Enredado ao Luar: Inalterado - Capítulo 455
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Capítulo 455: Lisa: Reforma da Atitude de Pirralha (I)
LISA
A Fae é uma garota cativa. Um possível perigo para a alcateia. Alguém que Lucas, o grande Alfa, está cauteloso com.
Mas… é assim que tratamos os cativos?
A jovem Fae está relaxada em um ninho de cobertores, braços esticados acima dela enquanto lê um romance. Não é difícil adivinhar o conteúdo, considerando o homem meio nu na capa. Tigelas sujas estão espalhadas ao redor de sua cabeça como uma espécie de halo bizarro.
Seja qual for o capítulo, deve ser particularmente quente, baseado em seus olhos arregalados e o leve rubor em suas bochechas.
Eu mataria por um bom livro agora. Algo para me distrair do medo constante, da pulsação na minha coxa. Dos pesadelos. Mas não—não desperdiçamos corridas preciosas de suprimentos com entretenimento. Medicina, armas, comida—essas são as prioridades em Wolf’s Landing. Não literatura escapista.
Nenhuma ideia de como ela conseguiu o livro, mas eu preciso saber.
Magíster Orion suspira profundamente por sobre meu ombro. “Eu sei como parece. Mas não se pode negar conforto à Fae, considerando seu status na sociedade.”
Eu me viro para encará-lo, cruzando os braços. “Se ela é tão importante, por que você simplesmente não a devolve para Lucas, então?”
O professor de Ava esfrega a parte de trás de seu pescoço com uma risada suave. Ele faz um gesto em direção a uma cadeira ao lado da cama improvisada de Pip.
“Talvez você deva se sentar, Sra. Randall.”
Eu me baixo relutantemente na cadeira, nunca tirando os olhos dele. No chão, a garota Fae nos ignora completamente, virando uma página de seu livro.
“Isso não parece encarceramento para mim. Isso parece…”
“Custódia protetora,” Magíster Orion completa para mim. Ele se acomoda em uma cadeira oposta à minha, sua enorme estrutura fazendo o mobiliário parecer infantil. “Sim. Pellonia não é exatamente uma prisioneira, embora seu Alfa esteja bastante desconfiado da garota.”
“Pellonia?” Eu olho para a garota de cabelo roxo, que ainda está nos ignorando. Fofa.
“Seu nome próprio. Pip é um… apelido que ela adotou durante sua pequena rebelião.”
Eu a estudo mais cuidadosamente agora. As correntes em sua roupa, o cabelo roxo deliberadamente bagunçado. Definitivamente uma adolescente experimentando uma personalidade.
“Ela é uma princesa, certo?”
“Correto. A filha do Príncipe Herdeiro.”
Eu cruzo as pernas, mudando meu peso na cadeira enquanto decido que Magíster Orion não é quem precisa da minha atenção. A garota—Pellonia—é o quebra-cabeça mais interessante aqui. Eu a prendo com meu olhar, não me incomodando em esconder minha avaliação.
“Então, Princesa Pellonia. Por que uma realeza mimada está brincando de rebelde? Parece um risco tão grande quando você poderia estar tomando o que quer que passe por champanhe no reino das fadas.”
Magíster Orion abre a boca, mas eu estalo os dedos para ele sem quebrar minha concentração na princesa Fae em questão. “Não estou perguntando a você. Ela tem boca. Ela pode usá-la.”
O truque com um pirralho é deixá-los zangados. Eles se especializam em defender suas ações, declarando que ninguém os entende, e fazendo birra até conseguirem o que querem.
Eu deveria saber—eu sou uma.
Bem, reformada.
Em grande parte.
O estalo repentino dos meus dedos na sala silenciosa tem o efeito pretendido. O homem gigante fecha a boca, sua expiração quase imperceptível. Homem inteligente. Posso praticamente sentir ele me julgando, mas ele entende a dica.
