Enredado ao Luar: Inalterado - Capítulo 475

Capítulo 475: Ava: Cobrança por Respostas

Eu irrompo pela porta do Prédio dos Fae enquanto corro atrás de Acarus. Como se ele fosse embora com palavras vagas e um telefone antigo (mas mágico).

Apenas vinte pés à frente, Acarus está com o Magíster Orion, o devorador de sonhos ainda amarrado e jogado sobre seu ombro como um troféu mórbido. Eles estão em uma conversa profunda, cabeças levemente inclinadas uma em direção à outra.

“—independentemente do que você pense. Eles já sabem que este lugar existe,” Acarus diz, sua voz melódica se espalhando pelo ar fresco.

Eu diminuo o ritmo. Eu queria exigir respostas no momento em que o alcançasse, mas suas palavras já estão me levando para um buraco de preocupações. Eles? Eles quem? A Nova Ordem? Ou algo pior…?

Meus passos vacilam enquanto observo o resto da cena. Eleanor e Pip estão a cerca de vinte pés do vampiro e do magister, cercadas por um círculo apertado de guardas de Wolf’s Landing.

Eleanor gesticula animadamente, seu diário apertado contra o peito com uma mão enquanto a outra desenha padrões no ar. Sua voz carrega fragmentos de “padrões de ressonância” e “nós convergentes” pela clareira. Pip permanece ao lado dela, correntes tilintando suavemente enquanto ela move o peso de um pé para o outro.

O que me pega de surpresa é a expressão de Pip. Ela não me parece particularmente amigável. Ela observa com polida indiferença — a máscara vazia de alguém tolerando uma conversa entediante em um jantar. Lisa não disse que elas estavam se dando bem? Algo mudou?

Por outro lado, posso entender que a discussão constante de Eleanor sobre magia possa entediar alguém que nasceu num mundo dela.

Acarus se vira para mim quando me aproximo um pouco mais. “Você tem outra pergunta,” ele afirma.

Não é uma pergunta. Apenas uma observação direta que de alguma forma me desequilibra. Acho que é óbvio por que eu estaria correndo até aqui.

“Sim, mas primeiro eu preciso saber mais sobre a segurança de Wolf’s Landing.”

Acarus acena uma vez, o gesto quase robótico em sua precisão. “Provavelmente haverá um ataque em breve. Eles estão reunindo forças nas proximidades.”

“Eles?”

“A Nova Ordem.”

Minha boca se abre. “Você está nos contando isso só agora?”

Ele dá de ombros, o devorador de sonhos em seu ombro balançando levemente. “A sua sobrevivência é sua responsabilidade, não é?”

“Somos amigos, Acarus. Amigos compartilham essas coisas.”

Acarus pisca, inclinando a cabeça para mim. “Eu compartilhei. Agora mesmo.”

É isso que significa ser amigo de um vampiro. Selene suspira. Você nunca saberá se a lealdade deles é sua.

Meu lobo-husky não gosta particularmente de vampiros, mas eu não tenho a mesma desconfiança instintiva que ela tem. Ainda assim… Eu olho para o filho da Irmã Miriam com uma expressão azeda no rosto. “Você deveria ter mencionado isso antes.”

Ele franze a testa.

Eu respiro fundo, tentando conter minha raiva. Ficar bravo com Acarus é como ficar bravo com uma face de penhasco por ser íngreme. Selene está certa sobre os vampiros. Irmã Miriam sempre jogou o jogo enigmático e manteve suas cartas bem guardadas também. “Você poderia, por favor, nos informar se ouvir sobre mais ataques? Agradeceríamos o aviso antecipado.”

Seus traços perfeitos se organizam em algo parecido com confusão. “Vocês não são capazes de se defender?”

A descrença em suas palavras faz com que todos os metamorfos de lobos na área endureçam. Alguns rosnados vibram pelo ar.

“Sim.” Meus dentes se fecham com tanta força que minha mandíbula dói. “Mas se pudermos nos preparar, perdemos menos vidas.”

