensa por um momento. “Há também a questão da magia dela. É poderosa, mas imprevisível. Em combate corpo a corpo—”

“Ela poderia ferir nosso próprio pessoal,” eu termino. “Bom ponto.” Muitas vezes estávamos na linha de fogo quando o Magister e Lisa estavam atacando durante o ataque do Príncipe Louco.

“Tenho certeza de que ela tem um grande controle, no entanto. Ava parece do tipo que pratica incessantemente.”

Lanço um olhar carrancudo para ele. “De que lado você está aqui?”

“Do lado de fazer com que todos sobrevivamos a isso,” ele diz simplesmente. “Às vezes, isso significa tomar decisões difíceis sobre quem fica e quem vai. O fantasma é minha única preocupação com levá-la junto. Se ela for tão poderosa quanto dizem—e seu povo fala bastante, meu amigo—ela é um recurso valioso no campo de batalha, goste você ou não.”

Nosso diálogo para quando a porta da cabana se abre. Eu me volto para ver Ava parada lá, as pontas do cabelo úmidas e as bochechas ainda coradas. Ela está vestindo roupas limpas, mas não há como esconder o que estávamos fazendo. Está no aroma dela, na marca visível logo acima da gola, no jeito como se movimenta.

Ela não tomou um banho completo e parece não perceber o quanto ainda podemos cheirar nela.

As narinas de Clayton se dilatam e eu piso sem piedade numa onda de ciúmes. Até agora, me saí bem com isso, e não preciso que comece tudo de novo.

Ela lança um olhar suspeito entre nós.

“O que vocês dois estão tramando?” ela pergunta imediatamente.

Droga. Ela me conhece bem demais.

Clayton, diplomático como sempre, sorri encantadoramente, e eu me lembro de que ele é meu amigo. Dois segundos atrás, estávamos nos dando muito bem. “Boa noite, Ava. Estava apenas discutindo algumas preocupações sobre a invasão.”

Os olhos dela se estreitam, azuis como gelo e penetrantes. É como se suas suspeitas tivessem sido confirmadas. “Que preocupações?”

“Aurum não para de resmungar e minha pele coça toda vez que seus olhos se voltam para Clayton, então eu subo os degraus e passo um braço ao redor dela, respirando seu cheiro de mel e baunilha.

Meu lobo praticamente ronrona de satisfação, mas Ava dá um tapa no meu braço e diz de novo, “Que preocupações, Lucas?”