Tenho que fingir minha autoridade. Pirralhos odeiam autoridade. E se ela é a filha do Príncipe Herdeiro… bem, não temos realeza como os Fae. Mas aposto que ela tem uma veia de arrogância bem perceptível por baixo de toda essa atitude rebelde.
Não há como ela deixar um mero humano implicar com ela.
O silêncio preenche o espaço entre nós. Os únicos sons são as vozes distantes de pessoas lá fora e o ocasional farfalhar enquanto Pip vira outra página de seu livro. Ela está fingindo que eu não existo, o que só me deixa mais determinada.
Um minuto se prolonga para dois. Três. O Magíster permanece perfeitamente imóvel, aparentemente contente em deixar isso acontecer.
Eu conto quatro minutos completos antes de a mão de Pellonia apertar levemente o livro. Seu virar de páginas desacelera, então para completamente. Lentamente, o livro abaixa apenas o suficiente para seus olhos espreitarem por cima.
Esses olhos. Eles são duros, calculistas, profundamente desconfiados. Não são olhos de criança. Eles me lembram dos meus próprios quando olho no espelho hoje em dia.
“Você é humana,” ela finalmente diz, sua voz plana. Não uma pergunta.
“Até onde eu sei.”
“Então você não entenderia.”
Acertou.
Eu solto uma risada. “Me desafie, Vossa Alteza. Não tenho nada além de tempo e uma perna dolorida. Me entretenha.”
Ela abaixa o livro um pouco mais, revelando o contorno apertado de sua boca. “Não é entretenimento.”
“Não? Então o que é? Rebelião adolescente? Problemas com o pai?”
Ela se senta abruptamente, o livro caindo em seu colo. “Você acha que estou fazendo isso para irritar meu pai?”
“Não é mesmo?” Inclino a cabeça, estudando suas correntes e cabelo roxo com interesse exagerado. “Por favor. Todo o seu visual grita ‘preste atenção em mim, papai.'”
Ela bate com a mão no chão com um suspiro suave.
“Você não sabe nada sobre mim ou nosso mundo. Isso não é sobre meu pai. É sobre sobrevivência.”
“Sobrevivência?” eu ecoo, inclinando-me ligeiramente para a frente. “Você é uma princesa. Exatamente do que você está sobrevivendo, vivendo em um lindo palácio?”
“Nem todas as prisões têm barras, humana. E nem todos os tronos são seguros. A Nova Ordem,” ela rosna o nome, “infiltrou-se em todos os níveis de poder. Inclusive na Corte Fada.”
“Uau. Que surpresa. Estou tão surpresa.” Revirando os olhos, eu digo em tom arrastado, “E o único herói—desculpe, heroína—em quem o nosso mundo pode confiar é uma princesinha mimada dos Fae. Já li este livro.”
“Isso não é uma história!”
“Sim, sim. Então você é o que—uma lutadora da resistência?” Enrolo meu lábio. “Princesa Leia procurando seu Han Solo?”
“Sou uma mensageira. Uma conectora. Alguém que pode se mover entre grupos sem levantar suspeitas.” Seu queixo levanta ligeiramente. “Posso ajudar. Já ajudei.”
“Certo. Ajudou a dizimar um complexo de pessoas escondidas da Nova Ordem.”
“Nós não—!”
Pellonia pressiona os lábios, seus olhos se estreitando em fendas. Ela lança a Magíster Orion um olhar desagradável.
“Tire essa humana daqui,” ela exige. “Não fiz nada de errado, e não tenho que me explicar para ela.”
Magíster Orion olha para o teto, seus ombros maciços levantando em um encolher exagerado. “Oh, céus, acabei de lembrar que tenho várias… coisas mágicas importantes… para atender esta noite.” Ele acena vagamente com a mão. “Muito urgente. Talvez vocês duas possam continuar essa conversa estimulante sem mim.”