Acarus balança a cabeça, o menor traço de desdém cruzando seu rosto. “Mãe disse que vocês eram fortes. Estou começando a duvidar.”

Alguém atrás de mim rosna. Rosna abertamente.

Ele nem pisca.

Em vez disso, ele levanta uma mão elegante, e todos nós ficamos tensos.

Energia preto-prateada espirala de suas pontas dos dedos, coalescendo em um portal giratório pendurado no ar. A mágica pulsa com uma luz fria, lançando sombras estranhas em seu rosto perfeito.

A culpa varre através de mim. Eu realmente pensei que ele ia dar um exemplo de… não, espere, esse não é o problema aqui.

“Espere!” Dou um passo à frente, mesmo que alguém agarre meu ombro e me puxe para trás. Meus seguranças estão determinados a não me deixar me matar. Já me acostumei tanto com eles por perto, que eles praticamente se tornaram invisíveis—mas eles estão sempre lá, em algum lugar.

Dou um empurrão na mão deles do meu ombro. Não estou prestes a mergulhar no abismo giratório, muito obrigada.

Eles não soltam.

Exasperada, mantenho minha posição e continuo, “Você realmente não explicou o que é um coração de fantasma—”

Acarus franze a testa para mim. “Não estou aqui para explicar tudo para você. Já fiquei muito tempo por aqui.”

Malditos esses vampiros e sua incapacidade de dizer qualquer coisa de forma simples.

“Se você pudesse me dizer onde encontrá-lo, ao menos, provavelmente eu mesma conseguiria descobrir.”

Ele ri. “Tenho certeza de que você ficará bem, jovem bruxinha. Ah.” A alegria desaparece abruptamente, fazendo tudo parecer muito artificial. Por um segundo, ele realmente se parece com Miriam, apesar de não serem biologicamente relacionados—o jeito como as emoções dele não combinam com o rosto, e como o rosto dele meio que se move estranhamente. Como se metade dele estivesse atrasada em relação às emoções da outra metade.

Mas então a semelhança desaparece, e ele é apenas Acarus novamente. “As forças invasoras estão se reunindo fora da cidade a oeste. Quinze milhas de distância. Eles estão em uma faixa de terra com apenas uma pequena estrada de terra para acesso de carros. Está protegida, então seus batedores provavelmente a perderam toda vez que passaram por lá.”

Certo. A localização dos invasores. Pelo menos esta informação é mais importante do que o coração do fantasma. “Obrigada.” Talvez ele esteja aprendendo, afinal.

Duvido, murmura o Grimório, roubando a fala de Selene.

Você também não confia em vampiros?

Eu sou o grimório de uma bruxa, Ava. O que você acha?

Acarus atravessa o portal sem dizer mais nada. Nem mesmo um aceno de adeus. O devorador de sonhos desaparece com ele, e o portal colapsa com um suave estalo de ar deslocado.

“Droga!” Arrasto minha mão pelo rosto, um gemido de pura frustração rasgando minha garganta. Ele não esteve aqui por tempo suficiente. Se ele tivesse ficado alguns dias, tenho certeza de que lembraria da minha maldita lista de perguntas.

Eu tenho o telefone, então pelo menos não estou completamente sem habilidade para contatar nossos aliados, mas…

Viro-me para o Magíster Orion, que me observa com seus olhos azuis-pretos ondulantes. Sua enorme forma permanece imóvel como pedra, sua expressão ilegível.

“Precisamos conversar,” eu digo.

Ele acena solenemente com a cabeça.

Por cima do ombro dele, vejo Eleanor e Pip observando. A testa de Eleanor está franzida em concentração ou preocupação, sua caneta pairando sobre o diário. O rosto de Pip é uma máscara vazia, seu cabelo roxo balançando na brisa fria.

A notícia provavelmente já chegou a todos no acampamento. O boato é mais rápido que qualquer coisa.

Ligue para o Lucas, digo a Selene com um suspiro. E chame também a Vanessa e o Vester.