Antes que qualquer uma de nós possa protestar, ele está recuando em direção à porta, murmurando algo sobre “jovens mulheres resolvendo as coisas” e “treinamento de diplomacia.” Ele não se preocupa em esconder o que realmente está pensando.
A porta se fecha com um clique suave, me deixando a sós com a princesa carrancuda.
“Covarde,” murmuro.
“Pela primeira vez, concordamos,” Pellonia diz, pegando seu livro novamente.
Eu o arranco de suas mãos em um movimento rápido. Ela se lança para a frente, mas eu o mantenho fora de alcance.
“Devolva isso!”
“Homem meio nu pode esperar,” digo, vendo a capa novamente. “Sabe o que eu acho? Acho que você não é nem de longe tão importante para essa ‘rebelião’ quanto quer que todos acreditem.”
Seu rosto cora. “Você não sabe nada.”
“Então me eduque, Princesa. O que exatamente uma fada adolescente traz para uma revolução? Além de atitude e péssimas escolhas de moda?”
Ela puxa uma das correntes penduradas no cinto. “Eu já te disse. Sou uma ligação. Eu carrego mensagens. Ajudo a coordenar—”
“Besteira,” interrompo. “Você não coordena nada. Você é uma mensageira. Uma garota de recados.”
Suas narinas se dilatam. “Eu não sou—”
“Eles estão te usando.” Eu me recosto na cadeira, cruzando as pernas. “Provavelmente porque ninguém suspeitaria que a filha do Príncipe Herdeiro está trabalhando contra o governo. Essa é a única razão pela qual eles te mantêm por perto.” Eu não faço ideia do que estou dizendo; são só palavras vomitadas. Estou apenas prestando atenção à sua linguagem corporal.
“Isso não é verdade!” Sua voz se eleva. “Estou com a Rebelião desde o início! Desde antes da maioria dos humanos sequer saber o que estava acontecendo!”
Agora estamos chegando a algum lugar.
“Que conveniente que você estava lá ‘desde o começo,'” eu faço aspas no ar. “Deixe-me adivinhar—eles te abordaram? Fizeram você se sentir especial? Como se tivesse sido escolhida?”
Seu silêncio me diz tudo.
“Que coincidência que a Rebelião justamente recrutou a realeza.” Eu bato o dedo contra o queixo. “Diga-me, seu pai sabe onde você está? Ou você é apenas mais uma fugitiva que a Rebelião está usando como peão?”
As mãos de Pellonia se fecham em punhos. “Meu pai é a razão pela qual me juntei! Ele foi comprometido. A corte inteira foi comprometida.”
“Pela Nova Ordem?”
“Sim! Eles se infiltraram em todos os lugares—governos humanos, comunidades sobrenaturais, até a Corte Fada. Meu pai nem percebe que está sendo manipulado.” Sua voz se quebra. “Eles substituíram seus conselheiros um por um. Qualquer um que os questionasse, desaparecia.”
Seus olhos brilham com lágrimas não derramadas e, apesar de mim mesma, sinto uma pontada de simpatia.
“A Rebelião me encontrou,” ela continua, agora em voz mais baixa. “Eles também têm pessoas em todos os lugares. Eles viram o que estava acontecendo e me abordaram em um evento real. Disseram que precisavam de alguém por dentro.”
“Quem exatamente é ‘eles’?”
“A liderança? Eu nunca os conheci. Temos células, por segurança. Pequenos grupos que não sabem uns dos outros.” Ela hesita. “Meu contato se chama Corvus. Ele coordena nossa região.”
“E quão grande é essa poderosa rebelião?” Eu me inclino para a frente com um sorriso sarcástico. “Aposto que são apenas dez de vocês, não são? Todos fingindo ser heróis porque estão entediados.”
“Milhares.” Ela ergue o queixo com orgulho. “Por todo o país. Humanos, transformistas, vampiros, fae. Todos que veem a verdade sobre a Nova Ordem.”